No Globo de ontem: “Estreita-se o cerco a Eduardo Cunha”

Ricardo Noblat

Cartão vermelho Eduardo Cunha (Foto: Arte: Antonio Lucena)
Na semana passada, Joaquim Levy, ministro da Fazenda, ouviu de um amigo revelações sobre os bastidores da queda em 1992 do então presidente Fernando Collor.
A certa altura, o amigo lhe disse: “Pois é, naquela época tínhamos Ulysses Guimarães, um estadista, conversando com Itamar Franco, o vice que sucedeu Collor. Hoje, quem temos?
Levy respondeu, irônico: “O Cunha?”
No caso, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, desafeto assumido de Dilma e do seu governo.
Eduardo é o segundo na linha de sucessão direta de Dilma. Se amanhã ela cair, assume Michel Temer, o vice-presidente.
Se os dois caírem, assume Eduardo.
E quem confia nele?
A fama de Eduardo sempre foi a de um político que ama tirar vantagens de tudo. Agravou-se com as suspeitas que passaram a enlamear sua reputação no rastro da Operação Lava Jato.
Até ontem, eram dois os delatores que acusavam Eduardo de cobrar e receber propina. Apareceu mais um: Fernando Baiano, tido como operador do PMDB no saque à Petrobras.
Em um dos seus depoimentos, Baiano confirmou o repasse de propina a Cunha, que teria recebido US$ 5 milhões para facilitar a compra pela Petrobras de dois navios-sonda da Samsung Heavy Industries.
Júlio Camargo, lobista da Samsung, havia contado que pagou, ao todo, US$ 40 milhões a Cunha, ao próprio Baiano e ao ex-diretor da área de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró pela intermediação da compra dos navios-sonda Petrobras 10000 e Vitoria 10000 — um negócio de US$ 1,2 bilhão.
Outro delator, o doleiro Alberto Yousseff, disse que, a pedido de Camargo, ajudou repassar para Baiano parte da propina que teria como destinatário final o presidente da Câmara.
O cerco a Cunha só faz se fechar. Inquérito contra ele corre no Supremo Tribunal Federal (STF). Se o Procurador Geral da República oferecer denúncia contra Cunha, e se o STF a receber, como ele poderá continuar presidindo a Câmara?
É isso o que será arguido por seus adversários, para felicidade de Dilma.
Eduardo, naturalmente, alega ser inocente.
Mas por que – ora diabos! – três pessoas, assim do nada, contariam a mesma história escabrosa a respeito dele?
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