Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
Por Ney Lopes*
Concluídas as eleições no Executivo e Legislativo, o país caminha para a fase da consolidação de uma paz nacional, sem o que continuará o clima de incertezas.
O discurso do presidente Lula é de respeito ao Legislativo, para se contrapor ao confronto do governo Bolsonaro.
Esse propósito permite concluir que o poder federal está com uma divisão tripartite: Lula, Rogério Pacheco e Arthur Lira.
Incluam-se no rol políticos oposicionistas não radicais, sensíveis aos interesses nacionais e capazes do diálogo democrático.
O efeito político mais significativo está no legislativo, com a sobrevivência do “centrão”.
Esse bloco sai fortalecido e resiste ao novo governo, como resistiu ao governo Bolsonaro.
Na verdade, o “centrão” é uma coalizão de partidos, com representantes legitimamente eleitos, que trabalha de forma pragmática.
Para apoio no Congresso, o bloco exige coparticipação no governo.
Lula e Bolsonaro, críticos desse método, dobraram-se as pressões e negociaram cargos.
Em princípio, a presença de aliados na administração é consequência do presidencialismo de coalizão, que consiste em negociações políticas, que assegurem apoio ao governo nos seus projetos, ao longo de seu mandato.
Há uma situação atípica no país, em razão dos últimos acontecimentos de radicalismo em Brasília. O discurso do senador Rodrigo Pacheco mostrou isto, ao enfatizar atos de ameaças às instituições.
Ele não deixou claro se atos passados, ou futuros, o que dá entender que continua o clima de “nós contra eles”, aliás também alimentado pelos derrotados, em outubro passado.
O ideal teria sido colocar o Senado como uma força de equilíbrio e moderação e condenar revanchismo.
Já o presidente da Câmara, Arthur Lira, preferiu as generalizações, talvez por ter aglutinado uma ampla base heterogênea de apoio.
Lira, em razão de sua expressiva vitória, assume a condição de principal força política no Congresso, com quem o governo de Lula terá de manter diálogo.
A prioridade será a pauta econômica com a tramitação da reforma e do projeto de um novo arcabouço fiscal, no primeiro semestre do ano.
A discussão da nova âncora fiscal para substituir o teto de gastos pode acabar ficando em segundo plano com a reforma tributária ganhando a dianteira.
Neste cenário, começa definitivamente a marcha de mudanças exigidas pelo país.
Não será fácil concretizar todas as reformas, mas não é impossível que as principais mudanças sejam afinal realizadas.
Acima de preconceitos e posições político-ideológicas, cabe um voto de confiança na trilogia Lula, Pacheco e Lira.
Afinal, todos torcemos pelo Brasil!
*É jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino-Americano, procurador federal – nl@neylopes.com.br – blogdoneylopes.com.br.
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