Governadora mantém favoritismo mesmo com cenário adverso (Foto: Raiane Miranda)
Por Daniel Menezes*
A cada pesquisa, uma certeza – a governadora Fátima Bezerra caminha para se consolidar vitoriosa. Fátima pegou um estado em grave crise fiscal, atravessou uma pandemia que, ao contrário do que foi espalhado – o texto é também sobre isto -, não recebeu uma quantidade de recurso superior do que de administrações anteriores e teve de empregar verbas próprias e enfrenta a imprensa mais oposicionista desde a redemocratização no RN.
A mídia local sempre foi afinada majoritariamente com os governos locais. Claro, um braço de oposição se fazia presente. Por exemplo: o grupo de comunicação de José Agripino contra Garibaldi ou contra Wilma de Faria. Só que tudo pendia a favor do gestão do momento pelo poder de atração de sua comunicação.
Com Fátima é diferente e a explicação está na correlação de forças. Enfrentando um engajamento ímpar da presidência contra um governo no RN, a lógica foi alterada. A máquina da União é infinitamente mais forte do que a do RN. Não tem comparação. Até quem é patrocinado pelo governo, abre espaço, pela proximidade maior com o bolsonarismo, para notícias em que a história contada pela metade leva a erro, aliás, um erro que produz uma avaliação errônea da ação estadual. O contraditório acaba não recebendo espaço semelhante.
Foi assim durante a pandemia nas terras de poti. O governo estadual foi quem mais abriu leitos por aqui, conforme o próprio ministério da saúde. No entanto, as mentiras se tornaram cotidianas. A sustentação da distribuição de remédios ineficazes gerou mortes – um crime coletivo que ninguém quer mais lembrar -, o desleixo federal era conhecido, mas foi protegido e até sustentado, enquanto Fátima era limada.
A petista enfrenta um noticiário negativo diário em que até a verdade é usada para tentar enfraquecê-la. Nenhuma nuance é ponderada. Se algo deu certo, ela não teve participação. Se deu errado, é tudo culpa dela.
Ter uma linha editorial de oposição é da democracia e há gente séria que fez esta escolha. Não tem como jogar todo mundo no mesmo pacote. Só que alguns veículos perderam a noção do limite e a relação entre fatos, desejos e objetivos.
O histrionismo bombou e segue bombando – apelidos, desrespeitos contra uma autoridade e piadinhas foram alçados a condição de opinião que merece ir à público sem freios. Pessoas sem currículo e, principalmente, sem conteúdo ganham todo o espaço se tiverem a coragem de atuar com base na arruaça e na simplificação grosseira. O RN já teve grandes articulistas e ainda tem. Mas uma parte se aposentou e outra foi invisibilisada pelas suas qualidades e pontos de vista. Opinião virou selva.
As pesquisas estão demonstrando que nada disso está funcionando. Na prática, quem enveredou por tal caminho gastou a credibilidade e se encontra agora com a marca na testa da parcialidade. Pela falta de sutileza, pela carência de se amparar na realidade, perdeu a capacidade de exercer influência no debate público estadual.
Se continuar assim, um grupo vai sair menor do que entrou em 2019. Restará claro que alardeia uma força que não tem.
*É sociólogo e editor do Blog O Potiguar.
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