A governadora Fátima Bezerra (PT) reagiu neste sábado (23) ao vídeo da reunião ministerial de 22 de abril divulgado na sexta-feira após autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello em razão de um inquérito que apura a tentativa de interferência do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) na Polícia Federal.
A denúncia foi feita pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, que participou do encontro entre o presidente e os ministros quando ainda estava no cargo. Moro afirmou, em depoimento a PF, que a postura de Bolsonaro naquela reunião comprovaria o desejo do presidente em intervir no órgão.
Questionada pela agência Saiba Mais sobre que avaliação fazia do vídeo, a governadora do Rio Grande do Norte disse não reconhecer o Brasil naquela reunião:
– Aquilo não é o Brasil. É estarrecedor, deprimente, lamentável. Palavras chulas, ataques, ameaças. Um ministro da Educação como esse, atacando o Supremo Tribunal Federal (Abrahm Weintraub disse que, por ele, mandava os ministros do STF para a cadeia), falando em prender ministros. Fiquei estarrecida com tanta falta de respeito. O Brasil não é aquilo”, disse.
Durante a reunião ministerial, Bolsonaro e alguns ministros atacaram os governadores dos estados. O presidente chegou a se referir diretamente a João Dória (SP), a quem chamou de “bosta”, e a Wilson Witzel (RJ), chamado de “estrume”. Os dois são hoje desafetos declarados de Bolsonaro.
Além do presidente, a ministra Damares Alves, responsável pela pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, também atacou os governadores e prefeitos. Sem citar nomes e falando de forma genérica, ela ameaçou pedir a prisão dos gestores estaduais e municipais:
– Nosso ministério vai começar a pegar pesado com governadores e prefeitos. Nunca vimos o que está acontecendo hoje. Nós estamos fazendo um enfrentamento, mais de cinco procedimentos o nosso ministério já tomou iniciativa e nós estamos pedindo inclusive a prisão de alguns governadores”, ameaçou a ministra, fazendo referência a casos em que cidadãos que descumpriam medidas restritivas nos Estados chegaram a ser presos.
A governadora lamentou a postura da ministra justamente por ocupar a pasta de Direitos Humanos. Indagada sobre o que mais a chocou na reunião, Fátima Bezerra destacou a falta de postura dos participantes do encontro:
– O que mais me chocou foi a vulgaridade, a falta de respeito, a falta de republicanismo também em relação aos demais Poderes, que deve reger a liturgia do cargo de presidente da República no Governo Federal”, ressaltou.
Clima
Os governadores e o presidente Jair Bolsonaro se encontraram uma única vez após a polêmica reunião. O encontro ocorreu na quinta-feira (21), por videoconferência, para discutir o projeto de socorro financeiro aos Estados e municípios que aguarda a sanção presidencial. Como o vídeo não havia sido divulgado ainda, os governadores não sabiam dos ataques e ameaças ditas por Bolsonaro e por parte dos ministros.
Questionada se o conteúdo da reunião poderia influenciar na relação daqui para frente, a governadora Fátima Bezerra afirmou que “os governadores continuarão trabalhando para vencer a pandemia”.
Repercussão
Vários governadores também se manifestaram a respeito da reunião ministerial do dia 22 de abril. Chamado de “estrume”, o governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel afirmou que a falta de respeito de Bolsonaro pelos demais Poderes atingiu a honra de todos:
Sinto na pele seu desapreço pela independência dos poderes. E espero que num futuro breve o povo brasileiro entenda que, do que ele me chama, é essencialmente como ele próprio se vê”, escreveu o governador no Twitter.
Já o governador de São Paulo João Dória afirmou que o ataque de Bolsonaro atingiu a democracia
O Brasil está atônito com o nível da reunião ministerial. Palavrões, ofensas e ataques a governadores, prefeitos, parlamentares e ministros do Supremo, demonstram descaso com a democracia, desprezo pela nação e agressões à institucionalidade da Presidência da República”, disse Doria no Twitter. “Lamentável exemplo em meio a maior crise de saúde da história do país e diante de milhares de vítimas”, completou
Governador do Maranhão, Flávio Dino classificou a reunião e a postura do presidente da República como uma “desmoralização”:
– Na forma e no conteúdo, a tal reunião ministerial revela um repertório inacreditável de crimes, quebras de decoro e infrações administrativas. Além de uma imensa desmoralização e perda de legitimidade desse tipo de gente no comando da nossa Nação”, disse.
Saiba Mais – Agência de Reportagem
A denúncia foi feita pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, que participou do encontro entre o presidente e os ministros quando ainda estava no cargo. Moro afirmou, em depoimento a PF, que a postura de Bolsonaro naquela reunião comprovaria o desejo do presidente em intervir no órgão.
Questionada pela agência Saiba Mais sobre que avaliação fazia do vídeo, a governadora do Rio Grande do Norte disse não reconhecer o Brasil naquela reunião:
– Aquilo não é o Brasil. É estarrecedor, deprimente, lamentável. Palavras chulas, ataques, ameaças. Um ministro da Educação como esse, atacando o Supremo Tribunal Federal (Abrahm Weintraub disse que, por ele, mandava os ministros do STF para a cadeia), falando em prender ministros. Fiquei estarrecida com tanta falta de respeito. O Brasil não é aquilo”, disse.
Durante a reunião ministerial, Bolsonaro e alguns ministros atacaram os governadores dos estados. O presidente chegou a se referir diretamente a João Dória (SP), a quem chamou de “bosta”, e a Wilson Witzel (RJ), chamado de “estrume”. Os dois são hoje desafetos declarados de Bolsonaro.
Além do presidente, a ministra Damares Alves, responsável pela pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, também atacou os governadores e prefeitos. Sem citar nomes e falando de forma genérica, ela ameaçou pedir a prisão dos gestores estaduais e municipais:
– Nosso ministério vai começar a pegar pesado com governadores e prefeitos. Nunca vimos o que está acontecendo hoje. Nós estamos fazendo um enfrentamento, mais de cinco procedimentos o nosso ministério já tomou iniciativa e nós estamos pedindo inclusive a prisão de alguns governadores”, ameaçou a ministra, fazendo referência a casos em que cidadãos que descumpriam medidas restritivas nos Estados chegaram a ser presos.
A governadora lamentou a postura da ministra justamente por ocupar a pasta de Direitos Humanos. Indagada sobre o que mais a chocou na reunião, Fátima Bezerra destacou a falta de postura dos participantes do encontro:
– O que mais me chocou foi a vulgaridade, a falta de respeito, a falta de republicanismo também em relação aos demais Poderes, que deve reger a liturgia do cargo de presidente da República no Governo Federal”, ressaltou.
Clima
Os governadores e o presidente Jair Bolsonaro se encontraram uma única vez após a polêmica reunião. O encontro ocorreu na quinta-feira (21), por videoconferência, para discutir o projeto de socorro financeiro aos Estados e municípios que aguarda a sanção presidencial. Como o vídeo não havia sido divulgado ainda, os governadores não sabiam dos ataques e ameaças ditas por Bolsonaro e por parte dos ministros.
Questionada se o conteúdo da reunião poderia influenciar na relação daqui para frente, a governadora Fátima Bezerra afirmou que “os governadores continuarão trabalhando para vencer a pandemia”.
Repercussão
Vários governadores também se manifestaram a respeito da reunião ministerial do dia 22 de abril. Chamado de “estrume”, o governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel afirmou que a falta de respeito de Bolsonaro pelos demais Poderes atingiu a honra de todos:
Sinto na pele seu desapreço pela independência dos poderes. E espero que num futuro breve o povo brasileiro entenda que, do que ele me chama, é essencialmente como ele próprio se vê”, escreveu o governador no Twitter.
Já o governador de São Paulo João Dória afirmou que o ataque de Bolsonaro atingiu a democracia
O Brasil está atônito com o nível da reunião ministerial. Palavrões, ofensas e ataques a governadores, prefeitos, parlamentares e ministros do Supremo, demonstram descaso com a democracia, desprezo pela nação e agressões à institucionalidade da Presidência da República”, disse Doria no Twitter. “Lamentável exemplo em meio a maior crise de saúde da história do país e diante de milhares de vítimas”, completou
Governador do Maranhão, Flávio Dino classificou a reunião e a postura do presidente da República como uma “desmoralização”:
– Na forma e no conteúdo, a tal reunião ministerial revela um repertório inacreditável de crimes, quebras de decoro e infrações administrativas. Além de uma imensa desmoralização e perda de legitimidade desse tipo de gente no comando da nossa Nação”, disse.
Saiba Mais – Agência de Reportagem
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