Olho D’Água Velho fica na zona rural de Mossoró e é uma das comunidades que sofre com a estiagem, que dizima o gado e faz com que os produtores vendam também as criações de caprinos e ovinos.
Olho D’Água Velho fica na zona rural de Mossoró e é uma das comunidades que, apesar de possuir uma cisterna comunitária com capacidade para 22 mil litros de águas, sofre com a estiagem que assola a região, dizimando o gado e fazendo com que os produtores vendam também as criações de caprinos e ovinos, por causa da falta do recurso natural e dos roubos às propriedades. Segundo o presidente do Sindicato da Lavoura, Francisco Gomes, o problema se acentua nesse período em que as chuvas ficam totalmente escassas e o pequeno agricultor tem que vender seus animais para não vê-los morrer de fome em meio à caatinga.
“São 43 famílias e antes tínhamos grandes dificuldades aqui, com casas de taipa. Ainda há algumas. Sobre a questão da água, logo quando criamos a associação daqui, tivemos grande apoio da Emater, no sentido de construir o reservatório. A comunidade cresceu e as necessidades também. Hoje, a água para o consumo humano aqui é um produto raro e a dos animais é um tanto salobra”, diz Francisco.
Com a crise que afeta o cenário nacional, e a falta de chuvas na região, os produtores encontram diversas dificuldades.
“Temos hoje um problema grave: a seca não devasta apenas o gado, mas massacra o produtor. Em último caso, eles abandonam até a terra”, fala Francisco, explicando que a Operação Carro-Pipa, uma parceria com o Exército Brasileiro, é que tem aliviado o problema na região.
Os animais, segundo ele, estão sem comida, sem água e tratamento e acabam por morrer em meio ao mato ou são vendidos, para não sofrerem mais. “O animal precisa de ração, precisa de pasto. De todos os animais, somente o bode é mais resistente, pois come cascas e outros resíduos secos”, fala, explicando que mais dez carros-pipa estão programados.
São 172 comunidades rurais afetadas pela estiagem. “Temos um rio aqui e um dessalinizador. Mas existe a questão da ração. Para o animal, a água até serve, mas existe a irrigação… o pasto precisa de muita água. Há, também, a questão da segurança das propriedades, pois estão sendo registrados roubos de animais em toda a região. Assim, o agricultor acaba por vender, para não ser roubado”, destaca, salientando que, mesmo na atual situação, a comunidade rural é resistente diante das dificuldades.
No trecho que dá acesso à comunidade, é visível a estiagem e o sofrimento de alguns animais. “Quem leva o sustento para a cidade é o campo. O campo deve ser olhado com urgência pelo Governo, no sentido de salvaguardar as produções e seus produtores”, frisa.
“Quando o campo sofre, todos os demais, por consequência, também sofrem”, completa o sindicalista. “É preciso que se invista mais na questão hídrica. Na irrigação, no acompanhamento dos assentamentos produtores e comunidades”, ressalta.
Sindicato trabalha para minimizar efeitos da seca
A luta de Francisco junto à associação tem gerado resultados. “Apesar de todas as dificuldades, essa gente daqui é resistente, gosta do lugar e quer produzir. Cada casa hoje tem seu reservatório, temos transporte escolar e o acesso à comunidade foi feito durante esse momento. Atualmente, nosso maior empenho é pelo programa Minha Casa, Minha Vida na comunidade. Existem muitas ideias, mas as dificuldades também são grandes”, destaca.
As conversas com a Caixa Econômica e a Prefeitura Municipal de Mossoró já foram iniciadas, no sentido de que a comunidade seja inserida no programa de habitação do Governo Federal.
“A Emater, a Prefeitura e o Governo Federal têm olhado sempre com bons olhos por nossa comunidade e por isso nós contribuímos tanto para esta terra. A maioria dos proprietários dessas terras é de posseiros. Mais de 30 foram beneficiados com os títulos da terra. Até houve uma coisa engraçada: o Governo nos deu três títulos de terra!”, diz, sorrindo o sindicalista, que como todo sertanejo é um forte.
Fonte: Gazeta do Oeste
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