A prefeita Fafá Rosado (DEM) pela primeira vez apresenta uma mudança de tom nas palavras quando o assunto é a possibilidade de ela renunciar em favor da vice-prefeita Ruth Ciarlini (DEM).
Questionada pela reportagem do jornal O Mossoroense, durante almoço oferecido pelo vereador Chico da Prefeitura, se ela renunciaria como forma de garantir a unidade do grupo governista, Fafá afirmou que não pode fazer uma análise de algo que ainda não aconteceu. "Não podemos dar uma opinião nesse sentido porque se a coisa não aconteceu, a gente não pode nem pensar. A gente só pode pensar quando a coisa acontece. Como não aconteceu, meu desejo é trabalhar", destacou.
Sobre as conversas com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e o marido dela, Carlos Augusto Rosado, Fafá disse que o tema renúncia nunca chegou a ser abordado. "Nunca foi conversado esse assunto. Nós conversamos mais sobre administração e um pouco de política. Esse assunto nunca foi tratado nem pelo ex-deputado Carlos Augusto nem pela nossa governadora Rosalba Ciarlini", destacou.
A prefeita também analisou as posições divergentes dos advogados Erick Pereira e Paulo de Tarso Fernades a respeito das condições de elegibilidade de Ruth Ciarlini em caso de renúncia: "É um caso complexo. Também vi a opinião do jurista Erick Pereira e também a de Paulo de Tarso, mas meu pensamento como prefeita de Mossoró é continuar trabalhando até o último dia da nossa administração, como estou procurando trabalhar cada vez mais pelo povo de Mossoró".
Declarações de Paulo de Tarso Fernandes indicam reaproximação com governadora e Carlos Augusto Rosado
A entrevista ao jornal rosalbista também mostra a reaproximação entre Paulo de Tarso e o casal Carlos Augusto Rosado/governadora Rosalba Ciarlini. Eles estavam afastados desde que o advogado pediu exoneração do cargo de secretário-chefe do Gabinete Civil do Governo do Estado.
Na época, Paulo chegou a denunciar algumas mazelas da atual administração como a interferência de Carlos Augusto na administração da esposa. Após a repercussão do caso, Paulo recuou e alegou estar alcoolizado quando proferiu informações como a que dava conta de que Rosalba despachava em casa para permitir que Carlos opinasse em tudo.
Na entrevista de domingo, Paulo de Tarso falou como advogado do rosalbismo, função que desempenhou por muitos anos. Numa das declarações ele sugeriu que pode vir a ter um embate nos tribunais com Erick Pereira, que deu declarações de que Ruth Ciarlini estaria impedida de ser candidata em qualquer hipótese.
Rosalbismo tenta mostrar que há elegibilidade de Ruth
Após o jornal O Mossoroense publicar, com exclusividade, declarações do advogado Erick Pereira dando conta de que mesmo com a renúncia da prefeita Fafá Rosado (DEM), a vice-prefeita Ruth Ciarlini (DEM) continuaria inelegível para qualquer cargo nas eleições de 2012, o rosalbismo preparou uma reação para mostrar o contrário.
Para mostrar que a vice-prefeita tem sim condições jurídicas de ser candidata em 2012, foi usada a entrevista de outra autoridade da área jurídica no Rio Grande do Norte: Paulo de Tarso Fernandes. O veículo para publicar a entrevista foi um jornal de profundas ligações com o rosalbismo.
Segundo Paulo de Tarso, Ruth pode ser candidata desde que Fafá renuncie até seis meses antes do pleito de 2012, ou seja, em 7 de abril vindouro. No entanto, ele faz a ressalva de que a atitude pode ser questionada na Justiça. Possibilidade que não resultaria, na opinião dele, em cassação de mandato, mas teria efeitos políticos.
A medida também tem sentido de dar um ultimato à chefe do Executivo municipal ao estabelecer um prazo para que ela abra mão do cargo para o qual foi eleita para quatro anos de mandato.
Outra demonstração simbolizada na entrevista de Paulo de Tarso Fernandes é a de que o líder do rosalbismo, ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado, está se articulando nos bastidores para fazer da cunhada a candidata do DEM nas eleições do próximo ano.
Outro fato que chama atenção é que a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) segue em aberto desde setembro, quando Alcimar Torquato se aposentou. Nos bastidores a informação dominante é a de que a vaga está guardada para Fafá desde que ela renuncie.
A medida também possui insegurança jurídica. O Ministério Público já avisou que se detectar qualquer "jogada" política envolvendo o cargo contestará na Justiça. Para Paulo de Tarso, a nomeação de um conselheiro é uma questão política. Ele também evitou opinar a respeito de Fafá ter ou não ter condições políticas para assumir o cargo no TCE.
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