Ex-presidente Lula diz a ministro que 'faltou conversa' entre PSB e a presidenta Dilma

Em meio à crise que envolve o PSB e o governo federal, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra (PSB), ouviu ontem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que "faltou conversa" para evitar o rompimento da sigla com Dilma Rousseff.
Após entregar o cargo à presidente, anteontem, o ministro pediu audiência reservada com Lula, em São Paulo. Eles conversaram uma hora e meia na sede do Instituto Lula, no bairro do Ipiranga.
Segundo o ex-presidente disse a Bezerra, é preciso manter "canal aberto" entre PT e PSB, para a manutenção da aliança entre os partidos, inclusive no Estados.
Lula deixou claro que não faz coro aos petistas que defendem a entrega de cargos nos governos comandados pela sigla socialista dos quais o PT faz parte, como Pernambuco, Espírito Santo, Ceará, Amapá e Piauí.
Na segunda-feira, a Executiva Nacional petista vai se reunir em São Paulo e pode decidir sobre o assunto.
DESEMBARQUE
O rompimento das duas legendas já produz consequências no Rio Grande do Sul.
O PT, que comanda o governo com Tarso Genro, fala em pedir os cargos do aliado em nome da "coerência". O PSB gaúcho tem hoje o vice-governador Beto Grill e a Secretaria da Infraestrutura, uma das mais relevantes.
"Sair do governo Dilma e querer ficar conosco não tem espaço, não é coerente", diz o deputado estadual e presidente do PT-RS, Raul Pont, segundo quem a posição é consenso entre petistas no Estado.
A relação vem se deteriorando nos últimos meses. Em agosto, o governador Eduardo Campos (PE), que tem projeto de se lançar candidato a presidente em 2014, foi ao Rio Grande do Sul e não se encontrou com Tarso.
Campos preferiu se reunir e posar para fotos com a expoente da oposição local, a senadora Ana Amélia Lemos (PP), que deve disputar o governo com Tarso em 2014.
Na semana passada, a bancada do PSB na Assembleia também deixou de votar com o governo em um importante projeto sobre impostos.
Uma decisão do PSB gaúcho sobre o rompimento não deve ser tomada imediatamente. O partido quer montar palanque para Campos e avalia se lança candidatura própria ou se apoia Ana Amélia.
"Ok, vamos desembarcar do governo Tarso. Mas vamos para onde? Nunca vi alguém fazer as malas se não tiver para onde ir", diz o dirigente do PSB gaúcho Heitor Schuch.
Tarso afirmou ontem, em entrevista a uma emissora de rádio local, que deve aguardar a definição do partido aliado. Ele defendeu seu vice e disse que está "satisfeito" com o secretário indicado pelos socialistas ao governo. 

Fonte: Folha de SP

AnteriorPagina Anterior ProximaProxima Pagina Página inicial