A juíza Ana Lúcia Petri Betto decidiu nesta quarta-feira (30) dar mais 48 horas para o presidente Jair Bolsonaro apresentar à Justiça os laudos dos exames realizados por ele para covid-19.
Mais cedo, depois que o primeiro prazo havia encerrado, a Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou que o resultado do presidente deu negativo para a doença,
mas não encaminhou a íntegra do teste ao jornal Estado de S. Paulo, que
fez o pedido de informação. A AGU informou que encaminhou um relatório
médico de 18 de março no qual atestava que Bolsonaro estava
assintomático e teve resultado negativo para os testes realizados no mês
passado.
Para a juíza, o documento não atende de forma integral a
determinação judicial. “Considerando que o documento juntado pela parte
ré (relatório médico, datado de 18.03.2020 – id 31571155), não atende,
de forma integral, à determinação judicial, renove-se a intimação da
União, nos termos do id 31436976, para que, em 48 (quarenta e oito)
horas, dê efetivo cumprimento quanto ao decidido, fornecendo os laudos
de todos os exames aos quais foi submetido o Exmo. Sr. Presidente da
República para a detecção da COVID-19, sob pena de fixação de multa de
R$5.000,00 por dia de omissão injustificada”, determinou Ana Lúcia.
O pedido de informação, com o encaminhamento do resultado do exame,
foi feito pelo jornal Estado de S. Paulo na Justiça Federal de São
Paulo. O primeiro prazo se encerrava nesta quinta. As informações são do próprio jornal.
O governo quer que o caso tramite sob sigilo por envolver
informações pessoais do presidente, o que foi negado pela juíza. A juíza
Ana Lúcia entende que a população tem o direito de ser informada quanto
ao real estado de saúde de seu representante eleito. “Sob qualquer
ângulo que se analise a questão, a recusa no fornecimento dos laudos dos
exames é ilegítima, devendo prevalecer a transparência e o direito de
acesso à informação pública.”
Ao deixar o Palácio da Alvorada esta manhã, Bolsonaro disse que se
sentirá “violentado” caso tiver que apresentar os
exames. “A Advocacia-Geral da União (AGU) deve ter recorrido. E se nós
perdermos o recurso, daí vai ser apresentado. E vou me sentir
violentado. A lei vale para o presidente e mais humilde cidadão
brasileiro”, declarou.
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