Revolta, insatisfação, busca de novos caminhos na política caracterizam atualmente um fenômeno mundial.
Não acontece apenas no Brasil.
Cresce nas disputas eleitorais o chamado candidato “outsiders” (vem de fora).
Sem vocação política.
Sem espírito público.
Fabricados em laboratórios experimentais, que aproveitam os momentos de crise para crescerem, hasteando falsas bandeiras.
Por trás dessas bandeiras, se esconde a hipocrisia.
A prova maior é o quadro político dos Estados Unidos, o país ícone da democracia.
A população mostra claramente revolta com os partidos e a elite econômica dominante.
Esse quadro diagnostica claramente, séria crise de representação política nas democracias globais.
Para o sociólogo Luis Fernando Ayerbe “O eleitorado norte-americano perdeu o medo de votar naquilo que é menos conhecido, mas oferece algo diferente.
Isso começou com Obama e parece que é um fenômeno que veio para ficar.
Podemos fazer um paralelo com a América do Sul, entre o final da década de 1990 e início dos anos 2000.
Na época, embora tivéssemos candidatos à esquerda, parecia natural que a vitória seria naturalmente da centro-direita, ou seja, partidos do sistema.
E, de repente, houve uma reviravolta, surgiram novas lideranças e a população não teve medo de votar em candidatos que pareciam desconhecidos e de esquerda, que representavam algo diferente, um mundo diferente”.
Um estudo da Fundação Bertelsmann, da Alemanha, constatou um retrocesso da democracia e da economia social de mercado em todo o mundo e aumento da influência da religião sobre as instituições políticas e jurídicas.
A influência da religião na política cresceu em 53 países nos últimos dez anos e recuou em apenas 12.
A democracia e a economia social de mercado encontram-se em retrocesso em todo o planeta”, diz conclusão do estudo.
De 129 países, a apenas seis foi atribuída boa qualidade de governança, o que representa o nível mais baixo desde 2006.
O mais grave é que há dois anos as autocracias consideradas “duras” estão aumentando
De 58% já atingem 73%.
O estudo conclui que na grande maioria dos países da Europa Oriental existe atualmente mais restrições à liberdade de imprensa e de expressão, do que dez anos atrás.
Esse quadro de crise econômica favorece dois fenômenos constantes: o crescimento do populismo e a tentativa das elites econômicas de extrema direita eliminarem o estado e substituí-lo pelo mercado.
O fertilizante dessas ideias exóticas são justamente a pobreza, desigualdade e a falta de perspectivas econômicas para boa parte da população.
Os modelos sociais, econômicos e políticos até agora se preocuparam com os extremos, ou seja., concentração de renda, ou distribuição irresponsável de renda.
Ambos deram errado e não poderão jamais serem estáveis.
O verdadeiro desenvolvimento e a preservação das liberdades terão que passar por investimentos na educação, saúde e luta contra a desigualdade.
Nesse contexto, a opção do Brasil será afastar-se dos extremos, dos “salvadores da Pátria”, demagogos e buscar a governabilidade, que conduza ao bem estar social.
Tudo isto para que a justificada revolta popular, não termine premiando os aproveitadores e enganadores, o que significará o agravamento da crise.
A política não é culpada pelo que acontece hoje.
A culpa é dos maus políticos e dos maus eleitores.
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