Para isso, futuro governador pretende utilizar, com autorização da Caixa, o dinheiro de obra da Roberto Freire
O governador eleito do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), confirmou na manhã desta quarta-feira, durante entrevista à Rádio Cidade (94 FM), que irá construir a terceira ponte sobre o rio Potengi, o que fará com os recursos da obra de readequação da Roberto Freire, contestada por comerciantes e ambientalistas. Os recursos da obra da avenida, assegurados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por meio de convênio entre o governo do Estado e a Caixa Econômica Federal (CEF), da ordem de R$ 137 milhões, estão assegurados e o superintendente da CEF, Paulo Linhares, garantiu ontem que eles podem ser remanejados para a “Ponte da Eficiência”, primeira obra de mobilidade do governo Robinson Faria para a capital do Rio Grande do Norte.
“Lá na Caixa me mostraram o projeto da Roberto Freire. Eu não quero aqui ser o dono da verdade, pois não sou nem engenheiro, tecnicamente essa obra está até licitada. E não quero ser o governador que vai parar as obras porque vem de outro governo, não. Mas eu tenho minhas prioridades. Eu prometi que governaria para o cidadão, e o que eu vejo mais urgente em obra de infraestrutura no Rio Grande do Norte é a questão da mobilidade, é a terceira ponte na zona Norte para a zona Sul”, afirmou o governador, nesta manhã.
Para justificar a adequação ao convênio e a construção da terceira ponte, Robinson lembrou o olhar do trabalhador de Natal que precisa atravessar o rio Potengi para trabalhar diariamente, levando até duas horas dentro de um ônibus. “Eu vi o olhar das pessoas dentro dos ônibus durante a campanha, ficava até constrangido com o olhar de tristeza do pai de família, da mãe de família, gastando duas horas para atravessar o rio Potengi para trabalhar na zona Sul ou vice-versa. Quem mora aqui e trabalha na zona Norte é uma humilhação um pai de família ou uma mãe de família passar 4 horas, podendo estar com seus filhos em casa, ajudando a fazer a lição da escola de seu filho. São pessoas de classe média para baixo, são mais humildes. E a terceira ponte irá dar mais qualidade de vida a essas pessoas”, afirmou.
Ao defender a ponte como um gasto eficiente de gestão, por resolver um problema que afeta milhares de famílias natalenses, Robinson criticou o critério meramente plástico usado pelo governo atual para defender o projeto de adequação da Roberto Freire. “Ai eu pergunto, é obra de infraestrutura? É, mas vai dar dignidade, qualidade de vida a 500 mil pessoas que transitam diariamente entre a zona Sul e Norte. Qual a mais importante? Uma obra que tem um efeito postal, um efeito plástico, como se fosse uma obra de arte, que não é, ou uma obra que vai devolver a qualidade de vida da população?”, indagou.
“Ontem perguntei na Caixa Econômica Federal para não perder esse recurso se poderia usar esse empréstimo que o Estado vai fazer. O povo vai pagar esse empréstimo, não é uma obra que é do governo federal. É um empréstimo bancário, uma operação de crédito do governo estadual. Eu vejo que essa obra da Roberto Freire é uma obra que até agora não me convenceu. Para mim, obra de infraestrutura será aquela que traga retorno social e qualidade de vida para à população. Essa será a prioridade de nosso governo”, completou.
TURISMO
Na área do turismo, Robinson disse que Natal é a cidade mais bonita do Brasil e o Estado tem 400 quilômetros de litoral com as praias mais bonitas, possuindo ainda um vetor de turismo religioso que pode gerar um calendário de eventos com juntamente com o turismo de eventos. “Eu vou fazer a minha parte com equipamentos, construindo o novo Centro de Convenções”, disse.
Para intensificar o fluxo de turistas no Estado, Robinson prometeu rever a questão do querosene de aviação. “Irei fazer para termos uma quantidade de voos de volta para o nosso Estado, gerando empregos novos. Eu vou fazer pelas as pessoas, não pelos empresários, que sequer estavam me apoiando, mas eu vou ajudá-los, porque eu vou ser o governador que vou fazer esse tipo de fomento na cadeia produtiva do turismo, porque eu vou governar para as pessoas, para o cidadão”.
Julianne no Social
Na área social, Robinson confirmou que será uma das mais importantes na sua administração, com a criação do “RN Mais Justo”, um programa de assistência social aos que mais precisam no Estado. Para a missão, o futuro governador já destacou a advogada e analista de sistemas Julianne Faria, sua esposa, que teve participação preponderante na campanha do marido, sobretudo em Natal e região metropolitana, ao visitar o cinturão da miséria, e conhecer de perto as agruras dos que são abandonados pelo poder público. “Julianne, a minha esposa, vai ajudar na área social. Ela está na equipe de transição para aprender, porque ela quer assumir, me ajudar nesta área social”, confirmou Robinson.
Segundo o governador eleito, Julianne participou de forma efetiva da campanha e andou por Natal inteira. “E ela viu, chorava quando via a carência das pessoas e se sentiu motivada para ajudar na área social. Acho perfeitamente normal e na frente o povo irá julgar. Estou convicto que ela fará um bom trabalho e vou estar com ela ajudando na área social”, promete o governador eleito, afirmando que o trabalho no social terá a atenção especial dele porque o RN é um Estado pobre em que grande parcela da população vive na miséria e necessita de um aporte especial do Estado. “O povo cansou dos governos convencionais, que não inovaram. Eu tenho essência inovadora. Eu vou inovar na minha gestão. Quero devolver a dignidade às pessoas. Eu passo o dia todo pensando no que eu vou fazer, na parte social, por exemplo, eu nunca vi nenhum governo abraçar as causas sociais como eu vou abraçar”, declarou.
SEGURANÇA
Na segurança, além de valorizar a PM e a Polícia Civil, cedendo aos pleitos dos segmentos, mas cobrando resultados, Robinson prometeu combater o tráfico de drogas, criando uma polícia de inteligência e eficiente. “Estou estudando há muito tempo isso”. Depois, quer apoiar os centros de reabilitação dos dependentes químicos. Além disso, pretende dar oportunidade aos dependentes químicos voltarem a ter amor pela vida, devolvendo a sua autoestima. “Como vou fazer isso? Vou criar uma política de incentivo fiscal para as empresas que adotarem um ex- dependente químico que perdeu a esposa, ou que perdeu os filhos, ou que perdeu os amigos, ou que perdeu a esperança pela vida, a vontade de viver. Se ele não tiver um emprego vai sentir uma pessoa marginalizada pela sociedade”.
IDEMA
Na economia, Robinson disse que irá dar mais transparência e agilidade ao IDEMA, órgão que concede as licenças para novos empreendimentos no Estado. “O investidor que vem para o RN quer ter segurança jurídica, a começar pela licença ambiental. Você sabe que tem hoje 6 a 7 bilhões de reais adormecidos no IDEAMA? De empresas que já podiam estar funcionando e não estão por falta de licença ambiental? Que critério é esse que o IDEMA usa? Por que tanto atraso? Qual é a modalidade? Qual é a prioridade? Temos que dar ao IDEMA transparência e agilidade. O IDEMA não pode ser um instituto que atravanque o desenvolvimento, deixe de fomentar a nossa economia. Hoje, para abrir uma empresa no RN, é uma dificuldade”, disse.
Robinson reafirmou que irá implantar, no RN, a Central do Empreendedor. “Nessa central você vai facilitar a vida de quem quer abrir uma empresa. Lá você terá a licença do Corpo de Bombeiros, a licença ambiental e as demais licenças. Você vai ter agilidade de abrir uma nova empresa e aí você vai abrir rapidamente a oferta de emprego para o nosso povo”.
“Eleição foi um recado para mim e para os que perderam”
Um governo diferente porque estará sintonizado com as ruas e as pessoas. É assim que o governador eleito Robinson Faria depreende que deve governar, para poder responder ao chamado “recado das urnas” obtido das eleições de 2014 no Rio Grande do Norte. “A eleição foi um recado para mim, governador eleito, e para os que perderam. Foi um recado muito forte. Não foi apenas a vitória de Robinson, mas contra a política antiga, tradicionalista e ainda um pouco coronelista de confiar nas chefias, nos chefes municipais, em detrimento do sentimento popular. Esse foi o recado muito claro”, afirmou ele, durante entrevista na Rádio Cidade esta manhã.
“A minha campanha foi feita pela militância juventude, tive muitos jovens, muitas mocinhas e rapazes, eu percebia que estavam muito dispostos ao enfrentamento, a esse comodismo, à conveniência do acordão e o nosso nome foi crescendo e eu tinha a consciência que eu tinha dificuldade, porque eu nunca fui protagonista, tenho toda humildade de falar isso, sempre fui deputado estadual aqui no Agreste, com muito orgulho, a região que me deu seis vitórias de deputado estadual e pelo menos eu tinha meu ponto de partida, a minha casa para largar dela e voltar para ela e fui desbravando o Estado”, afirmou, ao relatar o sentimento de ter derrotado o que foi classificado por ele de acordão nas eleições deste ano.
“Desacreditado no começo, motivo de chacota, fui subestimado, nada me abalou, nada me intimidou, eu só fazia crescer na motivação, alguns membros do mundo político diziam, você fez uma loucura, ser candidato a governador, não crie expectativa, eu não tenho nenhuma chance de vitória. Quando aquela pessoa ia embora, deputados, prefeitos que me diziam isso, além de dizer que não iam me apoiar, ainda davam essa mensagem de desânimo, mas quando saia eu esquecia e parecia que não tinha acontecido nada, aquela conversa e colocava meu carro na estrada e ia embora atrás de crescer”, acrescentou.
Robinson relatou que chegava a dormir apenas três horas por noite. “Foi uma campanha de muita superação, de muita obstinação, onde eu dormia apenas duas horas por noite, quando dormia muito, dormia 3 horas por noite, não almoçava, não era falta de fome, não; era falta de tempo. Se eu parasse para almoçar eu deixava de fazer duas cidades ou mais. E como eu era o candidato desconhecido eu tinha que me apresentar ao Estado inteiro, foi uma trajetória de muita superação, era almoçando bolacha dentro do carro, coca-cola, pegando na fome para poder cumprir agenda, mas acho que valeu à pena, porque não apenas pela vitória, mas valeu à pena pelo o que eu vi na rua, as mudanças”, disse.
Segundo ele, o povo compreendeu sua mensagem. “Compreendeu tão bem, que fomos para o segundo turno. Ganhei em cidades que eram ditas matematicamente vitoriosas pelo adversário, sem apoio, seriam vitórias muito grande, muito desigual, até para humilhar o candidato adversário, a nossa candidatura. Caicó, por exemplo, a nossa candidatura do primeiro turno contou com o apoio de apenas de um vereador, lá tinha 4 deputados da terra, o prefeito do PMDB, o vice-governador da terra, existia uma contabilidade de mais de 10 mil votos de maioria para o candidato do acordão e eu empatei no primeiro turno, com uma diferença insignificante de apenas 300, 400 votos. E no segundo turno eu já venci, então você veja que foi uma eleição em que partiu do voto silencioso”, contou.
Robinson conta que o primeiro turno foi uma campanha de muito desafio, de resistência, de muita coragem, uma campanha em que ele convocava a sociedade a refletir sobre o sentimento de liberdade. “E eu dizia o seguinte: eu já me sinto vitorioso em dar a oportunidade de meu Estado escolher com liberdade o seu governador, aquele que teve uma proposta para segurança, para a saúde, para o problema da falta de água e de todos os problemas que afligem a eficiência do serviço público. Disse que não poderia no Brasil democrático de hoje uma eleição de um palanque só e essa convocação que eu fiz ao povo para resistir, uma convocação, um chamamento para a resistência, para refletir sobre a liberdade de escolha, numa campanha em que o povo pudesse dar uma resposta a um acordão que nasceu muito longe da opinião popular, nasceu em Brasília, numa conveniência e que o povo apostasse na convicção, que não apostasse na conveniência de famílias que se perpetuavam no poder ao longo de 50 anos, mudando apenas os seus sobrenomes, que era a hora da ruptura, de nascer e construir uma política nova”.
Fonte: O Jornal de Hoje
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