Há poucos dias, o jornalista e economista Tomislav Rodrigues Femenick publicou neste site, artigo intitulado “Tomei café com Golbery”. Lembrei-me então de episódio envolvendo o antigo bruxo do regime militar e que teve repercussões profundas na política potiguar.
Dr. Tarcísio Maia havia chegado do Rio de Janeiro, onde residia, e estava em sua Fazenda São João. Com alguns primos e amigos, fomos visita-lo e perguntar se ele estava sabendo da nomeação iminente do empresário Osmundo Faria para governador do estado. Respondeu que não, mas discordava da indicação por não julgar Osmundo preparado para o cargo. Tenho interferir no processo de escolha e vou agir rapidamente.
Tarcísio nos falou que era muito amigo do general Golbery do Couto e Silva e que essa nomeação ainda poderia ser evitada. Numa época em que a comunicação não era tão fácil como hoje, voltou ao Rio e no dia seguinte, foi recebido por Golbery.
O deputado Vingt Rosado estava em Natal e foi alertado da possível indicação de Osmundo para governador do estado. Avisou ao senador Dinarte Mariz, que tinha grande prestígio junto aos militares e não sabia do que estava acontecendo. Dinarte reclamou ao presidente Geisel que o governador do Rio Grande do Norte estava sendo nomeado sem que ele tivesse participado do processo. Geisel liga a Petrônio Portela, presidente do Senado e interlocutor dos militares junto aos políticos, pedindo para que ele conversasse com Dinarte antes de qualquer publicação da nomeação.
Contudo, a sorte não estava ao lado de Osmundo Faria. O seu padrinho entre os militares era o todo poderoso ministro da guerra Dale Coutinho que, na véspera da indicação, faleceu por complicações cardíacas. Foi o bastante para que todo processo político fosse modificado.
Dale Coutinho morto, Dinarte articulado com o senador Petronio Portela e Tarcísio confabulando com Golbery mudou a realidade política referente ao nosso estado. Tarcísio Maia, que tinha a missão de vetar a indicação de Osmundo, voltou com sua própria nomeação para o cargo. Golbery, com habilidade, fez o amigo governador e, a partir desse instante, o Rio Grande do Norte passou a conviver a dinastia Maia, que fez três governadores consecutivos e atuou com prestígio por vários anos na política local. elegendo governadores, senadores, deputados federais, deputados estaduais e prefeitos municipais.
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