Lula e o então vice-presidente Michel Temer
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se mostrou apreensivo a políticos e assessores próximos dias antes da tentativa da então presidente Dilma Rousseff de nomeá-lo ministro da Casa Civil em março de 2016.
Reportagem publicada neste domingo (8) pelo jornal Folha de São Paulo em parceria com o site Intercept mostra conversas dos procuradores da Lava Jato no Paraná e o ex-juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, comentando o episódio.
Os membros da Lava Jato souberam antecipadamente da movimentação para que Lula fosse nomeado ministro por conta do grampo telefônico ao celular de Dilma.
Lula externou preocupação a sua assessora Clara Ant. "Diz que acabou de se foder. LILS diz que ficaram discutindo até meia-noite. LILS tem mais incerteza do que certeza. LILS diz que não tem como escapar 'dela'", declarou o agente que monitorava a escuta, se referindo a Lula pelas iniciais de seu nome completo.
De acordo com a Folha de São e o Intercept, o petista manifestou o mesmo desconforto ao seu advogado Cristiano Zanin Martins, ao ex-ministro Franklin Martins (Secretaria de Comunicação), ao presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, e a dois jornalistas.
Lula disse ao deputado José Guimarães (PT-CE), na época líder do governo na Câmara dos Deputados, que podia dialogar até com o então presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), que se declarou oposição à Dilma e articulava o impeachment da petista.
Ao então vice-presidente Michel Temer (MDB), Lula falou que queria alterar sua relação com o Palácio do Planalto. O emedebista já havia se afastado após atritos com Dilma.
"[Lula disse] Pede para preparar o uísque e o gelo", anotou o agente da PF, depois que eles [Lula e Temer] marcaram reunião no dia seguinte.
O ex-presidente também manifestou a Temer sua preocupação com as manifestações pró-impeachment. Uma multidão foram às ruas em São Paulo para demonstrar sua insatisfação com os políticos e seu apoio a Moro e à Lava Jato.
"Ninguém ganhou com a manifestação de domingo", disse Lula a Temer, de acordo com o monitoramento da PF. "Quem ganhou foi o combate à corrupção expressado na figura do MORO. Diz que esse combate à corrupção foi sempre um alimento para golpistas no mundo inteiro."
"Quem ganhou foi a negação da política", disse o petista. "A classe política tem que se unir para recuperar o seu espaço".
Em nota enviada ao jornal Folha de São Paulo, o Ministério da Justiça declarou: "o atual ministro teve conhecimento, à época, apenas dos diálogos selecionados pela autoridade policial e enviados à Justiça".
"Cabe à autoridade policial fazer a seleção dos diálogos relevantes do ponto de vista criminal e probatório", consta na declaração. "Diálogos que não envolvam ilícitos não são usualmente selecionados."
A Força Tarefa do Ministério Público Federal enviou posicionamento à Folha e disse que comunica a Procuradoria Geral da União interceptações envolvendo pessoas com foro privilegiado.
"Havendo áudio ou qualquer outra prova de conduta ilícita por parte de pessoas com prerrogativa de foro, a Procuradoria-Geral da República ou outra autoridade competente é comunicada, sem exceção".
"Não havendo indícios de crimes, os áudios são posteriormente descartados, conforme previsto na legislação, com a participação da defesa dos investigados", diz trecho da nota. "Neste contexto pode ter havido a captação fortuita de diálogos de eventuais outras pessoas não investigadas".
> Dallagnol rejeita convite da Câmara para explicar conversas com Moro
> Moro finge amnésia, afirma Greenwald ao Senado
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se mostrou apreensivo a políticos e assessores próximos dias antes da tentativa da então presidente Dilma Rousseff de nomeá-lo ministro da Casa Civil em março de 2016.
Reportagem publicada neste domingo (8) pelo jornal Folha de São Paulo em parceria com o site Intercept mostra conversas dos procuradores da Lava Jato no Paraná e o ex-juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, comentando o episódio.
Os membros da Lava Jato souberam antecipadamente da movimentação para que Lula fosse nomeado ministro por conta do grampo telefônico ao celular de Dilma.
Lula externou preocupação a sua assessora Clara Ant. "Diz que acabou de se foder. LILS diz que ficaram discutindo até meia-noite. LILS tem mais incerteza do que certeza. LILS diz que não tem como escapar 'dela'", declarou o agente que monitorava a escuta, se referindo a Lula pelas iniciais de seu nome completo.
De acordo com a Folha de São e o Intercept, o petista manifestou o mesmo desconforto ao seu advogado Cristiano Zanin Martins, ao ex-ministro Franklin Martins (Secretaria de Comunicação), ao presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, e a dois jornalistas.
Lula disse ao deputado José Guimarães (PT-CE), na época líder do governo na Câmara dos Deputados, que podia dialogar até com o então presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), que se declarou oposição à Dilma e articulava o impeachment da petista.
Ao então vice-presidente Michel Temer (MDB), Lula falou que queria alterar sua relação com o Palácio do Planalto. O emedebista já havia se afastado após atritos com Dilma.
"[Lula disse] Pede para preparar o uísque e o gelo", anotou o agente da PF, depois que eles [Lula e Temer] marcaram reunião no dia seguinte.
O ex-presidente também manifestou a Temer sua preocupação com as manifestações pró-impeachment. Uma multidão foram às ruas em São Paulo para demonstrar sua insatisfação com os políticos e seu apoio a Moro e à Lava Jato.
"Ninguém ganhou com a manifestação de domingo", disse Lula a Temer, de acordo com o monitoramento da PF. "Quem ganhou foi o combate à corrupção expressado na figura do MORO. Diz que esse combate à corrupção foi sempre um alimento para golpistas no mundo inteiro."
"Quem ganhou foi a negação da política", disse o petista. "A classe política tem que se unir para recuperar o seu espaço".
Em nota enviada ao jornal Folha de São Paulo, o Ministério da Justiça declarou: "o atual ministro teve conhecimento, à época, apenas dos diálogos selecionados pela autoridade policial e enviados à Justiça".
"Cabe à autoridade policial fazer a seleção dos diálogos relevantes do ponto de vista criminal e probatório", consta na declaração. "Diálogos que não envolvam ilícitos não são usualmente selecionados."
A Força Tarefa do Ministério Público Federal enviou posicionamento à Folha e disse que comunica a Procuradoria Geral da União interceptações envolvendo pessoas com foro privilegiado.
"Havendo áudio ou qualquer outra prova de conduta ilícita por parte de pessoas com prerrogativa de foro, a Procuradoria-Geral da República ou outra autoridade competente é comunicada, sem exceção".
"Não havendo indícios de crimes, os áudios são posteriormente descartados, conforme previsto na legislação, com a participação da defesa dos investigados", diz trecho da nota. "Neste contexto pode ter havido a captação fortuita de diálogos de eventuais outras pessoas não investigadas".
> Dallagnol rejeita convite da Câmara para explicar conversas com Moro
> Moro finge amnésia, afirma Greenwald ao Senado
Fonte: Congresso em Foco
0 Comments:
Postar um comentário