Repórter Secreto investiga três farras com o dinheiro público: R$ 500 mil para voltinhas desnecessárias.
Chegou a hora de o Repórter Secreto entrar em ação: três pequenas cidades de Minas, três farras com o dinheiro público.
Para saber cadê o dinheiro que tava aqui, nosso repórter vai atrás da ração de papagaio, do motorista pirulito e... do prefeito samurai!
Tudo isso aí parece piada. Antes fosse.
“Quando a gente vai pra Belo Horizonte ou Brasília às vezes a gente tem que levar umas lembrancinhas”, diz prefeito.
Esse é o prefeito de Coração de Jesus. De viagem em viagem, ele embolsou R$ 165 mil em diárias!
Haja agrado!
“E o gestor que não faz isso, ele não consegue nada”.
Em Fruta de Leite, cidade próxima, esse aposentado não consegue remédio na prefeitura.
“Diz que é a crise, que é a crise lá de cima que atingiu nós todos”, reclama o aposentado.
Crise?
Mas o prefeito é acusado de ter levado quase meio milhão de reais em diárias!
Mais uma cidadezinha mineira, Jaíba.
Uma empresa em nome de um laranja leva 8 milhões pra reformar as unidades de saúde. Mas há muito equipamento jogado no hospital da cidade.
“Eu estava perdendo o meu bebê e fui no hospital, cheguei lá não tinha exame de ultrassom, né?, Nem sangue, nem urina”, desabafa uma mulher grávida.
Agora, que que tudo isso aí tem a ver com samurai, papagaio e pirulito?
Só o repórter Eduardo Faustini pode descobrir:
Cadê o dinheiro que tava aqui?
Vida que segue na pacata Coração de Jesus. O prefeito Pedro Magalhães, do PSC.
“O prefeito é um escravo, um escravo de viajar”, diz.
Pro Ministério Público, a coisa é um pouco diferente. Em 16 meses, esse "escravo da estrada" levou 165 mil reais de diárias! E foi às compras. Gastando dinheiro público.
“Além de outros fatos pitorescos, chama a atenção a aquisição de uma espada. Ele fala que trouxe como souvenir de Brasília, era uma lembrança”, conta Paulo Marques da Silva, promotor de Justiça de MG.
O vice-prefeito bota lenha na fogueira.
“Segundo o prefeito, essa espada era um símbolo de Brasília e era um ornamento que ele precisava trazer pra justificar sua presença em Brasília”, explica o vice-prefeito de Coração de Jesus, Cândido Almeida.
Outras despesas: 700 reais em equipamento fotográfico, 10 reais de doação para uma igreja, e por aí vai.
“Quando a gente vai pra Belo Horizonte ou Brasília às vezes você leva um doce, uma cachacinha, e o gestor que não faz isso, ele não consegue nada”, explica o prefeito Pedro.
O prefeito Pedro afirma que todas as compras têm justificativa.
“Eu me preocupei, então, assim, numa eventual ação eu tenho mais de 2 mil documentos juntados”, justifica o prefeito.
A espada custou 238 reais na conta do contribuinte.
“Eu queria falar com vocês o seguinte: é também improcede”, diz o prefeito.
E espada que é bom, neca de pitibiriba.
Depois que o Ministério Público começou a investigar a prefeitura, o prefeito foi à polícia fazer um boletim de ocorrência.
No B.O., ele diz que um "indivíduo não-identificado" surrupiou os "recibos de comprovantes de diárias de 2013 e 2014", que estavam dentro do carro do próprio prefeito.
Aí vem o caso pirulito. Essa é a Praça Sete de Setembro, em Belo Horizonte. Para o povo, o apelido desse monumento é "pirulito". Um vereador da oposição foi ao Ministério Público acusar o prefeito de inventar um esquema para embolsar diárias sem sair do lugar.
“Ele falava que o prefeito se escondia na cidade e mandava o motorista dele pegar o carro oficial e dar uma volta no pirulito da Praça Sete, em Belo Horizonte. Pra simular uma viagem que não foi feita pelo prefeito. Com o objetivo de receber as diárias, né? Em razão disso, ele ganhou o apelido de "pirulito", conta o promotor.
O prefeito diz que isso é intriga da oposição.
"Isso foi plantado. Tenho plena certeza que foi plantado," diz o prefeito
Agora na cidade de Fruta de Leite:
Segundo o Ministério Público, entre 2009 e 2012, o prefeito Nixon Marlon, do PR, levou quase 500 mil reais em diárias. Numa cidade muito pobre.
“O estado tem que mandar dinheiro pras pessoas construir lá os equipamentos sanitários porque eles não têm condição de construir. E o prefeito gastando num curto espaço de tempo um valor estratosférico, né?”, denuncia o promotor.
E a saúde do povo, abandonada.
“Não tem remédio pra hora que a gente consulta. Precisa de um remédio, não tem, reclama seu Altino”.
Fantástico: Que que alegam pro seu Altino?
Altino: Diz que é a crise, que é a crise lá de cima que atingiu nós todos.
O repórter secreto foi atrás do prefeito. Que não estava na cidade nem retornou os recados deixados pelo Fantástico.
Em Jaíba, outra cidade também muito pobre:
“A Jaíba se notabiliza por ser uma região onde tudo acontece. Nós encontramos lá nas investigações fraudes de toda espécie possível. Contratação ilícita de servidores públicos, pagamentos de remuneração que é indevida, fraudes em licitações, diárias “, revela o promotor.
O Ministério Público foi lá e realizou a operação "ração de papagaio".
“Um dos alvos, um secretário municipal, ele pedia o pagamento de propina e usava essa expressão "ração de papagaio", sempre querendo se referir a dinheiro de origem ilícita,” conta o promotor.
Veja abaixo trecho de conversa gravado entre o secretário municipal e um gestor da saúde.
Secretário: Tô aqui na secretaria até agora fechando aquele negócio de ontem que nós combinou.
Gestor: Ah, tá. No caso então você não pegou a ração pro papagaio, não?
Secretário - Diz que só sexta feira.
“Nessa operação ração de papagaio, o Ministério Público estima que houve desvios da ordem de 15 milhões de reais.”
Desse total, 8 milhões foram para uma empresa de fachada, em nome de um laranja.
“Uma empresa sem qualquer tipo de tradição de uma hora pra outra sagrou-se vencedora em todas as licitações que ela disputou na cidade de Jaíba”, diz o promotor.
Inclusive da reforma do posto de saúde, que tá parada.
O jeito tem sido tratar o povo num posto improvisado. E o hospital tá assim -- aparelhos de raio x importados, encaixotados há mais de ano.
“Eu tô aguardando uma cirurgia de catarata nas minhas vista já com dois anos”, reclama a moradora.
Fantástico: Você tá grávida de quantos meses?
Grávida: Sete meses.
Fantástico: Que tipo de exame você tentou fazer no hospital?
Grávida: Eu tava perdendo o meu bebê e fui no hospital, cheguei lá não tinha exame de ultrassom, né?, nem sangue nem urina.
Sorte que ela pôde pagar pelo exame numa clínica particular. Já a dona Maria mora pertinho da sede da Prefeitura. Mas a água é do vizinho.
“Aí eles vêm pedir voto, aí eles pega e promete que vai colocar água e energia pra nós. Aí quando termina a política que vota, ninguém não vê prefeito, não”, reclama dona Maria Francisca.
Enquanto isso, a Câmara e o prefeito brigam. Os vereadores cassaram o prefeito, que reassumiu por força de liminar. Só que os vereadores estão sendo investigados.
“São 13 integrantes, 10 deles estão sob investigação judicial, né?, com afastamento de cargo, pedido de prisão. Então isso é muito grave, não pode ser normal”, explica o promotor.
O prefeito Enoch Campos, do PDT, diz que rolava um esquema na Câmara, de diárias.
“Eles viajavam pra poder receber e muitos deles estavam assinando a ata da reunião no mesmo dia que tavam viajando”, revela o prefeito Campos.
Já o Ministério Público diz que o dono da empresa de construção está
molhando a mão do prefeito.
“Ele confessou que pagava propina pra vários servidores públicos e, segundo ele, inclusive ao prefeito municipal”, acusa o promotor.
O prefeito nega. Afirma que anulou o contrato com a empresa e demitiu secretários. O resto, diz ele, é futrica.
“É um grande jogo de perseguição e de vaidade política e que acaba onerando o município”, conclui o promotor.
Sobre o posto e o hospital, ele diz ainda que espera repasses. O Fantástico procurou a presidência da Câmara de Vereadores de Jaíba, mas ninguém retornou nossos recados.
“O ano que vem eles vai vim aqui na nossa casa pedir voto”, diz Maria Francisco.
Fonte: G1
DESTE BLOG: Caso o repórter secreto viesse a Olho D'água do Borges encontraria várias irregularidades, tais como: obras inacabadas, carro oficial da Prefeitura prestando serviço a empresas particulares, servidores fantasmas, que apenas recebem o dinheiro, como é o caso da esposa de um vereador situacionista que reside em Mossoró, mas exerce o cargo de Secretária Adjunto.
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