Em clima de começo de campanha eleitoral, o senador Aécio Neves (MG),
presidente nacional do PSDB, participou neste sábado (21) de encontro
regional do partido em Maceió (AL), o primeiro de quatro eventos que a
sigla quer promover pelo país até o final do ano.
Em discurso para militantes e políticos tucanos, Aécio disse estar na "largada de uma linda aventura a favor do Brasil".
"Hoje o PSDB se reencontra com sua própria história [...], a construção
de um partido político que nascesse longe das benesses do poder e
próximo das ruas que se assustam com a inércia, incompetência e
irresponsabilidade de um governo que vende ilusões, mas não entrega
resultados", afirmou o senador, que ainda não assumiu a candidatura em
público.
Críticas ao andamento de obras federais no Nordeste deram o tom dos
discursos dos tucanos no evento. Foram citadas obras como a transposição
do rio São Francisco, a refinaria Abreu e Lima e a ferrovia
Transnordestina, todas inacabadas.
Cerca de 700 pessoas, com bandeiras e camisetas do PSDB, lotaram um dos
auditórios do centro cultural Ruth Cardoso, na capital alagoana. Aécio
chegou ao local por volta das 10h30, com uma hora e meia de atraso, ao
lado dos tucanos Teotonio Vilela Filho, governador de Alagoas, Rui
Palmeira, prefeito de Maceió, e dos senadores Cássio Cunha Lima (PB),
Cícero Lucena (PB) e Aloysio Nunes (SP).
Militantes cercaram o grupo, que acabou "encurralado" diante de um
painel de divulgação. Aécio chegou a pedir calma para conceder
entrevista.
Uma integrante de caravana do Ceará, que pediu para não ser
identificada, contou que a viagem até Maceió começou na quinta-feira
(19). Ela disse ter sido convidada por dirigentes do PSDB cearense, que
bancou transporte e estadia de um grupo de aproximadamente 45 pessoas.
DISCURSO
"Chega de engodo, chega de enrolação. O Brasil quer respostas e nós do
PSB estamos prontos para enfrentá-las", afirmou Aécio em seu discurso,
aos gritos.
A possibilidade de realização de prévias para definição do candidato
tucano à Presidência --o ex-governador de São Paulo José Serra também
pleiteia a indicação-parecia nula, a julgar pelas declarações de alguns
tucanos presentes.
"Alguém acha que existe alguma possibilidade dele [Aécio] não ser o
nosso candidato à Presidência da República? O Aécio não é só candidato
como vai ser o presidente da República do Brasil", afirmou o
ex-governador do Ceará Tasso Jereissati, que ensaia retorno á vida
pública.
O ex-presidente do PSDB e deputado federal Sérgio Guerra (PE) disse que "se Deus quiser" Aécio será presidente.
Em entrevista antes do evento, Aécio retomou as críticas à capacidade gerencial da gestão Dilma Rousseff.
"O Brasil virou hoje um grande canteiro de obras inacabadas e não se
justificam essas obras com sobrepreço e sem que sejam concluídas", disse
o senador, para quem o PSDB tem "a obrigação de restabelecer a
credibilidade do Brasil".
BOLSA FAMÍLIA
Ao comentar os programas de transferência de renda que beneficiam grande
fatia da população nordestina, Aécio disse que o Bolsa Família, maior
programa social da gestão do PT no Planalto, está "no DNA do PSDB",
porque nasceu do programa Bolsa Alimentação, da gestão Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002).
Aécio comentou a entrega, pelo PSB, dos cargos no governo Dilma, e
voltou a elogiar o presidente nacional pessebista e governador de
Pernambuco, Eduardo Campos.
"Sempre tive uma relação pessoal muito próxima com o governador de
Pernambuco e o PSDB sempre teve uma relação política com o PSB em vários
Estados, a começar pelo meu próprio Estado. E o Eduardo é conhecido
como homem de 'tirocínio', um homem público que enxerga lá adiante, e
não tenho dúvida que esse desembarque [do PSB dos cargos no Planalto]
ocorreu em razão da percepção que nós já temos há muito tempo, e ele
passa a ter de forma clara agora, de que esse ciclo de governo do PT
está se encerrando", disse.
Fonte: Folha de SP