Imagem: iStock
Educar um filho é difícil, você sabe. E a falta de tempo é inimiga da qualidade de vida dos pais e, consequentemente, das crianças. Nessa rotina desenfreada, os pequenos se tornam cada vez passivos: não brincam, mas veem vídeos de crianças brincando; não jogam videogames, mas ficam vidrados com youtubers que testam os jogos na internet. Tamanha inércia pode trazer consequências ruins na adolescência e vida adulta.
“A interação familiar está sendo substituída pelas babás do mundo virtual, o que traz distanciamento e isolamento na primeira infância (nos seis primeiros anos de vida), gerando consequências para o desenvolvimento infantil que podem chegar à vida adulta”, alerta a psicóloga familiar Danielle Trabuco.
Thaís Ribas, psicóloga especializada em infância, afirma que diversos motivos levam as crianças a serem passivas. Mas, segundo ela, a falta de disponibilidade dos pais para com os filhos é o que realmente culmina no uso exagerado da internet. Além disso, as atividades lúdicas diminuíram e, até por questões de segurança, o isolamento e a falta de espaços coletivos vêm impactando nas brincadeiras. “No entanto, pais, profissionais e educadores não podem enxergar a situação com normalidade”, afirma a profissional.
Quem faz diferente
É fato que a violência inibe os pais de liberar as brincadeiras na rua como era comum para as gerações anteriores. Mas driblar a inércia é possível. Sempre que pode, a administradora Ana Kishino, criadora do perfil @seliganamae, inventa maneiras criativas de se divertir com os filhos Felipe, 6 anos, e Rafaela, 2 anos 11 meses.
Já fez pescaria com tampinhas de garrafa, improvisou uma rampa de madeira para brincar com carrinhos, coloca colchões na escada que se transformam em escorregador e sempre que pode cria maneiras de incentivar a alimentação saudável de forma lúdica. “Esses passatempos fizeram parte da minha infância. Sempre quis mostrar ao Felipe e à Rafa que é fácil se divertir de forma simples. Nem sempre são necessários recursos tecnológicos ou brinquedos caros”, ressalta Ana, que ainda não limitou o uso da internet para os pequenos por não sentir necessidade. “Sei que terei que controlar um dia, pois as crianças realmente gostam do mundo virtual.”
É preciso que os pais participem
Fugir da passividade é um esforço coletivo da família. E para isso os pais precisam dar o exemplo. Proibir a internet e a TV não é a solução, mas se houver um equilíbrio mesclando jogos ou uma atividade física que proporcione prazer, todos saem ganhando.
Deborah Russo e sua família. Imagem: Acervo pessoal
Para a empresária Deborah Zanon Russo, 35 anos, de Curitiba, a preocupação com que os filhos fiquem muito parados é real. Mãe de Cauã, 8 anos, e Lara, 5 anos, ela procura estimular atividades como andar de bicicleta ou brincadeiras no parquinho do condomínio. Livros de pinturas, jogos, peças de montar também fazem parte da dinâmica. “Eles só podem usar a internet às terças, quintas e sábados, e mesmo assim, apenas se tiverem um bom comportamento. Caso contrário, perdem o acesso. O melhor é fazer um cartaz com uma rotina dos dias que são ou não permitidos. Também não deixo eles assistirem aos vídeos no YouTube, permito apenas aplicativos infantis próprios para a idade”, afirma.
Mais do que lazer, brincar é imprescindível para que as crianças construam suas identidades no futuro. Por meio da observação, expandem a criatividade, interação e constroem memórias positivas que serão pontes para lidar com as adversidades da vida. “Elas aprendem e internalizam regras, fortalecem noção de causa e consequências lógicas, que serão prósperas nas próximas etapas do desenvolvimento”, afirma Danielle Trabuco.
Os pais têm papel fundamental, pois precisam se conectar emocionalmente e fisicamente com os filhos. É preciso por algum momento abandonar os equipamentos eletrônicos e olhar para o que realmente importa. Caso contrário, as crianças de sentem deixadas de lado.
“É comum os pais chegarem ao consultório dizendo que não sabem o que se passa com as crianças, e ressaltarem que elas têm tudo. Eu pergunto: o que é tudo para você? As respostas são tablet, celular, boas escolas e cursos. Devolvo o questionamento: você já perguntou o que ele quer de você? Muitos ficam em silêncio. A maioria das famílias não oferece tempo de qualidade com as crianças”, ressalta Danielle. “É preciso aprender novas formas de educar, ser mais presente e praticar o diálogo. Ter um olhar cuidadoso para a saúde emocional e garantir o desenvolvimento nas próximas fases de forma mais tranquila”, completa.
Reflexos na vida adulta
A inércia na infância pode causar a chamada síndrome da passividade, ou seja, dificuldade em tomar atitudes, reforçando o comportamento submisso. “É um adulto que não luta pelos seus direitos porque tem medo de ser rejeitado ou repreendido; precisa de aprovação. Em vez de refletir a respeito da solução de um problema, fica nervoso e culpa os outros. Em casos mais severos, costuma reagir de forma agressiva diante às adversidades”, afirma Thaís Ribas.
Universa – UOL/BG
Educar um filho é difícil, você sabe. E a falta de tempo é inimiga da qualidade de vida dos pais e, consequentemente, das crianças. Nessa rotina desenfreada, os pequenos se tornam cada vez passivos: não brincam, mas veem vídeos de crianças brincando; não jogam videogames, mas ficam vidrados com youtubers que testam os jogos na internet. Tamanha inércia pode trazer consequências ruins na adolescência e vida adulta.
“A interação familiar está sendo substituída pelas babás do mundo virtual, o que traz distanciamento e isolamento na primeira infância (nos seis primeiros anos de vida), gerando consequências para o desenvolvimento infantil que podem chegar à vida adulta”, alerta a psicóloga familiar Danielle Trabuco.
Thaís Ribas, psicóloga especializada em infância, afirma que diversos motivos levam as crianças a serem passivas. Mas, segundo ela, a falta de disponibilidade dos pais para com os filhos é o que realmente culmina no uso exagerado da internet. Além disso, as atividades lúdicas diminuíram e, até por questões de segurança, o isolamento e a falta de espaços coletivos vêm impactando nas brincadeiras. “No entanto, pais, profissionais e educadores não podem enxergar a situação com normalidade”, afirma a profissional.
Quem faz diferente
É fato que a violência inibe os pais de liberar as brincadeiras na rua como era comum para as gerações anteriores. Mas driblar a inércia é possível. Sempre que pode, a administradora Ana Kishino, criadora do perfil @seliganamae, inventa maneiras criativas de se divertir com os filhos Felipe, 6 anos, e Rafaela, 2 anos 11 meses.
Já fez pescaria com tampinhas de garrafa, improvisou uma rampa de madeira para brincar com carrinhos, coloca colchões na escada que se transformam em escorregador e sempre que pode cria maneiras de incentivar a alimentação saudável de forma lúdica. “Esses passatempos fizeram parte da minha infância. Sempre quis mostrar ao Felipe e à Rafa que é fácil se divertir de forma simples. Nem sempre são necessários recursos tecnológicos ou brinquedos caros”, ressalta Ana, que ainda não limitou o uso da internet para os pequenos por não sentir necessidade. “Sei que terei que controlar um dia, pois as crianças realmente gostam do mundo virtual.”
É preciso que os pais participem
Fugir da passividade é um esforço coletivo da família. E para isso os pais precisam dar o exemplo. Proibir a internet e a TV não é a solução, mas se houver um equilíbrio mesclando jogos ou uma atividade física que proporcione prazer, todos saem ganhando.
Deborah Russo e sua família. Imagem: Acervo pessoal
Para a empresária Deborah Zanon Russo, 35 anos, de Curitiba, a preocupação com que os filhos fiquem muito parados é real. Mãe de Cauã, 8 anos, e Lara, 5 anos, ela procura estimular atividades como andar de bicicleta ou brincadeiras no parquinho do condomínio. Livros de pinturas, jogos, peças de montar também fazem parte da dinâmica. “Eles só podem usar a internet às terças, quintas e sábados, e mesmo assim, apenas se tiverem um bom comportamento. Caso contrário, perdem o acesso. O melhor é fazer um cartaz com uma rotina dos dias que são ou não permitidos. Também não deixo eles assistirem aos vídeos no YouTube, permito apenas aplicativos infantis próprios para a idade”, afirma.
Mais do que lazer, brincar é imprescindível para que as crianças construam suas identidades no futuro. Por meio da observação, expandem a criatividade, interação e constroem memórias positivas que serão pontes para lidar com as adversidades da vida. “Elas aprendem e internalizam regras, fortalecem noção de causa e consequências lógicas, que serão prósperas nas próximas etapas do desenvolvimento”, afirma Danielle Trabuco.
Os pais têm papel fundamental, pois precisam se conectar emocionalmente e fisicamente com os filhos. É preciso por algum momento abandonar os equipamentos eletrônicos e olhar para o que realmente importa. Caso contrário, as crianças de sentem deixadas de lado.
“É comum os pais chegarem ao consultório dizendo que não sabem o que se passa com as crianças, e ressaltarem que elas têm tudo. Eu pergunto: o que é tudo para você? As respostas são tablet, celular, boas escolas e cursos. Devolvo o questionamento: você já perguntou o que ele quer de você? Muitos ficam em silêncio. A maioria das famílias não oferece tempo de qualidade com as crianças”, ressalta Danielle. “É preciso aprender novas formas de educar, ser mais presente e praticar o diálogo. Ter um olhar cuidadoso para a saúde emocional e garantir o desenvolvimento nas próximas fases de forma mais tranquila”, completa.
Reflexos na vida adulta
A inércia na infância pode causar a chamada síndrome da passividade, ou seja, dificuldade em tomar atitudes, reforçando o comportamento submisso. “É um adulto que não luta pelos seus direitos porque tem medo de ser rejeitado ou repreendido; precisa de aprovação. Em vez de refletir a respeito da solução de um problema, fica nervoso e culpa os outros. Em casos mais severos, costuma reagir de forma agressiva diante às adversidades”, afirma Thaís Ribas.
Universa – UOL/BG
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