Fátima, Carlos Eduardo e os interesses do PT


Por Gilson Moura*

Há quatro anos, a então senadora Fátima Bezerra e o PT chegavam à Governadoria pela primeira vez, no Rio Grande do Norte. Em 2018, também foi a queda do PT, da estrela de Lula da Silva, ex-presidente da República que foi preso e depois de quase 16 anos, os petistas perdiam a eleição para o mais radical de todos, o presidente Jair Bolsonaro.

No Rio Grande do Norte, o PT chegava ao poder e passou toda a campanha liderando as pesquisas. O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad desconhecido dos potiguares chegou a 41,19% dos votos no 1º Turno e no 2º Turno aumentou para 63,41% dos votos válidos. A governadora Fátima Bezerra vencia o ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT), com 57,60% da votação de todo Estado, mesmo tendo perdendo em Natal com 90 mil votos e em Parnamirim com cerca de 30 mil.

Fátima ganhou em 154 municípios potiguares e Carlos Eduardo venceu em Natal, Parnamirim e mais 11 cidades. Foi uma das maiores vitórias já vista no Rio Grande do Norte. A petista foi vitoriosa em 92% dos municípios potiguares. Mas, as últimas pesquisas de 2021, mostraram que com os quase quatro anos de Governo Fátima, a rejeição e a desaprovação aumentaram. A avaliação positiva é bem dividida com a negativa.

No PT, a esperança que tem é a figura de Lula, que lidera com folga no Rio Grande do Norte e no Nordeste. O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem uma rejeição e uma avaliação negativa maior que a da governadora Fátima. Ainda sem adversários certos, Fátima patina na liderança. O PT não quer e nem aceita uma aliança com o ex-prefeito Carlos Eduardo, que até ano passado criticava o Governo via Twitter e em entrevistas concedidas.

Um ato da esquerda petista critica a negociação com Carlos Eduardo e seu PDT. O senador Jean Paul Prates, a deputada federal Natália Bonavides, os deputados estaduais Francisco do PT e Isolda Dantas, além de militantes históricos não querem essa aproximação. Os rebeldes têm seus motivos. Antes Carlos Eduardo e sua esposa, Andreia Ramalho fizeram vídeos e atacavam o PT e o Governo nas redes sociais, que podem ser relembrados.

Carlos Eduardo entra 2022 na dúvida. Do lado petista, a tese é que não há nenhum sentido em apoiar o ex-prefeito de Natal para o Senado, pois seu desempenho nas pesquisas não passa de recall. A avaliação dos analistas é que Carlos Eduardo até tinha, há algum tempo, margem para pressionar. Mas qualquer possibilidade de sucesso caiu por terra depois o prefeito da capital, Álvaro Dias (PSDB) admitir que não tem compromisso com ele, e apoia o ministro Rogério Marinho (PL) para o Senado. Sequer a bancada de vereadores do PDT em Natal embarca em um projeto com o líder pedetista.

*É advogado, jornalista e ex-deputado estadual.

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