Carlos Augusto derrota José Agripino em Mossoró e quer reeleição de Rosalba Ciarlini


Debate sobre rumo do DEM na eleição suplementar de Mossoró mostra divisão do partido e força da governadora

Publicado: 5 de abril de 2014

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A governadora Rosalba Ciarlini e o secretário Carlos Augusto Rosado deverão se encontrar nos próximos dias com o senador José Agripino para discutir o futuro do DEM no Estado e demover insatisfações geradas entre eles desde o início do governo. O racha no DEM pode ser identificado na eleição suplementar de Mossoró. O senador Agripino desautorizou a candidatura da prefeita cassada Claudia Regina (DEM). Em contraponto, a governadora Rosalba Ciarlini decidiu apoiar Claudia Regina, num claro posicionamento de confronto contra Agripino em Mossoró.
Pelo presidente nacional do DEM, os democratas mossoroenses apoiariam o palanque da deputada estadual Larissa Rosado (PSB). No entanto, o diretório do DEM mossoroense é presidido pelo ex-deputado Carlos Augusto Rosado, secretário chefe do Gabinete Civil do governo do Estado e marido da governadora Rosalba Ciarlini, o que limitou o poder de Agripino na definição do DEM mossoroense.
Se Claudia conseguir ser registrada como candidata a prefeita de Mossoró neste domingo, quando será realizada a convenção partidária do DEM, Carlos Augusto terá vencido Agripino e estará impondo a candidatura de Claudia contra a vontade do líder nacional do DEM. A grande questão no DEM seria saber, então, se o casal Rosalba e Carlos conseguirá derrotar José Agripino também em nível de estado, impondo a candidatura de Rosalba à reeleição.
Agripino prega prioridade à reeleição dos deputados federal Felipe Maia e estaduais Getúlio Rego, José Adécio e Leonardo Nogueira. Para ele, a candidatura de Rosalba à reeleição figura em segundo plano. A intenção de José Agripino, em verdade, é apoiar a candidatura do presidente da Câmara, Henrique Alves, a governador, e a candidatura da ex-governadora Wilma de Faria (PSB) para o Senado. Retribui, com isso, apoio recebido de Henrique como presidente da Câmara, e evita que Wilma, eleita senadora, dispute contra ele o Senado em 2018, quando ele e o ministro da Previdência, Garibaldi Filho, outro apoiador de Wilma, devem tentar a reeleição.
Já a governadora Rosalba, a essa altura, trabalharia fortemente para tentar se candidatar à reeleição. Trabalha, com isso, por algum futuro político – já que não restariam alternativas para ela, ela não disputará o Senado ou a Câmara dos Deputados, e se perder o mandato, ficará sem ao menos até 2016, quando haverá eleições municipais. Fim melancólico para quem teve carreira meteórica – prefeita de Mossoró três vezes, senadora da República, governadora do Estado.
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No meio rosalbista, a governadora é avaliada com reais chances de êxito se for para uma disputa pela reeleição, uma vez que dispõe da máquina administrativa e de tempo no horário gratuito de rádio e TV para prestar contas do atual mandato e tentar, assim, convencer os eleitores que o seu governo tem acertos e que os erros fazem parte de um complô dos adversários poderosos, que utilizam meios de comunicação e tentáculos sociais para prejudicar a sua imagem. Além disso, no o aspecto político, o casal Rosalba/Carlos Augusto reputaria como frágeis as candidaturas de Henrique e do vice-governador Robinson Faria, pré-candidato do PSD a governador do Estado. Nesse sentido, entrando na disputa contra eles, Rosalba espera ir com um dos dois para o segundo turno e vencer na última etapa.
No entanto, para esse projeto a governadora encontra resistência do próprio Agripino. O presidente nacional do DEM mantém distância do governo e já autorizou que indicados seus na administração Rosalba deixassem a pasta, como ocorreu recentemente com o secretário de Recursos Hídricos, Leonardo Rego, e com o diretor-presidente do Instituto de Pesos e Medidas (IPEM), Carlson Gomes. Além dessa sinalização de abandono político em relação ao governo que ajudou a eleger, Agripino avança no rompimento total com Rosalba e Carlos Augusto, inflamando negativamente uma amizade que perdura há 40 anos.
Foi em nome dessa amizade, por exemplo, que Rosalba e Carlos Augusto deixaram de fazer parte da base de apoio da presidente Dilma, “comendo o pão que o diabo amassou”, para “não abandonar Agripino justo no momento em que ele assumia a presidência nacional do DEM”, dizem fontes ligadas ao governo. Para Agripino, a lógica que prevalece é outra. Com poucas chances eleitorais – em tese -, abandonado pela classe política e rejeitado por setores significativos da sociedade, o governo Rosalba deve ser sepultado. Para tanto, ele autorizou uma reunião da executiva do DEM para definir o futuro do partido no estado. Já está posto que o DEM está rachado e com duas teses a serem escolhidas: priorizar a chapa proporcional ou lançar Rosalba à reeleição. Chegou a hora de decisão.
Se o DEM definir pela prioridade à proporcional, o partido deverá compor aliança com Henrique e Wilma, formalizando aliança com alguns dos partidos que compõem este palanque na disputa pela Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa. Em entrevista recente, Agripino fez o que poucos acreditavam até então: defendeu o nome de Henrique para governador – em vez do de Rosalba, que é do seu partido, e considerou “natural” apoiar a arquirrival política do governo Rosalba: a ex-governadora Wilma de Faria para o Senado. As declarações de Agripino geraram mal estar entre os acólitos da governadora Rosalba, que se sentiu decepcionada e isolada pelo presidente nacional do DEM.
O senador José Agripino afastou-se da governadora e correligionária histórica, passando a tratá-la com indiferença, mesmo mantendo algumas indicações no governo, como é o caso do secretário Esdras Alves. Da mesma forma, a governadora não procurou mais o senador para conversar sobre os problemas do partido nem tampouco da administração estadual. Uma fonte do DEM assegurou na manhã de hoje que a governadora terá uma conversa com o senador nos próximos dias buscando uma conciliação. “Os dois estão amuados”, disse a fonte.
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Delegados do DEM definirão futuro político da governadora
A estrada de martírio e autoflagelo do DEM deverá ser longa. Além de reunir a executiva, que avaliará a possibilidade de candidatura de Rosalba à reeleição, o partido, se permanecer rachado, deverá decidir seu futuro nas convenções partidárias, em junho deste ano. O primeiro embate entre as duas correntes (Rosalba/Carlos Augusto versus José Agripino) será durante uma reunião da executiva estadual do DEM, com data a ser confirmada nos próximos dias. Neste confronto, Agripino levaria vantagem por contar com a maioria dos integrantes em seu apoio. O segundo embate seria nas convenções, onde mais de 150 delegados do DEM, oriundos de todos os municípios, terão direito a voto. Neste choque, se houver, a governadora Rosalba levaria vantagem. As notícias dão conta de que Carlos Augusto já teria articulado com diversos delegados o apoio ao projeto de reeleição de Rosalba. O jogo está sendo pesado.
Questionado sobre a situação do DEM no Estado, particularmente com relação ao restabelecimento de um convívio harmonioso entre Rosalba Ciarlini e José Agripino, o deputado Getúlio Rêgo, líder do DEM na Assembleia Legislativa, diz acreditar que os dois poderão caminhar unidos nas eleições deste ano. Ele lembra, no entanto, que a governadora encontra-se inelegível, mas poderá recuperar a condição de elegibilidade e ser candidata à reeleição. “Ela tem sim, a possibilidade de ser candidata”, disse o deputado, que é um dos mais próximos correligionários de Agripino. Ao referir-se à chapa proporcional, Getúlio Rêgo mostra-se tranquilo e confiante de que todos os parlamentares do DEM serão reeleitos.
EXECUTIVA
Fazem parte do bloco liderado pelo senador José Agripino na executiva estadual do DEM Anita Catalão Maia (esposa do senador), Diego Cavalcanti Medeiros (filho do ex-prefeito de Touros, Josemá França), Maria de Fátima Lapenda Mesquita (secretária do DEM) Raimundo Alves Maia Júnior (primo e assessor pessoal do senador) Getúlio Nunes do Rêgo (deputado estadual), Felipe Catalão Maia (filho e deputado federal), Leonardo Nogueira (deputado estadual), Geraldo Gomes de Oliveira (ex-prefeito de Currais Novos), Leonardo Nunes do Rêgo (ex-prefeito de Pau dos Ferros), Augusto Carlos Garcia de Viveiros (assessor e ex-deputado federal), Dinarte Vieira Diniz (liderança de Assu), José Bezerra de Araújo Júnior (ex-suplente de senador e empresário rural), Marcílio Monte Carrilho de Oliveira (ex-vereador) e João Augusto da Cunha Melo (ex-auxiliar do então prefeito e governador José Agripino e atual assessor da governadora Rosalba Ciarlini).
Do sistema político liderado pela governadora Rosalba Ciarlini fazem parte os seguintes integrantes da Executiva Estadual do DEM: José Adécio Costa (deputado estadual), Ney Lopes de Souza (ex-deputado federal) e Ruth Ciarlini (irmã da governadora). O deputado Betinho Rosado (cunhado de Rosalba Ciarlini), pertencia ao DEM e integrava a Executiva Estadual, mas deixou o partido por divergências com Agripino e filiou-se ao PP.
Fonte: O Jornal de Hoje
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