MACEIÓ-AL: SEM PREFEITO NO PODER, PT SUBMERGE À FORÇA DE COLLOR E RENAN E SONHA SER "PARTIDO GRANDE" EM ALAGOAS

Senadores Fernando Collor (PTB) e Renan Calheiros (PMDB) influenciam rumos do PT em Alagoas
Senadores Collor e Renan
Nos últimos dez anos, o PT se consolidou como o partido de maior força no país, alcançando a presidência da República por três eleições consecutivas e garantindo eleições de governos estaduais e municipais. Mas em meio à regra, há uma exceção: em Alagoas, o partido não possui sequer um prefeito ou deputado federal no poder, sofre da pouca barganha política e vive à sombra dos três senadores que dominam a política local.

Segundo analistas e políticos ouvidos pelo UOL, não há dúvidas de que o PT alagoano está longe de ser um "partido grande", com influência, e submerge à força do PMDB, do senador Renan Calheiros; do PTB, do senador Fernando Collor de Mello; e do PP, do senador Benedito de Lira. Junta, a trinca de senadores --que compõem a base aliada do governo federal-- domina as principais prefeituras do Estado, entre elas Maceió e Arapiraca. Os três partidos contam com o apoio do PT, que aparece sempre como coadjuvante no processo eleitoral.

Em 2008, o PT chegou a eleger uma prefeita entre os 102 municípios: Sânia Tereza, da pequena Anadia, a 88 km de Maceió. Primeira mulher petista a assumir uma prefeitura no Estado, ela foi cassada do cargo em dezembro de 2011, após ser presa e acusada de mandar matar um vereador do PPS que fazia oposição a ela na Câmara. A acusação não só manchou o nome do partido no Estado (até então imune a crimes de pistolagem), como tirou o único gosto que o partido tinha de poder executivo no Estado. Hoje, o cardápio petista inclui apenas um vice-prefeito --da pequena Belém--, três deputados estaduais e 24 vereadores espalhados pelos municípios.

Os números do PT em Alagoas são para lá de modestos e contrastam com a força petista no Nordeste, onde o partido governo tem Estados como a Bahia e prefeituras como Recife e Fortaleza, além de possuir dezenas de senadores e deputados eleitos.

A derrocada em 2002

Para o cientista político e professor da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), Alberto Saldanha, a derrocada do PT alagoano começou em 2002, quando a então senadora e então petista Heloísa Helena recusou uma candidatura ao governo do Estado, quando todos apontavam uma chance real de vitória --à época, Helena apontou que a coligação nacional com o PR não poderia ser repetida no Estado, já que, entre os republicanos de Alagoas, havia empresários e adversários históricos do partido. A partir dali, o PT alagoano foi caindo pelas tabelas.

“Heloísa desmontou o PT no Estado ao não disputar aquela eleição em 2002. O partido ainda lançou o nome Judson Cabral [então vereador de Maceió e atual deputado estadual], mas só para constar. Ressalte-se que, em 1998, você teve uma ascensão das esquerdas em Alagoas, como a eleição de Ronaldo Lessa [então no PSB] para o governo e de Heloísa para o Senado. Você tinha naquela época um PT em ascensão, mas que não soube aproveitar a situação. Essa esquerda eleita rachou no meio do caminho, e a saída de Heloísa [expulsa em 2003], que era a grande liderança, enfraqueceu o partido em nível estadual, que teve de começar da estaca zero”, explicou.

Segundo Saldanha, com o aumento de poder político no cenário nacional de Collor e Renan, o PT alagoano acabou perdendo ainda mais força e virando uma espécie de moeda de troca das negociações do diretório nacional com os senadores e seus respectivos partidos. “Existe aqui em dependência da base aliada do governo federal, desde o presidente Lula. Collor e Renan usam o poder que têm em Brasília para trazer o partido a reboque em Alagoas. Com os caciques políticos de outros partidos, o PT fica sempre num segundo plano porque depende muito, especialmente do PMDB, e continua preso a esses senadores. A eleição se aproxima, e na capital, por exemplo, o PT tenderá mais uma vez a ser coadjuvante”, afirmou.
FONTE: uol.com
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