Brasília - A capital federal e outras cidades do Brasil tiveram hoje
(23) protestos simultâneos pedindo o afastamento do presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Os movimentos têm em comum o fato de
terem sido articulados via redes sociais. Em Brasília, cerca de 60
pessoas marcharam do Museu da República até o gramado do Congresso
Nacional levando cartazes e faixas e gritando palavras de ordem.
Para o analista de sistemas brasiliense Rogério Salvia, 33 anos, um dos
organizadores da manifestação e integrante do Movimento Contra a
Corrupção do Distrito Federal, o quórum foi pequeno, mas demonstra que,
aos poucos, os cidadãos estão abandonando o chamado "ativismo de sofá",
expressão utilizada para se referir a quem só protesta pela internet. "A
coisa está mudando, o pessoal está começando a sair do conforto de suas
casas", opina.
![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_vapYP9edpqjlv4ilt7Gs35YreAiq3C15OiyXbgOuhltksrBI27oEkXwIh0NaEOGg2gWZeLHyjcMAm0NG781D3J5Jf8bN72teUg4-2KFOcQlA-l3N87Bq-j-XDToSzFCnRLHCpOEBWM9hRBdYPbOHjrSegZfyBpShRdZHPz4uhkweZJeIzFF8ImYxawWMGiiJOz-_Qs3kdU7evusDSm0CpPyBhOG3bwpWjc51eTy_xqqF-z=s0-d)
De
acordo com as convocações divulgadas pela internet, além de Brasília,
eventos semelhantes foram programados para São Paulo, Rio de Janeiro,
Curitiba, Recife, Fortaleza, Goiânia, Lins (SP) e Ribeirão Preto (SP).
Para amanhã (24), os internautas brasileiros estão sendo chamados a
participar de mais protestos contra Renan Calheiros, a partir das 11h,
em cidades brasileiras e também em capitais do exterior, entre elas,
Lisboa, em Portugal, e Dublin, na Irlanda.
"Nos conhecemos pelas redes sociais e tudo é articulado pela
internet. Na nossa última manifestação [contra Renan Calheiros], em 9 de
fevereiro, reunimos só 25 pessoas. Hoje deu muito mais gente",
comemorou Rogério Salvia. Ele reconhece que a adesão virtual às causas
costuma ser maior do que o comparecimento real. "Virtualmente, sempre
tem mais gente", admite. Segundo Salvia, as manifestações pela saída de
Renan Calheiros são apartidárias e não envolvem interesses políticos.
"[O protesto] não é contra a pessoa de Renan Calheiros. O que a gente
quer é que a presidência do Senado seja ocupada por alguém que tenha a
ficha limpa. Não ele, que inclusive responde a processo por peculato",
afirma.
![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_uaafjOwSuGVCb8gsNDvN6Ghorcvbabu2fwlgbLWl-uyN_0hV92L_2T7kWXA3V94t-oyD55fEq1gmyQcw1W3-P6ZtCHK2BYl4WmnMAmbq99u4OruW2ROSw5NS7teKPqorKhBUh5rm6Uut0MjL3JcsPplVBm5ughZVPdpZbiGQHfpAu_IzhArm1YLsdAKp3OrN048V32ASgPP7GX2EF4vd52VsJRyr3_pKIgztHXUe7OT8GD=s0-d)
Para
a professora Maria Márcia Silva, 39 anos, moradora de Planaltina de
Goiás, cidade a cerca de 50 quilômetros de Brasília, a pressão popular
pode influenciar em decisões futuras. "Participo de várias manifestações
contra a corrupção. Nós estamos em conexão via internet com todo o
país. Acho que o Brasil está começando a entender que, para mudar,
precisa mobilizar", disse ela que, em sua cidade, participa do movimento
Planaltina Limpa Contra a Corrupção.
As estudantes de 17 anos Isabela Nascimento Ewerton e Sthefany Alves
Marques ficaram sabendo do protesto em Brasília por meio da internet e
do grupo anticorrupção Juntos por Outro Futuro, do qual fazem parte. "[A
mobilização] é uma coisa gradativa, a consciência não vem do nada.
Quanto mais você participa, mais consciente se torna", opina Isabela.
Além da organização de protestos, a mobilização para a saída do
presidente do Senado incluiu a coleta de assinaturas pela organização
não governamental Avaaz, que organiza petições pela internet.
![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_v1TNTHxzq3QFcEZFfHtNxhbDgDb8XR8ckFssartU7Uo5jDjYXMlvdqrMO6P-NuKlhJ2TTI5kfd86Rm6FNXiwdDuyjbqo1r5jKb84nGh_EtanKOe0kaAWCVxaFvGmM_9ssdbRElpgkg0Q6QihtAeI9kCRl_Fl-EroHuF3MnFFWDHQ1DdSOS28dFpnNg5GikJ7ggUqrAOuW-f2e6mt3PR6LkgqTVT_KUBO3e5lGwWCzUe_s8=s0-d)
Na última semana, participantes de diversos movimentos anticorrupção organizaram um ato para
entrega de um abaixo-assinado firmado por 1,6 milhão de pessoas
a um grupo de seis senadores. A intenção era reunir o número de
assinaturas necessário a um projeto de lei de iniciativa popular, ou
seja, o equivalente a 1% do eleitorado brasileiro, cerca de 1,4 milhão
de pessoas. No entanto, de acordo com a Secretaria da Mesa Diretora do
Senado, um processo para a cassação do presidente deve começar com uma
denúncia no Conselho de Ética da Casa e não com um projeto de lei.
Fonte: Agência Brasil