Infeliz ideia da cabine dupla pode tirar título da Padre Miguel

Unidos de Padre Miguel Foto: Diego Mendes / O Globo

A péssima ideia da cabine dupla, que junta 18 julgadores no mesmo ponto da Avenida, pode fazer sua primeira vítima já em seu nascimento: a Unidos de Padre Miguel, escola que fez indiscutivelmente o melhor desfile da Série A, teve um problema com a porta-bandeira em frente aos dois módulos de julgadores, podendo perder pontos neste quesito e também em evolução. Se a queda tivesse acontecido nos módulos 1 ou 4, a escola seria punida apenas uma vez. Como foi na cabine dupla, será penalizada duas vezes, o que dificulta muito as chances de título. Essa diferença no peso do julgamento pode jogar por terra desfiles superiores em detrimento de outros, simplesmente pelo fato sorte, o que é muito ruim para o carnaval.

Juntar os dois módulos foi aquela ideia que estava fadada a dar errado. E deu. Pode entrar para a história por ter tirado o campeonato mais certo dos últimos tempos. Que este seja o primeiro e último ano dessa experiência com o júri.

O interessante é que a Padre Miguel sobrou tanto na pista que pode ser campeã mesmo com a falha ocorrida. Só que agora ficou muito mais difícil. Império Serrano, Porto da Pedra e Estácio de Sá, que também fizeram grandes desfiles, entraram na briga. Confira aqui como foi o primeiro dia de desfiles da Série A.

A segunda noite da Série A foi bem superior à primeira, com boas apresentações e momentos de emoção. A maior surpresa do sábado foi a Rocinha, que fez um lindo desfile e está na briga pelas primeiras posições. O Império Serrano comprovou sua força ao pisar forte na Avenida. Mas não conseguiu emocionar com o enredo sobre Manuel de Barros. Já a Porto da Pedra aproveitou seu enredo de fácil entendimento para cativar as arquibancadas, e se credenciou a disputar o título.

Renascer, Cubango e Inocentes decepcionaram. A escola de Jacarepaguá fez sua pior apresentação nos últimos anos e corre riscos. A Cubango também caiu muito em relação ao nível de seus desfiles. Foram duas escolas irreconhecíveis. A agremiação de Belford Roxo ficou abaixo das expectativas e deve se limitar às posições intermediárias.

Confira a análise escola por escola:

ACADÊMICOS DA ROCINHA
Acadêmicos da Rocinha Foto: Foto: Diego Mendes / Setor 1
Fez uma das melhores aberturas de noite da Série A dos últimos anos. Trouxe um visual imponente, com bom gosto do carnavalesco João Vítor Araújo em alegorias e fantasias, e bela pesquisa sobre a trajetória de Viriato Ferreira. A bateria também fez uma ótima apresentação. O samba deixou a desejar, mas não comprometeu.

ACADÊMICOS DO CUBANGO
Acadêmicos do Cubango Foto: Foto: Diego Mendes / Setor 1
A Verde e Branco fez um desfile fraco sobre João Nogueira, com nítidas dificuldades em fantasias e alegorias (com direito a queijo sem composição num dos carros). A promessa de homenagear os 100 anos do samba não se confirmou na pista. A bateria foi o ponto alto do desfile, com uma apresentação irretocável.

INOCENTES DE BELFORD ROXO
Inocentes de Belford-Roxo Foto: Diego Mendes / Setor 1 Foto: Agência O Globo
O enredo sobre vilões, que prometia um desfile bem-humorada, não se consumou na Avenida. A leitura foi careta, com alas como “Mitologia” e “Teatro”. A comissão de frente trouxe o espírito brincalhão, com os Minions, mas a leveza só voltou no último setor. Também faltou criatividade em carros e fantasias: num deles, o destaque era um gigantesco telão.

IMPÉRIO SERRANO
Império Serrano Foto: Diego Mendes / Setor 1 Foto: Agência O Globo

O Império pisou forte na Avenida, mostrando que é a escola desse grupo com mais chão. Cantou muito o bom samba e trouxe alegorias e fantasias de alto nível. Apesar disso, não emocionou o público, talvez pelo enredo de difícil compreensão. Nestes oito anos de segunda divisão, já fez desfiles melhores, mas é séria candidata ao título.

UNIDOS DE PADRE MIGUEL
Unidos de Padre Miguel / Foto: Fabio Guimaraes Foto: Agência O Globo

Fez o melhor desfile do ano, com sobras em relação às outras. Uma escola vibrante, com visual impecável, belo samba e imponência de Grupo Especial. O acidente com a porta-bandeira pode custar o título, por ter sido na cabine dupla — e ainda pode custar pontos preciosos em evolução, pela demora na troca do casal. Mas a escola mostrou que o caminho para subir está pavimentadao.

RENASCER DE JACAREPAGUÁ
Renascer de Jacarepaguá Foto: Diego Mendes / Setor 1 Foto: Agência O Globo

O enredo sobre Carolina de Jesus e João Cândido é bonito, mas difícil de ser traduzido em alegorias e fantasias. A escola de Jacarepaguá fez um desfile pesado, e nem o ótimo samba conseguiu render o esperado. As dificuldades financeiras ficaram evidentes na parte plástica. A bateria deu um show, mas pode ser pouco para fazer a Renascer permanecer no grupo. O rebaixamento é uma ameaça.

PORTO DA PEDRA
Porto da Pedra / Fabio Guimaraes Foto: Agência O Globo
A escola contou com muito bom humor o enredo sobre as marchinhas, com uma leveza pouco vista nos desfiles da Série A (e que fez falta a outras agremiações). Alegorias e fantasiastinham fácil leitura e comunicação com o público. O samba não era bom, mas foi bem cantado pelos componentes. E ainda tivemos a volta da porta-bandeira Lucinha Nobre, sempre garantia de boas notas.

Leia mais: http://extra.globo.com/tv-e-lazer/roda-de-samba/infeliz-ideia-da-cabine-dupla-pode-tirar-titulo-da-padre-miguel-20984396.html#ixzz4ZnHzfRre
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