Segundo apuração da reportagem nas últimas semanas, os seguintes senadores deixarão os cargos pela metade caso consigam se eleger: Acir Gurgacz (PDT-RO), Antonio Anastasia (PSDB-MG), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Elmano Férrer (Podemos-PI), Fátima Bezerra (PT-RN), Gladson Cameli (PP-AC), José Maranhão (MDB-PB), Omar Aziz (PSD-AM), Paulo Rocha (PT-PA), Roberto Rocha (PSDB-MA), Romário (Podemos-RJ), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Rose de Freitas (Podemos-ES) e Wellington Fagundes (PR-MT).
Todos os postulantes a governo estadual, aliás, são de primeiro mandato no Senado. Mas alguns têm experiência na Câmara, como Caiado, Fátima Bezerra, Rose de Freitas e Romário. O ex-jogador de futebol, a propósito, chegou a consultar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a hipótese,
já rejeitada, de um mandatário do Senado interromper seu mandato de oito anos, na metade, para concorrer ao mesmo posto. O senador
negou que ideia era permitir ao seu primeiro suplente, João Batista da Rocha Lemos, assumir a cadeira na Casa e exercer a função pelos próximos quatro anos.
Dois dos seis senadores do agora denominado Progressistas – mudança que alguns parlamentares atribuem à coincidência sonora entre PT e PP – tentarão os governos estaduais: Pesa sobre o partido o fato de liderar a lista de membros enrolados com investigações da Lava Jato – o que lhe deu o apelido de “Partido do Petrolão” nas redes sociais e em círculos do poder em Brasília.
O próprio presidente do PP é um dos alvos da Polícia Federal e do Ministério Público Federal: em 24 de abril, gabinetes e residências do senador e do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) foram alvos de mandados de busca e apreensão da PF. No dia seguinte, revelou-se que R$ 200 mil em espécie foram encontrados na casa de Ciro.
Sub judice
Imbróglios judiciais também têm atormentado a vida do PDT, que tem três senadores em exercício. Com mandato até 2023, o senador Acir Gurgacz (RO) não poderá disputar eleições em 2018, embora possa se manter no cargo. No final de fevereiro passado, ele foi condenado por crime contra o sistema nacional a quatro anos e seis meses de prisão em regime semiaberto, além de perda dos direitos políticos.
Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o senador fraudou procedimentos para obter financiamento junto ao Banco da Amazônia entre 2003 e 2004. Cabe à Mesa Diretora do Senado decidir sobre a situação do senador, que não parece ter se intimidado com a Justiça e já anunciou que disputará o governo de Rondônia, mesmo se tiver que fazê-lo na condição sub judice.
Outro enrolado com a Justiça, embora não tenha sido condenado, Antonio Anastasia terá um peso extra a lhe incomodar durante a campanha: a relação de longa parceria com o correligionário
Aécio Neves (MG), de quem foi vice-governador em Minas Gerais. Nos bastidores do tucanato, Anastasia e outros tucanos tentam descolar a imagem da de Aécio, um dos principais alvos da Operação Lava Jato, situação que causa constrangimento no partido. Ontem (sábado, 28), dia de confirmar Anastasia como candidato do PSDB ao governo mineiro,
Aécio não esteve presente.
Céu de brigadeiro
Entre os senadores com mandato até 2023, quem tem a vida mais tranquila na corrida eleitoral é Ronaldo Caiado (DEM-GO). Além de não constar da lista de
senadores investigados ou processados, material sazonalmente atualizado pelo Congresso em Foco, Caiado lidera as pesquisas de intenção de voto no estado.
Outra sem pendência judicial e com bom desempenho em pesquisas eleitorais é Fátima Bezerra. Com mandato destacado pela bandeira da educação, a senadora também lidera as pesquisas de intenção de voto no Rio de Grande Norte, com boa margem de distância em relação ao segundo colocado, o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT).
Regras a favor
Segundo
levantamento exclusivo feito por este site e publicado em 21 de julho, o cenário eleitoral é propício para a reeleição desses senadores em meio de mandato. O material mostrou que o pleito deste ano terão o maior número de candidatos à reeleição desde a redemocratização, e não por acaso.
Como admitem várias lideranças partidárias, o elevado número de aspirantes a um novo mandato no Congresso está relacionado com as facilidades que as regras eleitorais conferem aos atuais parlamentares. O tempo de campanha foi reduzido de 90 para 45 dias, beneficiando políticos já conhecidos e dificultando as chances de êxito de novos candidatos. Os congressistas também são ajudados pelos bilionários recursos colocados à disposição dos partidos políticos por meios dos fundos eleitoral e partidário.
Outra mudança que favorece a recandidatura foi a redução da janela para a troca de partido, que passou de um ano para seis meses. Na prática, legendas fizeram um leilão por filiações até o início de abril. Diversos parlamentares receberam o compromisso de receber volumes generosos de recursos públicos para bancar a campanha. Esse tipo de vantagem pode ser decisiva em uma eleição em que está o proibido o financiamento empresarial.
Além disso, só por estar no exercício do mandato, o candidato à reeleição já larga na frente dos demais. Pelos seguintes motivos: tem o nome em evidência, possui bases eleitorais consolidadas, cabos eleitorais fidelizados e recursos e meios para angariar apoio. Entre eles, emendas individuais, no valor de R$ 14,7 milhões por ano; verba para cobrir despesas do mandato; R$ 78 mil mensais para contratar pessoal em Brasília ou no estado de origem; e outros recursos que alcançam
perto de R$ 2 milhões por ano.
Fonte: Congresso em Foco