O alto custo da energia elétrica no Brasil tem levado muitas pessoas a
buscar soluções que diminuam o valor da conta de luz. Uma alternativa
interessante para as residências pode ser a energia solar que, segundo
especialista consultado pela Agência Brasil, é “boa para o bolso, para o
país e para o mundo”.
O potencial de geração de energia solar no
Brasil é imenso, mas ainda subaproveitado, principalmente em
residências. Isso se explica pelo fato de muitas pessoas não terem noção
do que é necessário para transformar tetos ou áreas abertas em pequenas
geradoras de energia por meio de placas solares. Algo que, de acordo
com o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade
de Brasília (UnB) Rafael Amaral Shayani, é mais simples do que parece, e
cujos benefícios vão além de uma conta de luz menos onerosa.
“A
energia solar de uso residencial, que é chamada de geração de
distribuída, é boa para o bolso do consumidor. Mas também é boa para o
país porque o Brasil é um país em desenvolvimento que vai precisar de
muita energia para crescer; e para o mundo, porque protege o meio
ambiente, já que não emite gases de efeito estufa”, destaca o engenheiro
eletricista em entrevista à Agência Brasil.
Boa para o bolso
A energia solar pode resultar em diminuição significativa dos gastos
com a conta de luz. Segundo Shayani , um investimento entre R$ 12 mil e
15 mil pode reduzir em até 90% a conta de energia.
“A pessoa,
então, passa a pagar apenas a parcela mínima, que é o consumo mínimo,
uma tarifa de disponibilidade do serviço”. O engenheiro diz diz que o
investimento é recuperado em cerca de cinco anos e que o sistema dura de
20 a 25 anos.
Boa para o país
A energia solar é também boa para o país, para lidar com a
expectativa de crescimento da demanda de energia, conforme o aumento do
número de fábricas e indústrias previsto para os próximos anos.
“A
Empresa de Pesquisa Energética (EPE) prevê que até 2050 o Brasil vá
triplicar o consumo de eletricidade, até em função do aumento
populacional e das consequências disso para o setor produtivo, já que
acarretará em mais uso de eletrodomésticos”, afirma Shayani.
Boa para o planeta
“Quando a energia é gerada no telhado da sua casa, você não está
queimando gás natural para gerar eletricidade. Você reduz a necessidade
de hidrelétricas, que alagam florestas, ou de carvão ou gás queimados
para a geração de energia por usinas térmicas. Portanto, é uma forma
muito boa de contribuir para proteger o meio ambiente”, complementa o
professor.
Para Shayani, um dos grandes desafios mundiais é gerar
mais eletricidade e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
“Nesse sentido, a energia solar vem como solução. Quanto mais pessoas a
adotarem, mais energia o país produzirá, e menos energias fosseis
precisarão ser usadas”, enfatiza o professor, que indica também o uso de
aquecimento solar por meio de tubos de plástico para, com o calor do
Sol, esquentar a água do chuveiro.
Placas fotovoltaicas
A grande vantagem do uso de placas fotovoltaicas, segundo Shayani, é a
possibilidade de “devolver” parte da energia consumida para a rede de
energia fornecida pela distribuidora local.
Para “devolver”
energia à rede fornecedora, é necessário ter, além do painel solar, um
inversor, já que a energia solar gera tensão contínua, e as tomadas das
residências usam energia alternada.
“Você liga seu sistema de
energia solar a uma rede elétrica da distribuidora que atende à cidade.
Ou seja, instala o sistema no telhado e ligao no mesmo disjuntor que a
companhia elétrica tem na sua casa. É o sistema mais barato porque não
depende de baterias que armazenem a energia”.
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) há, no Brasil, 775.972 sistemas solares desse tipo já instalados.
Chuvas e tempo nublado
Interligar as placas à rede distribuidora de energia é também solução
para evitar falta de energia em dias de chuva, tempo nublado, ou mesmo à
noite, quando não há sol. “É como se o relógio medidor de energia
rodasse para trás quando é dia e o consumo é menor. À noite, então,
quando não há sol, você vai pegar de volta essa energia, usando a
energia das hidrelétricas brasileiras. Aí o relógio vai para a frente”.
No
fim do mês, se a energia fornecida de dia for igual à recebida nos
períodos sem luz solar, é como se o relógio que marca o consumo ficasse
no zero. “O nome oficial disso é Sistema de Compensação de Energia.
Gera-se mais energia de dia para compensar o uso à noite, quando não tem
energia solar. É uma coisa interessante porque não precisa de baterias
para armazenamento, que são muito caras e altamente poluentes.”
Baterias
Em geral esse equipamento com baterias é usado em regiões isoladas,
onde não há fornecimento de energia por companhias elétricas. É o caso
de algumas comunidades do interior da Amazônia, na floresta.
“Além
de caras e danosas ao meio ambiente, essas baterias são como as de
carro: estragam-se muito rápido e precisam ser trocadas a cada três ou
quatro anos. O custo adicional delas faz o sistema [de captação e
geração de energia] quase dobrar de preço”, estima o professor.
Como funcionam
A energia solar é´uma inovação tecnológica que difere das outras
formas de geração de eletricidade porque é um sistema eletrônico. É
feita a partir de uma pedra de silício, substância que, depois do
oxigênio, é a mais abundante na Terra.
“A crosta terrestre é
feita de silício, material usado nos painéis solares. Quando a luz solar
incide sobre ele, pula um elétron, o que acaba gerando energia. Essa
corrente elétrica sai do telhado e entra nos equipamentos, energizando a
casa”, detalha o especialista.
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