Josias de Souza
O novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), convocou para as 16h desta quarta-feira a primeira reunião da Mesa diretora da Casa de sua gestão. Os deputados que integram o colegiado foram convocados a Brasília em pleno recesso para tratar de um tema imobiliário. Aprovarão a mudança de Eduardo Cunha da residência oficial de presidente para um apartamento funcional. Em privado, o próprio Cunha manifestou o desejo de apressar a troca de endereço.
Se tudo correr como planejado, o ex-todo-poderoso da Câmara não permanecerá no apartamento por muito tempo. Em entrevista, Maia disse que espera pautar a votação da cassação do mandato de Cunha a partir da segunda semana de agosto. Absteve-se, porém, de estipular a data. Sem alarde, negocia a descida da lâmina com os líderes partidários para o dia 9, uma terça-feira, ou 10 de agosto, uma quarta. Dá-se de barato que Cunha está fadado a virar ex-deputado.
Na prática, Cunha já não exerce suas atividades parlamentares desde 5 de maio. Nesse dia, em decisão unânime, os 11 ministros do STF o afastaram do mandato e da presidência da Câmara por tempo indeterminado. Consideraram que, “além de representar risco para as investigações penais” que o envolvem, Cunha tornara-se “um pejorativo que conspira contra a própria dignidade da Câmara”.
A despeito dessa decisão, Cunha conservou todas as regalias que o dinheiro público costuma pagar a um chefe de Poder. O que já parecia impróprio tornou-se inadmissível depois que Cunha renunciou à presidência da Câmara, numa tentativa desesperada de sdalvar o mandato. Mesmo sem dar expediente, Cunha custa ao contribuinte pelo menos R$ 541 mil por mês.
Além do salário mensal intacto (R$ 33,7 mil), o réu da Lava Jato tem à sua disposição os serviços de 64 servidores —23 pessoas no gabinete de deputado (R$ 92 mil por mês) e outras 41 na residência oficial da Câmara (R$ 371,1 mil mensais). Dispõe também de dois carros oficiais (R$ 9,4 mil de aluguel); despensa cheia (R$ 29,6 mil); água, luz e telefone (R$ 5 mil).
Na reunião desta quarta-feira, além de assegurar um apartamento para Cunha, os deputados que integram o colegiado que comanda a Câmara devem manter o salário, os 23 servidores do gabinete e a assistência médica. Confirmando-se a cassação, Cunha perderá, finalmente, o direito de importunar o contribuinte. Perderá também algo que valoriza acima de todas as coisas: o foro privilegiado. Seus processos escorregarão da Suprema Corte para a mesa de Sérgio Moro, o juiz da Lava Jato.
Além de Maia, apenas o deputado Beto Mansur (PRB-SP), primeiro-secretário da Câmara, estava em Brasília. Comprometeram-se a se deslocar dos seus Estados: Fernando Giacobo (PR-PR), segundo-vice-presidente; Felipe Bornier (Pros-RJ), Mara Gabrilli (PSDB-SP), terceira-secretária; e Alex Canziani (PTB-PR), quarto-secretário.
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