Em Brasília e no Rio de Janeiro, presidente participou de atos que misturaram a festa cívica com discursos eleitorais. Lula, Ciro e Tebet, candidatos mais bem posicionados junto com o presidente, lamentaram a postura.
Por g1 — Brasília
Os três candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais junto com Jair Bolsonaro (PL) repudiaram nesta quarta-feira (7) o uso que o presidente fez das comemorações do Bicentenário da Independência. Em Brasília e no Rio de Janeiro, Bolsonaro, candidato à reeleição, misturou os eventos cívicos com campanha eleitoral.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), criticaram a postura de Bolsonaro e o teor dos discursos do presidente.
Bolsonaro começou o dia em Brasília. Ele assistiu ao tradicional desfile militar que todos os anos celebra a Independência, na Esplanada dos Ministérios. Depois se juntou a uma manifestação, a poucos metros de distância, de milhares de apoiadores do governo.
Presidente Jair Bolsonaro discursa em trio elétrico em ato de campanha no 7 de Setembro — Foto: Reprodução/Youtube
Ele fez um discurso em um caminhão de som no qual defendeu ações de seu governo, repetiu ameaças veladas ao Poder Judiciário e proferiu falas machistas. Bolsonaro aproveitou para pedir votos.
No Rio, na orla de Copacabana, também em local onde foi realizada apresentação militar pela Independência, ele voltou a pedir votos e atacou Lula.
Confira o que disse cada candidato:
Lula
O ex-presidente Lula disse, no início da noite, que Bolsonaro deveria "discutir os problemas do Brasil" e como vai "resolver os problemas da educação, da saúde e do desemprego" em vez de atacá-lo.
"O presidente, ao invés de discutir os problemas do Brasil, tentar falar pro povo brasileiro como ele vai resolver os problemas da educação, da saúde, do salário mínimo, ele tenta falar de política e tenta me atacar", afirmou.
Lula fala sobre uso do Sete de Setembro por Bolsonaro
Lula apontou ainda que, quando foi presidente, nunca usou "um dia da pátria, do povo brasileiro" como "instrumento de política eleitoral".
Ciro Gomes
Em campanha pelas cidades históricas de Minas Gerais, Ciro Gomes (PDT) disse que Bolsonaro transformou um ato cívico em um comício com milhões de recursos públicos envolvidos.
“Nós assistimos ao presidente da República colocar um empresário picareta [Luciano Hang, presidente da Havan], investigado na Justiça, do seu lado, e (...) o presidente de Portugal (...) foi colocado ao lado, numa verdadeira agressão diplomática (...) O vice-presidente da República do Brasil também do outro lado", afirmou.
"Em seguida, militares fardados, com as suas condecorações, com uniforme de gala, misturando-se com (...) patetas de um presidente imbecil e criminoso, como é o Bolsonaro, transformar um ato cívico, uma solenidade cívico-militar, num comício com milhões de recursos públicos envolvidos", acrescentou.
Ciro Gomes, candidato à Presidência pelo PDT, faz campanha em Ouro Preto
O partido de Ciro Gomes, o PDT, acionou a Justiça Eleitoral para que a Corte apurasse o financiamento de caravanas de apoiadores do presidente, e o uso de recursos do partido para os atos do 7 de Setembro. O pedido, no entanto, foi rejeitado pelo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Raul Araújo.
Simone Tebet
Durante agenda pelo interior de São Paulo, Tebet (MDB) disse que o "Brasil precisa de paz para poder olhar claramente para os problemas".
Seguindo as críticas, a candidata afirmou que Jair Bolsonaro cria "crises artificiais todos os dias" e que o o presidente não conhece os problemas dos brasileiros:
"O Brasil precisa de paz para poder olhar claramente para os problemas reais do Brasil. É uma crise artificial todos os dias sendo criada como uma cortina de fumaça de um homem que não sabe, não conhece os problemas do Brasil, as riquezas e as potencialidades do Brasil e não apresenta soluções", disse a candidata".
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