Projeto da UFRN leva robótica de baixo custo a escolas públicas do RN


Só 13% das escolas públicas do Brasil têm aulas de programação ou robótica. Projeto tenta diminuir o déficit. Foto: Thiago Rocha

Um Robô por Aluno é o nome do projeto de extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que visa democratizar o acesso ao ensino da robótica no Estado. O trabalho, desenvolvido a partir da criação de robôs de baixo custo, tem a intenção de oferecer aos alunos de escolas públicas a oportunidade se aprofundar no tema; e aos professores, a capacitação para perpetuar a robótica dentro da sua realidade. Desde a criação, em 2013, o URA  alcançou cerca de 5 mil alunos da rede pública e graduação. Para este ano, a perspectiva é que mais 500 estudantes conheçam robótica através do projeto.

No ano em que completa a sua primeira década de existência, quatro parcerias diretas com escolas públicas do Estado foram firmadas, sendo elas em Baía Formosa, Lagoa Nova, Parnamirim e Natal. Alunos do ensino fundamental II – que compreende 8º e 9º anos – e alunos de ensino médio fazem parte do público-alvo. Levar os estudantes à participação em eventos como o II Encontro de Robótica Educacional do RN, que acontece em Natal, no mês de novembro também é um dos objetivos. “A gente queria criar um projeto que democratizasse a robótica educacional”, diz o coordenador do projeto, Aquiles Burlamaque. 

 A ideia surgiu frente às dificuldades da rede pública em oferecer aulas sobre novas tecnologias, disponibilizar laboratórios, além do alto custo dos kits educacionais de robótica, fundamentais no aprendizado. “A gente teve a ideia para resolver um dos problemas da robótica educacional nas escolas, que uma delas é justamente o kit educacional”, comenta Burlamaqui. O valor de um desses kits pode chegar a custar milhares de reais, com os mais caros deles em torno de R$ 10 mil. A intenção é formar novos por menos de R$ 200. 

Com a mudança, mais alunos poderão aprender de forma  dinâmica, com a ajuda dos pequenos robôs.  De acordo com a ultima pesquisa  divulgada pelo Instituto Locomotiva sobre o tema, em 2022, só 13% da escolas públicas do Brasil prevêem  ao menos uma aula de programação ou robótica na base curricular do ensino básico e médio. As escolas privadas não estão muito acima disso e aparecem com 21%.

Atualmente, o projeto conta com cerca de 40 participantes. Uma das voluntárias, Lívia Moura, 21, comenta que a pertinência da ação perpassa, principalmente, a vivência de novas experiências que auxiliam os estudantes em futuras oportunidades e até a decidirem suas futuras áreas de atuação. Muitos dos participantes sequer sabem quais materiais compõem um robô. “É uma experiência que deve ser vivida por todos os alunos que estão dentro de uma instituição de ensino”, afirma.

Como estudante de ensino público, a sua formação foi mais rica porque teve a oportunidade de vivenciar essas experiências, de acordo com ela, principalmente porque depois disso se encontrou enquanto  atuante da área tecnológica. Hoje, é estudante de Ciências e Tecnologia com ênfase em Mecatrônica. “Eu fui uma aluna de ensino público que teve um acesso também com relação à robótica e isso me fez acreditar que eu era capaz sim de ter atuante na área de tecnologia”, comenta. 

Há outras alunas que hoje vivem o outro lado da ação. Luana Camile, 18, e Suelen Pereira, 18, conheceram o projeto por volta de 2019 ainda no ensino médio da rede pública de Natal, juntas. Agora na graduação, trabalham para apresentar o URA para mais estudantes, na esperança de que eles se apaixonem tanto quanto elas se apaixonaram pela área.  “Eu nunca tinha tido contato assim, diretamente, com robótica educacional. Então, para  a gente foi uma experiência muito marcante”, disse Suelen. 

Depois que conheceram o URA, participaram da Olimpíada Brasileira de Robótica no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). “A olimpíada de robótica agregou bastante na nossa vida. Se não tivessemos participado do projeto, não teríamos essa oportunidade”, completa Luana. Para elas, a experiência de participar da olimpíada logos depois de conhecer o URA foi transformadora e por isso, decidiram continuar parte dessa ação.

Líria Paz | Tribuna do Norte

AnteriorPagina Anterior ProximaProxima Pagina Página inicial

0 Comments:

Postar um comentário