LDB/96 RESPALDA: Professora da rede estadual discute sobre direitos humanos em sala de aula




Não dá para pensar a prática docente e a sala de aula sem se preocupar com o aluno, sem se colocar no lugar deste aluno”. É assim que a professora Edkalb Mariz responde ao ser questionada sobre a sua prática escolar em ensinar e reforçar com os alunos a importância dos direitos humanos. Baseada em uma política de empatia em sala de aula, a professora de história há 7 anos prepara os estudantes da rede estadual à serem, não apenas destacados profissionais e acadêmicos, como também, em se tornarem bons cidadãos.

Professora da rede estadual de ensino desde 2012, atualmente leciona no Centro de Educação de Jovens e Adultos Senador Guerra, em Caicó, Seridó do Rio Grande do Norte. A docente explica para os estudantes as noções básicas sobre direitos humanos, com foco no combate ao racismo.

O Brasil é um dos países que mais mata a juventude negra no mundo e combate à essa violência é o primeiro passo para diminuição de dados tão alarmantes. Segundo o Atlas da Violência 2019, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 75,5% das vítimas de homicídio no Brasil em 2017 eram negras. Em dez anos, a taxa de homicídios de negros cresceu 33,1%, enquanto a taxa entre os não negros cresceu apenas 3,3%.

Analisando esses dados, é fácil chegar à conclusão que o racismo ainda existe e que as consequências dele na sociedade brasileira são graves. A docente Edkalb Mariz, explica que esse racismo implica diretamente na vida de seus alunos. “Como professora de rede pública, há anos eu venho percebendo o quanto o racismo, que é tão forte no nosso país, reflete no nosso aluno”, comenta.

Ser professor vai além de aplicar o conhecimento em sala de aula. É necessário estimular o pensamento crítico e frisar a importância da pluralidade de ideias e Edkalb Mariz ensina diariamente aos seus alunos de que forma é necessário discutir sobre a identidade e preservá-la é extremamente importante no contexto social. “Me sinto como alguém que realmente está exercendo uma prática docente significativa, por permitir que o discurso do outro, e da diversidade como um todo, possa ser pauta do crescimento humano e coletivo de seus alunos, proporcionando reflexão e novas posturas, atitudes e interpretações da singularidade que cada um carrega, construindo identidades que dão cores e formas a nossa sociedade”, afirma a professora.

Pensando em identificar as raízes do racismo no Brasil e como ele se propaga na sociedade, a professora desenvolveu o projeto “Café com história – Um diálogo entre a história e a literatura: existe racismo no Brasil?”, que explorou de obras literárias até debates em que os estudantes expuseram as suas ideias e conclusões sobre a existência do preconceito racial na sociedade brasileira.

Os artigos I e III da Declaração Universal dos Direitos Humanos, explicam sobre todos os seres humanos nascerem livres e iguais em dignidade e direitos, como também, que todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. A Declaração, assinada em 1948, institui uma série de direitos e liberdades fundamentais, individuais e coletivas, em que, quando asseguradas, prevalece o conceito de dignidade humana. Porém, a partir de uma análise da população brasileira, alguns desses direitos não são acontecem como deveriam na sociedade. Debater sobre esses assuntos e alertar os estudantes a se conscientizarem e propagarem essas informações, e essa é ação que a professora faz com maestria.

O resultado da atividade repercutiu de maneira tão positiva que os estudantes assumiram o protagonismo do processo de aprendizagem e levaram, até o público externo, o conhecimento construído por eles. “Assim, os alunos por meio de um Café com História, tiveram a oportunidade de conduzir as apresentações de seus trabalhos e desconstruir preconceitos e interpretações sobre o homem e a mulher negra, na História do Brasil, desde o processo de colonização aos dias de hoje”, explica Edkalb.

A atividade realizada pela professora permitiu a aceitação e empoderamento feminino da juventude negra. “Vejo que por meio dessa discussão sobre racismo, a qual venho sempre trazendo para meu campo de trabalho, muitas alunas negras passaram a se ver, aceitar e se empoderar”, comenta a professora ao relembrar do feedback recebido desses alunos.

Existe diversas maneiras de combate ao racismo, mas sem dúvidas, uma das primeiras delas é discutindo sobre ele e levantando informações de que forma essa violência se propaga na sociedade. Atividades dessas naturezas dentro do ambiente escolar, fornece para alunos a capacidade cada vez maior do pensamento crítico e de buscar na sociedade, respostas para os fenômenos sociais.

Esta é a primeira matéria da série ‘Professores do RN’, produzida pela Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer do RN, que tem por objetivo apresentar boas histórias vivenciadas na Rede Estadual de Ensino e que será publicada durante todo o mês de outubro, em homenagem ao Dia do Professor.
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