Ex-ministro afirmou em sua defesa que
abriu a conta na Europa para evitar dar dinheiro à sua ex-esposa, de
quem se separou após festa de réveillon em 2009
O ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) afirmou em
sua defesa à Justiça Federal de Brasília que desconhece um depósito de
US$ 832.975,98 em uma conta na qual é beneficiário na Suíça. Pelo câmbio
atual, a quantia equivale a R$ 2,5 milhões. O ex-presidente da Câmara
confirma que é formalmente beneficiário da conta na Suíça, mas alega que
não a movimenta por motivos burocráticos.
Em sua defesa, Henrique Alves diz que abriu sua conta na Suíça após
separação conturbada de sua segunda esposa, Priscila Jimenez, na noite
de réveillon de 2009. O ex-deputado alega que a finalidade de “proteção
contra a ganância de herdeiros” é assegurada pelos bancos suíços.
“Enquanto sua vida pessoal passava pela tormenta que antecede quase
toda separação, o Acusado [Henrique Eduardo Alves] foi aconselhado e
passou a considerar a possibilidade de abrir conta no exterior para
receber uma parte da receita que vinha auferindo após a reorganização
societária da TV Cabugi”, diz a defesa.
Henrique
Eduardo Alves usou um escritório de advocacia para abrir a conta na
Suíça em 2008. Os valores foram depositados em três datas diferentes. Em
18 de novembro de 2011 foi depositado R$ 341 mil, em 5 de dezembro de
2011 o crédito foi de de R$ 323 mil; e em 8 de dezembro de 2011 mais R$
161 mil.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o dinheiro é fruto
de propina paga pela empreiteira Carioca Engenharia para que fossem
liberados recursos do Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FI-FGTS), administrado pela Caixa Econômica Federal. A
quantia seria usada para financiar obras do Porto Maravilha, no Rio de
Janeiro.
“É importante ressaltar que a utilização indevida da citada conta
bancária e os depósitos acima mencionados jamais foram de conhecimento
do acusado”, diz a defesa. Constam ainda mais dois créditos nos valores
de US$ 980 e US$ 10 mil. Ambos, segundo a defesa, foram feitos para
arcar com pagamento de taxas bancárias e despesas operacionais.
De acordo com a defesa, “somente ao tomar conhecimento dos documentos
que instruem a presente ação penal é que o acusado teve ciência de que,
mais de um ano após a data em que teria assinado a procuração para
abertura da mencionada conta, precisamente em 14 de setembro de 2009,
foi realizado o depósito de sua abertura no valor de U$ 980,00″.
Henrique Alves foi um dos ministros que se equilibrou na corda-bamba
do impeachment. Mesmo após a mudança de governo, ele se manteve à frente
da pasta do Turismo. Logo após as denúncias da Operação Lava Jato, em
junho de 2016, pediu demissão do cargo.
Fonte: Congresso em Foco
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