Na última terça-feira (10), Rodrigo Maia (DEM-RJ) pisou pela primeira vez no plenário da Câmara desde que deixou a presidência da Casa para rebater as declarações do presidente Jair Bolsonaro de que já apoiara o voto impresso e defender a rejeição da proposta. Foi o primeiro encontro dele com o seu sucessor, Arthur Lira (PP-AL), um de seus principais desafetos políticos. Na última quinta, Lira negou a indicação de partidos para que Maia fosse vice-líder da oposição. Para Maia, um gesto “mesquinho” e revanchista, típico de perdedor.
Na entrevista exclusiva ao Congresso em Foco (assista à íntegra mais abaixo), concedida na última sexta-feira (13) no apartamento em que mora desde que deixou a residência oficial, Rodrigo Maia faz duras críticas a Arthur Lira e ao presidente Jair Bolsonaro, que hoje formam, nas palavras dele, uma só figura: o “Bolsolira”.
“É muito parecido um com o outro, há uma convergência entre os presidentes da Câmara e da República, que atuam com o mesmo intuito. Bolsonaro mais transparente, mais agressivo. O presidente da Câmara tentando diálogo com o Supremo, mas quando viram as contas dá facada no Supremo e no Tribunal Superior Eleitoral. As políticas deles são muito parecidas”, critica. Maia também dispara contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, a quem responsabiliza pela disparada da inflação e chama de populista.
Expulso em junho do DEM, após turbulências iniciadas na eleição da Câmara, Maia diz aguardar o PSD se descolar completamente do governo para se filiar à legenda do prefeito do Rio, Eduardo Paes, seu principal aliado político regional. O deputado de 51 anos aposta que a centro-direita emplacará um nome com grande chance de derrotar Lula e Bolsonaro em 2022. E declara apoio a uma chapa que reúna Ciro Gomes (PDT) e João Doria (PSDB) – as pesquisas indicariam o cabeça de chave e o vice.
Para o ex-presidente da Câmara, Bolsonaro marcha a passos largos para a derrota em 2022 e deverá sangrar até o fim do mandato, sem impeachment.
Em uma análise sobre o atual momento político brasileiro, Rodrigo Maia enxerga que Bolsonaro ataca o Supremo Tribunal Federal com um objetivo claro: provocar reações dos ministros e alegar que está cerceado no direito de comandar o país, argumento que utilizaria para tentar um golpe de Estado, invocando que está dando, na verdade, um “contragolpe”.
Rodrigo Maia diz que os 229 votos dados a favor do voto impresso na última semana na Câmara indicam que Bolsonaro tem apoio para barrar um processo de impeachment – razão pela qual, explica o ex-presidente da Câmara, não deu andamento aos requerimentos apresentados em sua gestão. “Votar para Bolsonaro ganhar só o deixa mais forte”, afirma. Na visão do deputado, o presidente se equilibra no mandato por causa da liberação das chamadas emendas de relator, no valor de R$ 15 bilhões, que rateia entre parlamentares aliados.
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