Datafolha: 73% dizem que há corrupção no governo Bolsonaro


 73% dos brasileiros são taxativos ao dizer que existe corrupção no governo de Jair Bolsonaro. Já apenas 19% disseram não haver esse problema, enquanto 8% dos eleitores preferiram não responder. Os números são da mais recente pesquisa Datafolha.

Embora a maioria dos brasileiros reconheçam a corrupção na esfera federal, o problema é tido como menos grave em relação a outros temas como saúde, economia, miséria, educação e violência urbana.

Entre as faixas etárias, os jovens são a fatia da população que mais vê corrupção no governo. De acordo com o instituto, 86% dos jovens reconhecem esse tipo de problema na gestão do chefe do Planalto. A corrupção também é vista entre os 94% dos pesquisados que reprovam o governo. 

Mas, mesmo entre os eleitores do presidente, o quadro é bem dividido e mostra um racha na percepção de idoneidade na franja que apoia o governo. Dos eleitores ouvidos pelo Datafolha, 49% dizem que não há corrupção. Entre quem aprova a atual gestão, 51% dizem que não há corrupção.

Vivendo crises agudas, o tema da corrupção tem sido colocado debaixo dos panos pelo presidente e seu entorno. Eleito com o discurso de moralizar o Executivo, ele sempre negou que existisse corrupção em seu governo. Com a prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, há pouco mais de um mês, Bolsonaro teve de adaptar seu recurso.

Um dos slogans usados pelo mandatário durante a pré-campanha atual era “Sem pandemia, sem corrupção e com Deus no coração, ninguém segura esse novo Brasil”. A prisão de Ribeiro representou um baque para o staff da campanha, e Bolsonaro adaptou a retórica.

“No governo, não temos nenhuma corrupção endêmica. Tem casos isolados que pipocam e a gente busca solução para isso”, afirmou posteriormente, numa palestra a empresários. 

Antes do caso de Ribeiro, porém, o governo Jair Bolsonaro conviveu com outras crises que abalaram seu discurso anticorrupção. Em outubro de 2019, já no primeiro ano de mandato, o então ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi indiciado pela Polícia Federal. O motivo era uma investigação sobre desvio de recursos por meio de candidaturas laranjas nas eleições de 2018.

Houve também o caso de Ricardo Salles. Em abril de 2021, o ex-filiado ao partido Novo e à época ministro do Meio Ambiente foi acusado de sabotar fiscalização ambiental para privilegiar madeireiros investigados por extração ilegal na Amazônia.

Outro caso recente envolve o escândalo do Tratoraço, um esquema revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo. As denúncias envolviam a negociação de emendas e liberação de recursos para deputados aliados destinados à compra de tratores e equipamentos agrícolas por preços até 259% acima dos valores de referência fixados pelo governo.

Datafolha reafirma favoritismo de Lula

Na mesma pesquisa que ouviu os eleitores sobre percepção de corrupção no governo, o Datafolha também perguntou em quem a população iria votar. Lula (PT) segue com 47% e Bolsonaro 29%. Tendo pontuado 28% na anterior, o atual presidente se mantém estagnado diante da margem de erro, que é de dois pontos para mais ou para menos.

A estagnação de Bolsonaro contrasta com as medidas para tentar turbinar sua eleição, como a chamada PEC Kamikaze. Aprovada em 14 de julho, a medida permite aumentar benefícios sociais durante o período da eleição. A proposta dribla a lei criando estado de emergência e tem previsão de gastar R$ 41 bilhões para aumentar o Auxílio Brasil e o vale-gás, além de ajuda a caminhoneiros e taxistas, mas só até o final de 2022.

A pesquisa Datafolha ouviu 2.556 pessoas nos dias 27 e 28 de julho em 183 cidades brasileiras. Ela está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-01192/2022.

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