Styvenson afirmou que só aprovará criação de CPI do MEC após eleições. Foto: José Aldenir
O senador Styvenson Valentim (Podemos) recuou e decidiu retirar seu nome do documento que pede a instalação da CPI no Ministério da Educação, para apurar as denúncias de tráfico de influência e corrupção na pasta. O requerimento foi feito após denúncias de que os pastores Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura teriam atuado de forma indevida no órgão, pedindo propina a prefeitos. Estes e o ex-ministro da Educação — também pastor e exonerado em março por causa do escândalo — Milton Ribeiro, são acusados de tráfico de influência.
Com a mudança de posição do senador, único da bancada do RN contra a abertura da CPI, torna-se praticamente inviável a criação desta. São necessárias 27 assinaturas no Senado para que a investigação seja aberta. Em entrevista exclusiva ao AGORA RN, nesta segunda-feira 11, Styvenson confirmou o fato.
“Retirei meu nome e o motivo é bem claro: essa CPI, uma ferramenta parlamentar que deveria se ater sobre os fatos, só se atém sobre ideologias, partidos e agora, campanha. Não que eu deixei de combater a corrupção, pelo contrário, combato e para isso existem órgãos específicos pagos e muito bem pagos, com supersalários como o Ministério Público, Ministério Público Federal, Controladoria, Tribunal de Contas e o Judiciário. O ministro já não tem mais foro privilegiado e deve ser investigado nessas instâncias”, explicou.
A instalação da CPI visa investigar a existência de um “balcão de negócios” no MEC. Contudo, Styvenson disse que só assinará depois das eleições, pois se criada neste momento, promoveria o desequilíbrio do jogo.
“Eu assino quando passar as eleições, eu assino qualquer uma para ver se vai ou não ser possível ter esse palco, palanque mais uma vez de parlamentares buscando justamente vantagem política. Não concordo com isso, não sou bolsonarista, não sou lulista, mas não concordo com o desequilíbrio do jogo utilizando ferramentas públicas como uma CPI ou o espaço público como o Senado para benefício próprio”, ressaltou.
“Essa CPI não tem urgência alguma, pode esperar. Não acho contraditório ter assinado e retirado meu nome, acho até responsável, uma reflexão melhor sobre o assunto. Isso já mostra que minha atitude não é contraditória, seria se eu fosse da esquerda e tirasse, mas eu não sou da esquerda, não sou do meio, nem da direita, sou de fazer a coisa certa”, enfatizou.
Questionado se não tem urgência em saber se existiu tráfico de influência e corrupção com dinheiro público no MEC, ele respondeu: “Claro que quero saber, quero que o ladrão leve uma pisa em praça pública, aquele safado (SIC)”, finalizou.
Jean Paul: “Incompetência ou corrupção?”
O senador Jean Paul Prates (PT), que assinou favorável a instalação da CPI do MEC, perguntou se seria “o caso de incompetência ou corrupção? Ou será que é isso tudo junto? É isso que precisamos esclarecer sobre o que está acontecendo no MEC. As denúncias afetam todos e também as crianças potiguares. Elas poderiam ter recebido, desde 2019, dezenas de ônibus escolares para se deslocar com maior facilidade”, afirmou.
Segundo Jean, ele teria feito, na última sexta-feira, questionamentos ao presidente da autarquia vinculada ao MEC, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Lopes da Ponte, sobre esses problemas e os escândalos do MEC. “Mas não tivemos respostas nítidas. Por isso, sou a favor de uma imediata CPI para apurar todos os fatos”, finalizou.
Agora RN
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