O EFEITO DO AUMENTO DOS COMBUSTÍVEIS: Puxado pela alta do diesel, frete sobe 8,24% no Rio Grande do Norte em 30 dias


Transportadoras já aplicam para novos contratos preços atualizados, considerando a última alta do diesel, que representa 40% do custo. Foto: Adriano Abreu

O anúncio de reajuste no preço do diesel anunciado pela Petrobras na última semana tem causado preocupação em entidades e dirigentes do setor de serviços e produtos, que têm que reajustar também o frete para compensar os gastos com combustível. De acordo com uma pesquisa realizada pela Fretebras — uma plataforma de transporte rodoviário de cargas —, o preço do diesel no Rio Grande do Norte teve um aumento de 4,55% entre abril e maio, enquanto o valor médio dos fretes subiu 8,24%. Já entre maio de 2021 e maio de 2022, o diesel teve aumento de 47,51%, mas o preço dos fretes teve queda de 12,56%. Para a plataforma, o preço do frete rodoviário ainda não acompanha o crescimento nos preços do diesel.

O preço do litro do diesel vendido às distribuidoras teve um reajsute de 14,26%. Passou de R$ 4,91 para R$ 5,61, em anúncio feito na sexta-feira (17) nas refinarias da Petrobras. Por isso, trouxe reflexo nos fretes. No Brasil, entre abril e maio de 2022, o aumento do preço do frete foi de apenas 0,98%, enquanto o preço do diesel subiu 3,67%. Os dados da Fretebras mostram ainda que o valor médio do frete por quilômetro por eixo no país foi de R$ 1,02, em maio. No Nordeste, o frete custava R$ 0,99.

Para José Neto, gerente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Estado do Rio Grande do Norte (SETCERN), “houve um impacto muito grande”, e os reajustes nos fretes já estão sendo repassados ao consumidor. “A gente teve que repassar. Agora, os contratos que já estavam fechados, acaba saindo no prejuízo. Mas para os novos fretes está tendo que repassar. Não tem como as empresas se manterem sem que repasse esse aumento”, diz.

Segundo ele, as empresas vêm sofrendo. “Você fechou um contrato hoje e amanhã o preço do combustível já é outro. Com isso vem aumentando também a inflação. E tem outros insumos, de pneus, além de manutenção dos veículos. É complicado”, afirma. De acordo com Neto, hoje o óleo diesel corresponde a cerca de 40% dos custos das transportadoras.

O gerente diz que as empresas têm se articulado para evitar prejuízos, que afetam o preço do frete. Uma das medidas buscadas pelo setor foi com o projeto que limita o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis. Na última quarta-feira (15), a Câmara dos Deputados proibiu estados de cobrarem taxa superior à alíquota geral de ICMS, que varia de 17% a 18%, dependendo da localidade. Esse projeto foi sancionado na sexta-feria (24) pelo presidente Jair Bolsonaro. “Só que na última sexta-feira  (17) houve um aumento de 14,26%, e acaba que a conta não fecha”, lamenta José Neto.

Valcidney Soares | Tribuna do Norte

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