Aécio Neves fica em segundo plano no debate realizado ontem

São Paulo (AE) - A candidata do PSB, Marina Silva, e a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, protagonizaram ontem o principal embate do debate promovido pelo jornal Folha de S.Paulo, pelo portal UOL, pelo SBT e pela rádio Jovem Pan. Dilma e Marina, que na mais recente pesquisa Datafolha aparecem empatadas na liderança da disputa presidencial, ambas com 34% das intenções de voto, escolheram uma a outra como alvos preferenciais durante o evento. Enquanto a candidata do PSB insistiu em apontar o que chamou de erros da gestão Dilma na condução da política econômica do governo, a petista explorou o que considera contradições das propostas de Marina e a falta de sustentação política de seu grupo


O candidato do PSDB, Aécio Neves, tentou, a princípio, polarizar com a presidente, também mirando a gestão da economia, mas ficou em segundo plano. Apenas os nanicos Levy Fidelix (PRTB) e Luciana Genro (PSOL) dirigiriam perguntas ao tucano. Aécio fez uma referência explícita a Marina somente nas suas considerações finais, quando disse que ela “não consegue superar as contradições em seu projeto” de poder. 

Após o evento, ele atribuiu às regras do debate o fato de não ter dirigido perguntas à adversária do PSB. Em entrevistas, repetiu a expressão de que o Brasil não é “um país para amadores” e fez críticas diretas à ex-ministra. “A candidatura de Marina não consegue superar as suas incoerências, que são enormes.” Já no primeiro momento do debate, Dilma questionou a viabilidade de promessas feitas por Marina. A petista perguntou de onde a candidata do PSB tiraria os R$ 140 bilhões que, segundo cálculo da petista, seriam necessários para custear benefícios sociais como a antecipação de 10% do Produto Interno Bruto para a educação, o investimento de 10% da receita bruta da União para a saúde e o passe livre para estudantes de escola pública. 

Sem apontar as fontes dos recursos, Marina disse que firmou compromissos assumidos para que o Brasil volte a ter eficiência. “Quando é para subsidiar juros de banco, as pessoas não ficam preocupadas de onde vai sair o dinheiro”, afirmou Marina, que voltou a ser cobrada por Dilma: “A senhora falou e não respondeu de onde vem o dinheiro”, provocou a petista. “Vamos fazer com que nosso orçamento possa ser acrescido a partir da eficiência que teremos com relação aos tributos. A sociedade paga muito alto para que as escolhas sejam sempre feitas na direção errada”, reagiu Marina. 

Na oportunidade que teve para questionar Dilma, no terceiro bloco do debate, a candidata do PSB perguntou o que deu errado no governo da petista, já que o ela não teria cumprido os compromissos de fazer o País crescer, manter os juros baixos e controlar a inflação. Na resposta, a presidente preferiu falar sobre o que chamou de “contradição” da adversária. 

“Há uma contradição de uma política macroeconômica ligada a interesses de arrochar salários, aumentar tarifas e atender interesses. O cobertor é curto. Sem apoio político, sem discussão e sem negociação, a senhora não consegue aprovar os grandes programas do Brasil”, afirmou Dilma, que também tocou em outro tema polêmico da candidatura de Marina. “Eu apostei na governabilidade, nunca negociei os interesses do Brasil. Ganhei e perdi, mas sem apoio do Congresso Nacional, é impossível governar. Quem escolhe os bons é o povo brasileiro, por meio da eleição.”
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