Dilma Rousseff demorou quase cinco meses para encontrar um substituto
para Carlos Lupi. Para não chegar ao Dia do Trabalhador sem um ministro
do Trabalho, indicou, às carreiras, o deputado Brizola Neto. O PDT,
partido do velho e do novo ministro, sentiu-se alvejado pelas costas.
Ouça-se o vice-presidente e líder da legenda na Câmara, André
Figueiredo (CE): “O ministro Gilberto Carvalho [Secretaria-Geral da
Presidência] ligou depois da decisão tomada, para nos comunicar.
Coloquei a insatisfação de nunca ter sido chamado, nos últimos cinco
meses, para conversar.”
Escute-se o ex-líder na Câmara, Giovani Queiroz (PA): “A presidente
está mal assessorada. Se a assessoria tivesse dito a ela que ele não tem
a simpatia, nem tem trânsito nem na bancada nem na Executiva, ela não
teria indicado. Ideli [Salvatti, ministra de Relações Institucionais]
sabia. Se ele tem o apoio das centrais, a presidente nomeou o ministro da Força Sindical, não do PDT.”
Um pouco mais de Giovani: “Brizola Neto não conseguiu ganhar a
confiança da bancada. […] Ele é o queridinho da presidente, não é nosso.
Se [Leonel] Brizola estivesse vivo, ele teria levado umas palmadas,
apesar da lei. Ele trai princípios partidários do PDT. No Ministério
fará o jogo da presidente não o de interesse do partido.”
Experimente-se dar ouvidos ao secretário-geral do PDT, Manoel Dias:
“O partido não avaliou. O partido está perplexo, porque ela [Dilma] fez
uma indicação pessoal dela. Ela comunicou a escolha do ministro. Os
partidos todos são ouvidos. Ao PDT, ela comunicou.”
Aproxime-se o microfone dos lábios do líder do PDT no Senado,
Acir Gurgacz (RO): “É importante dizer que não é indicação nossa, mas
que nós também não vetamos. Respeitamos a escolha da presidente.”
Cabe perguntar: se o objetivo não era obter a simpatia do PDT e
garantir os votos da legenda no Congresso, por que diabos Dilma não
acomodou na poltrona de ministro do Trabalho alguém do ramo,
apartidário, realmente talhado para o cargo?