Ministros entendem que o presidente, tirado da disputa pelo TSE, se vitimizaria e reforçaria o discurso de que eleição não pode ser realizada
Avaliação é a de que, apesar dos embates com o presidente e seus aliados, Moraes tem desenvoltura política suficiente para serenar os
A menos de 80 dias das eleições, ministros de tribunais superiores veem que o presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria fazendo uma série de movimentos cujo objetivo seria o de ‘forçar’ a Justiça Eleitoral a cassar o registro de sua candidatura à reeleição.
O encontro com embaixadores nesta segunda-feira (18) em que o mandatário do Palácio do Planalto voltou a colocar em dúvida a lisura do sistema eleitoral brasileiro foi lido como um dos gestos mais enfáticos no sentido de provocar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A avaliação desses ministros à CNN, em caráter reservado, é a de que Bolsonaro apostaria na tese de que o TSE pode o tirar da disputa para que ele consiga se vitimizar e reforçar o discurso de que eleição não pode ser realizada.
Há, no entanto, o entendimento de que a gestão de Alexandre de Moraes à frente do TSE, a partir de meados de agosto, estanque os movimentos de Bolsonaro. A avaliação é a de que, apesar dos embates com o presidente e seus aliados, Moraes tem desenvoltura política suficiente para serenar os ânimos.
A atuação de Moraes nos bastidores, principalmente na relação com os militares, é tida como crucial na tentativa de cessar os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral. Entre integrantes do Judiciário, o entendimento é de que o ministro possa até fazer um gesto às Forças Armadas, até acatando algumas das sugestões que foram apresentadas ao TSE.
Essa avaliação é compartilhada até mesmo entre aliados de Bolsonaro. Auxiliares do presidente com os quais a CNN conversou acreditam que, no comando do TSE, Moraes adotará perfil institucional que garanta a realização das eleições de forma pacífica.
Entre integrantes da Esplanada dos Ministérios, o entendimento é o de que o evento no Palácio do Alvorada foi um erro. Um ministro classificou à CNN, em caráter reservado, o encontro como “o pior dia do governo”.
A avaliação desse auxiliar é a de que o presidente poderia ter usado o encontro com embaixadores para reforçar a defesa da democracia e apresentar as propostas que podem aperfeiçoar o sistema eleitoral.
Essa ala do governo entende que o evento acabou acirrando ainda mais a relação com o TSE e, mesmo que Moraes esteja disposto a serenar o clima, o encontro não contribuiu. Uma parte dos auxiliares do Bolsonaro acredita que o melhor caminho, agora, é o do recolhimento e aconselharam o presidente a olhar para o eleitor que ainda não está na sua órbita — dedicando os próximos dias, por exemplo, a destacar as ações na economia.
Fonte: CNN
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