Após idas e vindas, a oposição à governadora Fátima Bezerra fechou na última semana a chapa completa que deve ser a principal adversária da petista na disputa pelo Governo do Rio Grande do Norte. A oposição reúne dois ex-integrantes do primeiro escalão da gestão Robinson Faria: o pré-candidato a governador Fábio Dantas (SD), que foi vice de Robinson, e Ivan Júnior (UB), pré-candidato a vice, que ocupou a secretaria de recursos hídricos nos dois últimos anos de governo.
Entre os dois, há histórico de filiação controversa, participação e rompimento com o Governo Robinson Faria e críticas a um “individualismo”. Fábio Dantas, hoje alçado à protagonista da oposição e adotado pelo bolsonarismo, que tem o ex-ministro Rogério Marinho (PL) na sua chapa como pré-candidato ao Senado, já vestiu a cor vermelha do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e do Partido Socialista Brasileiro (PSB).
Em setembro de 2013, enquanto ocupava o cargo de deputado estadual, ele deixou seu antigo partido, o PHS, para ir para o PCdoB. Em discurso durante o ato de filiação, exaltou a trajetória dos comunistas. “Meu primeiro sentimento é de reverência, reverência à história do Partido — a mais longa dentre todos os partidos políticos brasileiros”, disse à época.
O novo arranjo político permitiu que Dantas construísse a chapa que futuramente pretendia destronar Rosalba Ciarlini, que acumulava rejeição e desgaste à frente do Governo estadual. Em 2014, o agora pré-candidato a governador deixou de lado uma tentativa de reeleição à Assembleia para ser o vice de Robinson Faria, que na época era justamente o vice de Ciarlini e, rompido com a mossoroense, reunia uma nova oposição em torno de si.
De tão rejeitada, Rosalba sequer conseguiu a indicação do seu partido para concorrer mais uma vez. Com um espaço aberto e enfrentando Henrique Alves (MDB), Faria e Dantas se elegeram para conduzir o Rio Grande do Norte pelos próximos quatro anos — de 2014 a 2018. Entretanto, as desavenças entre os dois não demoraram a aparecer.
Em 2 de março de 2018, Fábio Dantas anunciou oficialmente seu rompimento com o Governo do RN, saindo também do PCdoB para o PSB. Sua tentativa, mais uma vez, era de reunir uma oposição ao antigo aliado e ser ele, o próprio Dantas, o nome da oposição naquele ano. Não deu certo, e o ex-comunista ficou de fora das disputas.
O rompimento veio em meio à crise vivida pelo Estado. Em abril de 2016, o Governo Robinson atrasou o pagamento dos salários pela primeira vez. O prejuízo atingiu aposentados, pensionistas e parte de servidores da ativa.
As dívidas o levaram a conviver com sucessivos protestos dos funcionários estaduais e greves, como dos professores da Uern. Em 2017, o Fórum dos Servidores Estaduais lançou uma carta em que denunciava os “sucessivos atrasos salariais e sucateamento da máquina pública”. Ao fim do mandato, a gestão deixou quatro folhas em atraso, relativas ao meses de novembro e dezembro de 2018 e aos décimos de 2017 e 2018.
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