Em uma semana, o número de cidades em rodízio de abastecimento de água no Rio Grande do Norte praticamente dobrou. Até sexta-feira passada, eram 42 as cidades com datas e horários estabelecidos para o recebimento de água nas torneiras. Hoje, são 80 municípios com o abastecimento reduzido em decorrência da seca que deverá se estender por 2016. O rodízio atinge, conforme anunciado ontem em coletiva de imprensa pela Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e Instituto de Gestão de Águas (Igarn), 48% do Estado potiguar, formado por 167 cidades. Se for levado em consideração as cidades abastecidas diretamente pela Caern – 153 – o percentual é maior: 52%.
Hoje, dos 47 reservatórios com capacidade acima dos cinco milhões de metros cúbicos, 20 estão em volume morto, com menos de 10%. Já o açude Gargalheiras (foto) está completamente seco
“Justamente para poupar nossos mananciais para o ano de 2016, cujas previsões apontam para mais um ano de seca, iniciamos o rodízio nesses municípios”, frisou o diretor-presidente da Caern, Marcelo Toscano. Em outras 11 cidades, a situação é ainda pior: colapso. O abastecimento humano só é possível graças aos carros-pipa contratados pela Caern, cuja operação já consumiu R$ 4,7 milhões entre janeiro e setembro. Em 120 comunidades rurais, o abastecimento também está sendo feito por carros-pipa, cujo financiamento é feito pelo Governo Federal através do Exército.
O diretor-presidente do Igarn, Josivan Cardoso, ressaltou que as “perspectivas não são boas para o Rio Grande do Norte”, pois “as previsões não apontam recarga dos mananciais por chuva em 2016”. Hoje, dos 47 reservatórios com capacidade de armazenamento de água acima dos cinco milhões de metros cúbicos, 20 estão em volume morto, com menos de 10% da capacidade hídrica reservada. “Isso dificulta a captação da água pela Caern”, ressaltou Josivan Cardoso.
Nos próximos dias, uma Resolução conjunta do Governo do Estado com a Agência Nacional de Águas (ANA) deverá regulamentar a redução da vazão da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves de seis metros cúbicos por segundo para quatro metros cúbicos por segundo, com prioridade para o consumo humano. Sem possibilidade de extrair do lençol freático grandes volumes de água possíveis de uso pela população, a saída encontrada pelo Igarn foi reduzir a vazão da maior barragem do estado. Os grandes irrigantes, porém, continuarão fazendo uso da água, mas com dias, horários e volume hídrico determinados na Resolução prevista para ser publicada no próximo dia 15.
Além disso, o Igarn ressaltou que a fiscalização relativa ao uso da água será mais rigoroso no estado. “A fiscalização será mais coercitiva. Não iremos permitir desperdício de água no Rio Grande do Norte”, destacou Josivan Cardoso. De todo o estado, poucos municípios na Região Agreste, Região Metropolitana e Litoral não estão em risco de entrar em rodízio de abastecimento. Isto porque, segundo explicitado por Josivan Cardoso, o lençol freático consegue recompor o volume extraído das lagoas e poços tubulares de maneira mais célere pois o volume de chuvas é maior que nas demais regiões.
O titular da Semarh, Mairton França, destacou que as secas no Nordeste são cíclicas e o Estado está se preparando já para o próximo ciclo. O secretário relembrou que 320 poços foram perfurados ao longo deste ano e 68 dessalinizadores estão em manutenção. Sobre as obras previstas para a mitigação dos efeitos da seca, como a Barragem de Oiticica, ele destacou que o cronograma permanece inalterado. Não há atrasos, mas as obras tiveram o ritmo de execução reduzidos em decorrência da crise econômica e a consequente diminuição do valor do repasse dos recursos à empresa executora do empreendimento. A previsão é de que a obra de Oiticica fique pronta no fim do ano que vem.
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