Como o exemplo de Jesus Cristo explica a derrocada de Garibaldi e Agripino

Agripino e Garibaldi enfrentam o paradigma da mudança

Foi em 5 de agosto de 2010 que o instituto Consult lançou na órbita da política potiguar os números da corrida eleitoral daquele ano.

Na pesquisa estimulada, o senador Garibaldi Alves Filho despontava com 35,94%. Era seguido por Wilma de Faria, que acabara de deixar o governo, com 25,65% e José Agripino (18,65%).

Foi naquele ano que o quarto lugar nas pesquisas, Hugo Manso, então com 1,41%, cunhou uma manchete: a da que Garibaldi era um analfabeto político.

Abertas as urnas, Garibaldi sagrou-se senador com mais de um milhão de votos, um feito inédito. Hugo Manso recolheu-se ao silêncio, de onde, aliás, nunca mais saiu, e José Agripino também foi eleito.

Oito anos depois, as palavras de Hugo Manso vêm à tona quando se olha o desempenho do senador Garibaldi Filho na disputa de 2018.

É impossível afirmar que um homem de sua envergadura seja analfabeto político, mas a incapacidade para se adaptar aos tempos traz a declaração de Hugo à superfície da lembrança.

As transformações sociais e políticas da última década são o primeiro fator a considerar sobre as dificuldades de reeleição de Garibaldi. Nesse ponto, ele não está só, pois a rejeição não é a ele, mas a toda a classe política.

Isso explica porque, com a campanha batendo à porta, Garibaldi tem apenas 10,12% de intenções de votos segundo a última pesquisa Consult.

Sua eleição hoje é incerta, já que Zenaide Maia e Capitão Styvenson colaram com 9% e 8,76% respectivamente.

A questão a ser considerada é que Zenaide e Styvenson, mais esse que aquela, se vendem muito bem como figurantes de um espectro que Garibaldi não consegue incorporar: o da mudança. Os dois têm, portanto, grande potencial de crescimento, enquanto Garibaldi, por outro lado, figura com José Agripino entre os mais rejeitados, com patamares sempre acima de 20%.

O fenômeno segue uma regra universal segundo a qual a mudança no homem se dá de maneira lenta e sempre parte de pequenos grupos que são ouvidos e ignorados. Depois são ouvidos e conseguem mobilizar. Finalmente são ouvidos e conseguem transformar.

Vamos à Revolução Francesa: tudo começou com um pequeno grupo até a queda das Bastilha em 1789.

Para nacionalizar o exemplo: as jornadas de junho de 2013 começaram com um pequeno grupo gritando por vinte centavos, até mobilizar o Brasil todo. A mudança começa por poucos até atingir milhões

Vamos para um exemplo ainda mais universal: doze homens decidiram seguir um há dois mil anos e o impacto disso ainda é muito forte nos dias de hoje, com o cristianismo tendo ensinamentos vivos e dois bilhões de fiéis.

A mudança é inevitável quando entra em curso. Percebê-la e agir é o que faz a diferença.

Dentro do Rio Grande do Norte, esse processo esteve em andamento nos últimos tempos e se aprofundou em 2014, quando Wilma de Faria começou liderando as pesquisas para o Senado e perdeu. Depois, em 2016, quase não consegue se eleger para vereadora. Ali estava o ponto crítico da curva: havia o recado para a urgente mudança na posição de quem se sucede há anos no poder.

Mas os recados foram ignorados e outra lei universal sobreveio: aquela segundo a qual lhe será dado conforme o esforço que você fez para obter. Foi assim que chegamos ao ponto que dá a certeza que o processo em curso é de mudança sem volta, quando José Agripino anunciou que retirou sua candidatura ao Senado.

Ao plantar vento, Agripino colheu tempestade. Sua resistência e a de Garibaldi a manter o comportamento que foi vitorioso um dia rendeu o papel de oposição à mudança que se desenha. Por isso são rejeitados e por isso a figura de herói de Styvenso consegue vender tão bem, mas esse é um assunto para outra análise.
 
Fonte: Blog do BG, edição de hoje
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