Sexta (5), a música brasileira perdeu um talento precoce: Marília Mendonça era ainda adolescente quando suas composições começaram a ser gravadas e a chamar a atenção no mundo sertanejo. O Fantástico reconstituiu o início dessa trajetória brilhante, em Goiânia e na cidade onde Marília nasceu: a pequena Cristianópolis.
No hospital da cidade, encontramos uma das enfermeiras que estava de plantão no dia em que Marília nasceu, 22 de julho de 1995, e ela contou que ela era um "bebezão" e "chorava bastante".
A empreendedora Aparecida Alves Ribeiro, que teve uma filha no mesmo dia, deu de mamar para a cantora.
"A enfermeira veio e me perguntou se eu estava disposta a dar de mamar para a bebê, porque ela chorava muito. Falei: 'Claro que sim. Pode trazer'. Aí ela mamou bastante. Eu lembro que eu segurei no braço esquerdo. Meu maior sonho era conhecer a Marília Mendonça e dizer para ela que eu fui a mãe de leite dela, que chegasse até ela essa noticia. Mas infelizmente não chegou".
Em Goiânia, encontramos a primeira professora de violão de Marília, Marli dos Santos: "Ela tinha média de 10, 11 anos de idade nessa época. O avô me procurou, pediu para eu dar aula para ela. Inclusive, ele providenciou um violão. Quando a Marília começou a aprender tocar, aqui em casa ela cantava um pouquinho. Eu percebi que ela tinha um pouco de vergonha de soltar a voz. A voz dela era uma voz mais grave, mais rouca, mas ela tinha facilidade de sociabilizar com as pessoas".
Na escola em que ela estudou, na capital goiana, nossa equipe também reviveu muitas histórias. A repórter Ana Carolina Raimundi conversou com uma professora, a diretora e um amigo de Marília, o cantor Renato Ferreira, com quem ela formou uma dupla sertaneja.
"Os meninos às vezes pediam: 'Professor, deixa a Marília tocar um pouquinho para gente. Está no finalzinho da aula'. E ela tocava. Aulas de educação física, por exemplo, ela optava em ficar dentro da sala, escrevendo", afirma Neila Helena, que era diretora na época que a cantora estudou.
No bar onde ela começou a cantar, uma pequena distribuidora de bebidas de Ruth, mãe de Marília, que ficava no mesmo terreno da casa da família, mais lembranças dos vizinhos.
"Ela cantava para ajudar a mãe dela, porque a mãe dela, no caso, não tinha esposo. Ela criava a Marília Mendonça, vendia petisco e cerveja para poder sobreviver. Era uma menina muito amorosa. Gostava de ajudar todo mundo, sabe? E a gente via nela que ela tinha vontade de vencer na vida para ajudar a família dela. Uma pessoa amiga, sabe? Muito triste. Não esperava um final para ela desse jeito", emociona-se a autônoma Petronilia Pereira da Silva.
O começo da carreira de Marília Mendonça foi aos 13 anos, quando ele procurou essa escritório em Goiânia, do empresário Wander Oliveira, e pediu que ele ouvisse as músicas dela. Ele a contratou. O salário? R$ 3 mil, que ela usava para ajudar toda a família.
"A minha admiração e respeito por ela era desde esse tempo porque ela era uma criança, né? Porque 13, 14 anos de idade, é uma criança. E ela ela tinha aquele dinheiro para ajudar a mãe e o irmão", relembra.
Marília só começou a gravar suas primeiras músicas aos 19 anos. Antes, vários artistas gravaram músicas dela. Uma delas, "Minha Henrança", foi gravada pela dupla João Neto e Frederico, que também conversou com o Fantástico e falaram sobre o primeiro encontro com ela.
"A gente lembra como se fosse hoje, né? Uma tarde de 2010. A gente estava quase indo embora e o telefone toca, falando que tinha uma menina querendo mostrar umas músicas para a gente. Tinha um sofazinho, ela se sentou no meio, pegou um violãozinho que tinha lá, e começou a mostrar as músicas para gente. E cada música que a gente ia ouvindo, era tipo assim um choque. Meu Deus, essa música é sua?. É minha. Mas quantos anos você tem? Acabei de fazer 14", contam.
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