Morrer não significa deixar de ganhar dinheiro. Pelo menos, em algumas repartições públicas estaduais. Auditoria realizada pela Secretaria Estadual de Administração revelou, recentemente, que servidores do Estado que já morreram "continuam recebendo" seus salários normalmente. Na verdade, terceiros estão recebendo em nome dos mortos.
Somente na Secretaria Estadual de Educação foram 160 casos, além dos aposentados que continuavam na folha de pessoal do Governo. A descoberta provocou preocupação no Governo, que já iniciou uma varredura nas demais secretarias. "Se na Educação tivemos esse número, acreditamos que isso seja ainda maior, levando em consideração as outras secretarias", explica o procurador-geral do Estado, Miguel Josino. Esses casos estariam ocorrendo desde 2005.
Ele estima em R$ 1 milhão o prejuízo mensal aos cofres públicos devido a casos desse tipo, mas outros casos como o de profissionais que não tinham exercício profissional comprovados. Ou seja: recebiam dinheiro sem trabalhar. "Na Educação, foram 1.775 casos assim, sendo que 1.254 foram convocados e se apresentaram, 177 estão tendo os documentos analisados e 324 ainda não compareceram para dar explicações", disse o secretário estadual da Administração, Álber Nóbrega.
No caso dos mortos, a auditoria identificou que há casos também em que o dinheiro foi depositado nas contas dos servidores, mas continuaram no banco. "Mas, em outros percebemos que houve retirada indevida, já que esse servidor está morto e, portanto, não pode estar trabalhando. Tem alguém recebendo por ele", disse Álber.
Miguel Josino disse que, nos casos em que for comprovada a má fé de alguém e essa pessoa for identificada, ela responderá criminalmente por isso e terá de ressarcir os cofres públicos. "Quando tivermos informações sobre a situação total vamos encaminhar ao Ministério Público, que tomará as medidas cabíveis", comentou o procurador.