O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que cabe ao Senado ficar “vigilante” com a atuação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e que a Casa deve cobrá-lo sobre a taxa de juros, renovando as críticas ao responsável pela autoridade monetária que têm sido mal recebidas pelo mercado financeiro.
“Eu acho que o Senado tem que ficar vigilante. Porque eu lembro quantas críticas recebia da Fiesp toda vez que eu aumentava taxa de juro, eu lembro quantas críticas a gente recebia do movimento sindical quando aumentava a taxa de juros, eu lembro quantos senadores faziam discurso contra mim pelo aumento da taxa de juro. Agora eles não têm mais que cobrar do presidente da República, eles têm que cobrar dele (presidente do BC). E eles podem. É isso que eu espero”, disse Lula em café da manhã com jornalistas de veículos de esquerda no Palácio do Planalto.
“Eu estou muito tranquilo, eu não quero confusão. A única coisa que eu quero é que esse país volte à normalidade, esse país volte a crescer, voltar a gerar emprego, voltar a distribuir renda. É isso que eu quero. Se isso acontecer, eu estou feliz”, acrescentou.
As falas de Lula foram feitas após ele ter sido perguntado diretamente por um jornalista se o governo poderia buscar a exoneração de Campos Neto, citando a lei que dispõe da autonomia do BC, em que há a previsão para que o Conselho Monetário Nacional (CMN) possa fazer esse pedido. A exoneração teria de ser aprovada então pelo Senado com 41 votos dos 81 senadores.
A lei complementar 179 de 2021, que instaurou a autonomia do presidente e diretores do BC, prevê entre as hipóteses de exoneração dessas autoridades “quando apresentarem comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos” da instituição.
Procurado, o Banco Central não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre a declaração do presidente.
Lula e membros de sua administração têm criticado de forma recorrente a taxa de juros elevada, atualmente em 13,75%, e a independência do BC, com o petista afirmando que a instituição não faz mais agora do que quando seu presidente era trocado sempre que um novo governo assumia. O mercado financeiro tem reagido mal a esses atritos, temendo tentativas de intervenção do Executivo na atuação da autoridade monetária.
No encontro com os jornalistas, Lula disse que não discute com o presidente do BC, com quem se encontrou apenas uma vez, e disse que Campos Neto não deve explicações a ele, mas ao Congresso.
Para Lula, não é possível voltar a crescer no país com a Selic no patamar atual. “Eu só acho que esse cidadão… tem a possibilidade de maturar, de pensar e de saber como é que vai cuidar desse país. Porque ele tem muita responsabilidade”, disse.
CNN Brasil
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