Certificados de doutor honoris causa são vendidos a pesquisadores e diretores de universidades brasileiras na intenção de turbinar currículos. Os preços chegam a R$ 3.600
Concedido a personalidades que se destacaram em determinadas áreas do conhecimento, o diploma de doutor honoris causa não tem relação com a vida acadêmica de quem o recebe. Não tem valor profissional nem vale como certificado de produtividade científica. Ainda assim, é um dos mais importantes títulos que uma pessoa pode receber, já que se o ganha é porque atingiu um patamar de amplo reconhecimento profissional e de feitos significativos. Fernando Henrique Cardoso recebeu a honraria pela Universidade de Harvard, e o cirurgião Ivo Pitanguy pela Universidade de Tel Aviv, em Israel. Em todos os casos, um conselho formado por professores de cada área se reúne para decidir a quem é merecido dar o prêmio. E em nenhum deles a titulação tem valor comercial. Ou seja, não se compra. Algumas entidades, porém, aproveitando que não é preciso o aval do Ministério da Educação (MEC) para conceder o diploma, têm vendido a honraria a diretores e pesquisadores brasileiros, que pagam até R$ 3.600 para se tornarem “doutores”. “É contraditório, pois é um título dado para honrar o professor. E a honra não se compra”, afirma Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação. TUDO PAGO Reitor da UERR, Regys de Freitas recebeu título em Cuba, com despesas custeadas pela universidade
A Organização das Américas para a Excelência Educativa (ODAEE) se apresenta como “a maior rede de relações interinstitucionais da iberoamérica, com presença em 22 países” e é das que mais constam entre as que distribuem títulos honoris causa a brasileiros. A reportagem entrou em contato por e-mail com a entidade para simular a solicitação de um diploma e recebeu como resposta uma ficha com informações mostrando o passo-a-passo para se tornar membro. Está lá o valor de US$ 700 (R$ 2.100) a serem pagos para, como benefício, receber o título de doutor. Se for uma instituição a postulante, a taxa sobe para US$ 1.200 (R$ 3.600). Fundada em Porto Alegre, hoje tem sede no Panamá, mas o telefone para contato é de Orlando, nos Estados Unidos. Entre os dias 30 de janeiro e 3 de fevereiro, realizou uma premiação em Cuba. O Grupo Educacional Drummond e a Universidade Estadual de Roraima (UERR) foram premiadas, entre outras entidades. Dessa última, foi condecorado também o reitor, professor Regys Odlare Lima de Freitas, que viajou bancado pela UERR. “Aparentemente, parece que se paga para poder receber prêmios”, explica Freitas em entrevista à ISTOÉ. “Nós pagamos e nos tornamos membros, mas a solenidade já havia sido deliberada.”
Fonte: IstoÉ
Fonte: IstoÉ
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