Os outros 31 apresentados na última semana tem como "ementa" descrita pela Câmara o seguinte texto padrão:
"Alega que o Presidente Jair Bolsonaro se utilizou da autoridade da
Presidência e da evidência e do prestígio social atrelados a essa função
para boicotar as principais iniciativas de combate à pandemia – seja ao
obstruir medidas de comprovada eficácia científica, ao estimular a
desobediência sanitária da população, ao atacar as autoridades que
tentaram tomar alguma providência ou ao insistir na difusão de
informações falsas e teorias conspiratórias entre os brasileiros".
Os crimes de responsabilidade cometidos por Bolsonaro, segundos os
pedidos de impeachment, constituem principalmente atentados aos direitos
fundamentais à vida e à saúde dos brasileiros, à probidade
administrativa, à dignidade, ao decoro e à honra do cargo. Cabe ao
presidente da Câmara, Arthur Lira, dar andamento ou não a esses
requerimentos. Aliado de Bolsonaro e líder do Centrão, grupo que dá
sustentação ao governo no Congresso, Lira não se posicionou sobre nenhum
dos pedidos.
Do total de pedidos já feitos, 41 foram protocolados durante a gestão
de Arthur Lira (PP-AL) no comando da Câmara. Seu antecessor, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), é até hoje cobrado por não ter desengavetado nenhum dos
66 pedidos enquanto ocupou a presidência da Casa.
O avanço catastrófico da pandemia de covid-19 no Brasil, já previsto
por especialistas em saúde, e a falta de liderança do governo federal no
combate à crise sanitária impulsionaram o número de pedidos de
afastamento de Bolsonaro. Na última terça-feira, 4.185 brasileiros
perderam a vida para a doença em apenas 24 horas. Bolsonaro é o
presidente recordista em pedidos de impeachment, superando com folga a
segunda colocada, a ex-presidente Dilma Rousseff, cassada em 2016.
Ainda que os pedidos de impeachment denunciem irregularidades cometidas
por Bolsonaro em diversas áreas, a postura do presidente na pandemia
foi determinante para o salto do número de pedidos de afastamento. Em
2019, primeiro ano do atual governo, foram protocolados cinco pedidos.
Em 2020, ano majoritariamente assolado pela pandemia e que terminou com
mais de 270 mil vidas perdidas para a covid, Bolsonaro motivou a
apresentação de outros 53 pedidos de afastamento. Porém, com o país
batendo recordes semanalmente de casos e mortes registradas pela doença,
desde o início de 2021, já foram apresentados 47 novas ações na Câmara.
Na tabela enviada pela Câmara, é possível consultar: a data de
protocolo do pedido, a quem ele é endereçado (o presidente da Casa em
questão), o autor da peça, uma breve descrição do que motivou o
requerimento e o estado de tramitação.
Dos 107 protocolados, quatro foram arquivados por serem considerados
apócrifos e um foi dado como "concluído" porque a certificação digital
utilizada não era do autor. Os 102 restantes constam como "em análise".
No entanto, o termo é apenas uma burocracia, já que cabe ao presidente
da Câmara decidir se vai mesmo dar prosseguimento ao processo.
O Congresso em Foco já deixou clara sua posição a favor do impeachment
de Jair Bolsonaro em recente editorial. O texto destaca que é
desconhecido algum caso de chefe de governo que tenha cometido tantos
erros e de forma tão cruel quanto o atual presidente da República.
Fonte: Ana Krüger / Congresso em Foco
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