ANO LETIVO 2020: Única saída para a rede pública é não reprovar ninguém, diz especialista

O Presidente da ONG Parceiros da Educação e diretor da Casa do SaberJair Ribeiro, 60 anos, diz que a única solução para a rede pública de ensino é não reprovar nenhum aluno em 2020. Motivo: a punição poderá causar alta evasão escolar no pós-pandemia.

“A perda que a gente está tendo em termos de conhecimento e de aproveitamento escolar dos alunos ao longo da quarentena é gigante. Deve promover 1 processo de evasão de 25% a 30% –em algumas localidades mais vulneráveis, percentual ainda maior. Isso precisa ser combatido.” 

Na avaliação de Ribeiro, as secretarias de educação precisam fortalecer programas de nivelamento, reforço e recuperação dos estudantes. “A recomendação que se faz no Brasil e no mundo inteiro é a progressão continuada”.

Empresário e especialista em educação, Ribeiro deu entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, apresentador do Poder em Foco. O programa é uma parceria editorial do SBT com o jornal digital Poder360.

Ribeiro explica que a pandemia expôs a alta desigualdade social no Brasil. Muitos alunos não conseguem nem sequer ter acesso às aulas remotas por falta de acesso à internet.

“É 1 ano em que avançamos muito pouco. Quem sabe até retroagimos. Pesquisas indicam que as crianças, em 1 período tão longo sem aula, perdem 1 pouco a proficiência.”

Para o especialista, a melhor forma de recuperar o tempo perdido é tornar o currículo escolar mais enxuto. O objetivo a partir de agora deve ser focar nas habilidades estruturantes: matemática e português.

Outra meta a ser perseguida é trabalhar o ano escolar de 2020 em conjunto com o de 2021.

“O programa de educação continuada existe na grande maioria das redes estaduais e municipais. Aqui em São Paulo, é 1 procedimento usado há muito tempo […] é 1 processo natural. Não existe nenhuma regulamentação. Na rede privada é diferente. Cabe a cada escola definir a sua política pedagógica.”

LEGADO DA PANDEMIA 

A pandemia forçou pais, estudantes e professores a usarem a tecnologia para o ensino remoto. “É 1 legado importante. Quebraram-se algumas barreiras. Às vezes, alunos e professores tinham 1 desconhecimento grande no uso da tecnologia. Ninguém sério na educação acha que tecnologia vai resolver todos os problemas da educação ou substituir o professor. Isso está ultrapassado em termos de conceito. Porém, a tecnologia pode ser usada muito bem como reforço”, diz.

Na análise de Ribeiro, a educação à distância também proporcionou a modernização de diversos processos que ficarão para o pós-pandemia. Avalia que o ensino híbrido (presencial e remoto) tende a ficar mais popular. Deu como exemplo o Innova Schools, no Peru. O projeto oferece aos estudantes de 3 a 4 aulas presenciais por semana. Depois, os alunos fazem reforço da mesma matéria no computador via programas adaptativos.

Indagado se as aulas presencias deveriam ser retomadas, Ribeiro respondeu que o assunto é controverso. “Tem a questão de as crianças contaminarem pessoas com comorbidade ou idosas”.

“Porém, a perda que a gente está tendo em termos de conhecimento e de aproveitamento escolar dos alunos ao longo do período de quarentena é gigante”, diz o especialista. “Defendo abrir as escolas para que, por adesão, tanto as crianças como os professores que puderem, voltem às aulas. Essa é a minha posição pessoal. De novo, é muito complicado. A saúde tem predominância nesses aspectos. É uma situação nova que a gente está vivendo”.

O debate sobre como e quando deve ocorrer a volta às aulas é feito em todo o mundo. Monitoramento da Unesco mostra que a pandemia impacta 60% da população estudantil do planeta. Ou seja, mais de 1 bilhão de crianças e adolescentes.

Esse percentual chegou a 90% em meados de abril. Atualmente, parte da Europa, Ásia e Estados Unidos reabriu as escolas.

PODER 360

 

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