Ele passou mal durante uma viagem de avião para Uberlândia, onde narraria Atlético-MG e Corinthians pela primeira rodada do Brasileirão
O narrador Luciano do Valle, 70 anos, morreu neste sábado. Ele passou mal durante uma viagem de avião para Uberlândia, onde narraria Atlético-MG e Corinthians pela primeira rodada do Brasileirão. Ainda não se sabe as causas de sua morte.
Luciano marcou época na televisão brasileira desde a década de 70 e era o principal narrador da Band, onde teve duas passagens, de 1983 a 2003 e depois de 2006 até os dias de hoje. Transformou a emissora em Canal do Esporte. Além de se especializar na narração do futebol, foi um dos principais divulgadores dos esportes olímpicos. Narrou boxe, onde lançou Maguila. Também foi ícone da geração de prata do vôlei masculino na década de 80. Sua importância foi tão grande que ganhou o apelido de Luciano do Vôlei. No basquete, deu apelido de Magic Paula e Rainha Hortência, quando o time feminino conquistou o Mundial no início dos anos 90.
Apresentou ao Brasil a Fórmula Indy e também foi técnico e criador da Seleção Brasileira Masters de Futebol, que contava com ídolos e amigos como Rivelino, Edu e Dario.
Luciano se preparava para narrar a Copa do Mundo no Brasil e acreditava em mais um título da seleção brasileira. Otimista por natureza, também confiava na organização para o Mundial e acreditava em uma evolução do país depois de receber o maior evento do futebol.
Também não pensava em aposentadoria. Em 2012, chegou a se afastar das suas funções devido a um problema de saúde, mas se dizia entusiasmado com os próximos eventos esportivos do Brasil.
A carreira
Luciano começou a carreira em 1963, com apenas 16 anos, como locutor da Rádio Brasil, de Campinas. Mudou-se para São Paulo quatro anos depois para trabalhar na Rádio Gazeta.
Ganhou destaque nacional em 1971, quando passou a narrar na Globo onde ficou por 11 anos. Além do futebol, narrou as conquistar de Emerson Fittipaldi na Indy, cobriu os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972. Dois anos mais tarde, com a saída de Geraldo José, tornou-se o principal locutor da Globo.
Deixou a emissora em 1982, teve passagem rápida pela Record e em 1983 começou sua trajetória na Band. Foi responsável pela criação do “Show do Esporte”.
Confira abaixo as palavras de Galvão Bueno sobre Luciano do Valle em entrevista à Band:
“Foi uma disputa sempre muito leal. Muito dura, mas leal. A luta pelos pontos de audiência nos tornou bons amigos. Quantas vezes falamos sobre dificuldades que a profissão nos traz. Aprendi muito com ele, trabalhamos juntos anos na Globo e a disputa leal continuou nos transformando em amigos. Digo uma coisa a você: para poder enfrentá-lo tive que me esforçar muito, me transformar em um melhor profissional, mais conhecedor de todos esportes que ele sempre transmitiu com competência, personalidade e emoção. É difícil. É raro na vida que a gente consegue reunir a família para passar a Páscoa, aí toca o telefone, a notícia chega, você liga a TV e escuta depoimentos de todos. Para dizer uma frase, digo a todos da Bandeirantes, que tenho carinho demais, onde comecei como narrador. Quantas vezes ia para a cabine dele antes dos jogos e quantas ele vinha na minha antes também? Quantas coisas boas falamos? Ele tentou ajudar outro quando um torcedor mais violento partia ao ataque pessoal. Só encontro uma frase: a televisão fica mais pobre a partir de hoje. Luciano do Valle é um marco, uma bandeira na transmissão esportiva brasileira e me orgulho em dizer que fui amigo dele por tantos anos. Aprendi com ele como acho que ele também aprendeu comigo umas vezes. Duro, difícil, ele morreu indo trabalhar. Indo abrir mais um Brasileiro. Lamento a morte de uma pessoa querida, muito próxima nesses quase 40 anos. Como será fazer a Copa sem ter ele passando a emoção aos milhões de telespectadores dele? Vai ser difícil e complicado, momento de muita emoção e difícil hoje. Como foi bom tê-lo como amigo, referência e concorrente nesses mais de 40 anos. Obrigado por me dar a oportunidade de falar na Bandeirantes e ter tempo para expressar a admiração que eu sentia por ele e poder dizer a falta que ele vai nos fazer. Insisto em repetir que a comunicação do País fica mais pobre a partir de hoje. Que ele lá de cima olhe por todos nós. Que Deus o receba e ficará sempre na memória de todos os esportistas”.
Fonte: O Jornal de Hoje
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