FUNÇÕES DO BATISMO E OUTROS RELATOS
1. Qual as funções e o papel atribuídos ao padrinho e à madrinha durante o batizado?
Na celebração do batismo, o padrinho e a madrinha se comprometem a
acompanhar a criança em seu crescimento na vida cristã. “Podemos
traduzir as palavras padrinho e madrinha ‘como pais na fé´”, explica
o padre Antonio Aparecido Pereira, pároco da Igreja Nossa Senhora das
Dores, em São Paulo, e vigário episcopal para as comunicações da
Arquidiocese de São Paulo. Mais conhecido como padre Cido, ele afirma
que no início da cerimônia de batismo, o padre exige dos pais o
compromisso de educar o filho ou a filha na fé. E do padrinho e da
madrinha exige o compromisso de ajudar o afilhado, com a palavra e com o
exemplo, a viver sua vida cristã.
2. O que os padrinhos representam e qual a sua responsabilidade na vida da criança?
Representam o exemplo a ser seguido na fé cristã. Cabe aos padrinhos,
tanto quanto possível, acompanhar o afilhado na iniciação cristã,
juntamente com os pais. Segundo padre Cido, como os padrinhos têm a
responsabilidade de ajudar os pais a educar os filhos na fé, a Igreja
adverte aos pais que sejam criteriosos na escolha. “Eles não devem fazer
dessa opção uma homenagem a amigos ou, pior, uma forma de visar algum
benefício para os filhos ou se deixarem explorar politicamente, fato
comum no coronelismo do Nordeste brasileiro.”
3. Quais documentos são necessários para se tornar padrinho?
Apenas o comprovante dos encontros preparatórios, como são chamados, agora, os cursinhos de batismo.
4. Os padrinhos precisam ter sido batizados?
Sim. Devem ser católicos, fiéis aos preceitos da Igreja e terem 16 anos
completos ou maturidade suficiente para assumir tal responsabilidade.
5. Pessoas divorciadas podem se tornar madrinhas?
O Diretório do Sacramento na Arquidiocese de São Paulo não toca no
assunto. Mas, como cada padre tem liberdade para determinar algumas
regras para a cerimônia do batismo, podem existir paróquias pelo Brasil
que exigem dos padrinhos o comprovante de casamento na Igreja. Os pais
do batizando deve conversar com o padre e perguntar sobre as exigências
para a realização do sacramento.
6. Pessoas vinculadas a outras religiões podem ser padrinhos?
Não. Mas podem servir de testemunha cristã do batizando. Caso um dos
pais não seja católico, a criança pode ser batizada, desde que a parte
não católica assine um documento autorizando o filho a receber o
sacramento. “Aqueles que solicitam têm o direito de ser batizados. Todo
padre é proibido pela Igreja de se recusar a dar o sacramento do
batismo. Ele pode adiar a celebração se perceber que os pais necessitam
refletir um pouco mais sobre a decisão de batizar filho”, explica o
padre.
7. Os padrinhos devem fazer o curso de batismo ministrado na
igreja? Quanto tempo dura o cursinho? Costuma ser agendado para finais
de semana? Qual o prazo de validade do certificado desse curso?
Segundo o padre Cido, a Igreja está pedindo às comunidades que não se
fale mais em curso de batismo, mas em encontros preparatórios. Ele
explica que, caso os padrinhos já tenham participado de um encontro
preparatório, que conversem com o padre e peçam para ser dispensados.
“Entretanto, a participação é um gesto de carinho com o futuro afilhado
ou afilhada e os futuros compadres”, acredita o padre. Ele explica que
cada paróquia determina a dinâmica desses encontros e a validade do
certificado. “Na minha paróquia, ele ocorre em uma noite de sábado”, diz
Cido.
8. Que idade a criança precisa ter?
Não há limite de idade.
9. Qual o significado do batismo?
Padre Cido explica que o batismo é o sacramento que torna a pessoa um
Filho de Deus, Discípulo de Cristo, Templo do Espírito Santo, Membro da
Igreja. “É o primeiro dos sete sacramentos, a porta de entrada para a
vida cristã. Não se recebe nenhum outro sacramento sem o batismo”, diz o
religioso.
10. E da unção da cabeça do bebê, com óleo, pelo padre?
“O padre unge o peito de cada criança que está no colo da madrinha com o
óleo dos catecúmenos, pedindo que a força de Cristo penetre na vida
dela, como aquele óleo, em seu peito.”
11. E da vela que costuma ser carregada pelo padrinho?
“No momento do batizado, a madrinha segura a criança e o padrinho fica
ao lado. E, após o ritual, o padrinho entrega simbolicamente uma vela
acesa à criança, dizendo: ‘Recebe a luz de Cristo’. Essa vela grande é o
Círio Pascal, que simboliza Cristo, a luz do mundo.”
12. E da imersão parcial, em água, na pia batismal?
É a confirmação de que a criança está sendo batizada. Ela é levada pela
madrinha à pia batismal, o padre derrama água em sua cabeça e diz: eu te
batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
13. Por fim, e da roupa branca?
Ao final da cerimônia, o padre lembra que, pelo batismo, a criança
recebeu a vida nova da graça simbolizada naquela veste branca.
Outros rituais do batismo entre as religiões cristãs
Entre as religiões cristãs, a cerimônia de batismo geralmente segue os mesmos rituais:
- A criança é apresentada pelos pais, geralmente acompanhada por padrinhos.
- O celebrante, então, pergunta: “Que nome vocês escolheram para a criança?” Os pais respondem e assumem o compromisso de educá-la no amor de Deus e no amor ao próximo.
- Faz-se a Oração Batismal sobre a água que será usada no ritual, destacando seus significados para a Igreja: criação, purificação, libertação, morte e ressurreição.
- Os pais passam a criança para os braços dos padrinhos. Enquanto eles a seguram, o celebrante pronuncia solenemente a Fórmula Batismal: “(Nome da criança), eu batizo você em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, e derrama água sobre a cabeça do pequeno, geralmente três vezes.
- O celebrante toma a criança nos braços, ora por ela e a apresenta à comunidade como parte integrante do corpo de Cristo. Em seguida, a devolve aos braços dos pais e os convida a tomarem assento na assembleia.
Mas, segundo o Reverendo Luiz Carlos Ramos, teólogo, pastor metodista e professor de Liturgia na Faculdade de Teologia da Universidade Metodista, existem outros ritos e elementos simbólicos, que podem fazer parte da cerimônia:
- Apresentação – Pode ser seguida de um ato de unção, com óleo, na testa da criança, simbolizando o Amor, a marca do cristão.
- Vestição – Ela acontece após o Rito da água e é o momento em que a criança é vestida com um traje branco, simbolizando o novo nascimento e o revestimento de Cristo.
- Rito do Efatá – Repetindo o gesto de Jesus, que, ao tocar o ouvido de um surdo, disse: “Abre-te”. O celebrante roga a Deus que o Senhor Jesus abra os ouvidos da criança, para reconhecer a Sua Voz em meio a tantas vozes, e, em meio às muitas palavras humanas, a Palavra de Deus.
- Rito do Sal – A mãe coloca uma pitada de sal nos lábios da criança, lembrando a passagem bíblica na qual Jesus diz: “Vós sois o sal da terra” (Mateus 5.13).
- Rito da Luz – Geralmente, os padrinhos entregam aos pais da criança um castiçal com uma vela acesa, simbolizando que Cristo, a luz do mundo, está entre nós e que nós temos a incumbência de sermos igualmente luz para o mundo.
- Rito do sopro do Espírito – O celebrante repete o gesto de Cristo, que, ao se apresentar ressuscitado aos discípulos, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito; paz seja convosco” (João 20.22).
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