Apenas 250 estudantes conseguiram atingir a nota máxima na redação do Enem 2014. Para jovem que atingiu a pontuação, o segredo é o treino
Apenas 250 pessoas entre os 6,2 milhões de participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2014 conseguiram tirar a nota máxima, de 1.000 pontos, na redação. Uma dessas pessoas foi Vanessa Feijó Andrade, de 20 anos de idade. “O segredo foi o treino antes da prova”, revela a estudante.
Moradora de Fortaleza, no Ceará, Vanessa é aluna do cursinho preparatório Ari de Sá e já fez o Enem quatro vezes para realizar um sonho: entrar no curso de medicina. “Acredito que a nota deste ano seja suficiente para eu conseguir uma vaga”, diz. O principal alvo da jovem é a Universidade Federal do Ceará.
No Enem 2013, Vanessa diz que não foi bem na prova de redação e decidiu pegar ‘mais firme nos estudos’ no ano seguinte. “Ao longo de 2014, eu fazia redações toda semana. Escrevia e levava para os professores corrigirem até aprimorar a escrita. Outra tática foi ler as melhores redações dos anos anteriores”, diz. O Ministério da Educação (MEC) divulga anualmente as redações que tiraram nota 1.000 em seu portal.
Na hora do exame, realizado nos dias 8 e 9 de novembro de 2014, Vanessa diz que optou por responder uma parte das questões objetivas e, só depois, começou a redação. “Quando cheguei na sala de prova, estava um pouco dispersa. Depois das questões, fiquei mais concentrada e parti para o texto.”
Como já havia praticado ao longo do ano, a jovem disse que só precisou fazer uma redação no dia da prova. “Deixei na folha de rascunho e terminei as questões da prova objetiva. Quando terminei, li minuciosamente o texto, corrigi erros e passei a limpo na folha de prova. Não entreguei antes de ler uma última vez.” O cuidado final foi assegurar que não haveria erros de ortografia e pontuação, que poderiam tirar pontos.
De acordo com o MEC, a nota 1.000 na redação depende de um conjunto de cinco fatores, entre eles adequação à proposta do texto e o uso correto da língua portuguesa. Confira a seguir as competências avaliadas no exame:
Domínio da norma padrão da língua escrita
Nessa competência, o avaliador espera que o candidato demonstre conhecimento da modalidade escrita formal da língua. Em outras palavras, que ele saiba que existe diferença entre a fala e a escrita.
“Existem algumas palavras que usamos no dia a dia que a norma culta não reconhece na escrita padrão”, diz Díran Ferreira, professor de língua portuguesa e redação do Cursinho da Poli. Como exemplo podemos citar o verbo “ter” no sentido de “existir”, que é muito usado em conversas informais, mas que na redação deve dar lugar a “existir” ou “haver”.
O texto dissertativo-argumentativo precisa ser claro, objetivo e direto. “É preciso ficar atento principalmente à obediência às regras de concordância nominal e verbal, pontuação, flexão de nomes e verbos e grafia das palavras”, diz Francisco Platão Savioli, supervisor de português do Anglo Vestibulares.
Compreensão da proposta e escrita de um texto dissertativo
Nessa segunda competência, o aluno é avaliado de acordo com a compreensão da proposta de redação – esta exige que o candidato escreva um texto dissertativo-argumentativo, um tipo de texto que demonstra a verdade de uma ideia ou uma tese.
“A ‘fuga do tema’ é um dos erros mais comuns e pode render nota zero na redação”, diz Francisco Platão Savioli, supervisor de português do Anglo Vestibulares. O professor conta que a maioria dos alunos falha em dois aspectos: não lê por completo todos os textos de apoio ou a proposta e se concentra apenas em um dos itens pedidos.
Os textos de apoio servem apenas para despertar uma reflexão sobre o tema. É preciso evitar ficar preso às ideias apresentadas neles. “Pense bem sobre o tema que foi proposto e decida como abordá-lo, qual será seu ponto de vista e como irá defendê-lo”, diz Savioli.
Defender um ponto de vista e argumentar bem
O terceiro aspecto a ser avaliado é a forma como o participante da prova seleciona, relaciona, organiza e interpreta informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa do seu ponto de vista. A ideia a ser defendida precisa estar clara no texto e é necessário trazer argumentos que justifiquem a sua posição em relação à temática proposta na redação.
“O estudante deve trazer um repertório amplo para que consiga sustentar seus argumentos”, diz Francisco Platão Savioli, supervisor de português do Anglo Vestibulares. “A ideia é que a redação não desperte nenhum tipo de contestação ao leitor”, diz Savioli.
Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos
Nessa competência, o avaliador irá julgar a estrutura do texto e apresentação da argumentação. Os mecanismos linguísticos, que são basicamente palavras que conectam as declarações, são essenciais para desenvolver as ideias sobre o tema proposto de maneira clara e lógica.
As frases e os parágrafos devem estabelecer uma relação entre si e garantir uma sequência coerente do texto. “Nesse caso, os conectivos como ‘e’, ‘também’, ‘mas’ e ‘porque’ são grandes aliados”, diz Díran Ferreira, professor de língua portuguesa e redação do Cursinho da Poli.
Para garantir a coerência do texto, também é preciso ficar atento à utilização de preposições, conjunções, advérbios e locuções adverbiais. Esses recursos possibilitam uma correlação entre orações, frases e parágrafos.
Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado
A última competência avalia se o candidato apresenta uma proposta de intervenção ao problema em questão. Nessa parte, é fundamental detalhar meios que respeitem os direitos humanos, o que implica em não romper com valores como cidadania, liberdade, solidariedade e diversidade cultural.
“Muitos candidatos resumem essa parte do texto em um desejo ou um aconselhamento, sugerindo que o governo ou a sociedade faça algo, entretanto esse procedimento não é suficiente.”, diz Francisco Platão Savioli, supervisor de português do Anglo Vestibulares.
O professor alerta que é importante que o candidato trabalhe detalhadamente alguns aspectos: escrever exatamente o que deve ser feito, por quem deve ser feito, como deve ser feito, para quem deve ser feito e para que deve ser feito.
Fonte: VEJA
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