Numa decisão surpreendente, o PSB deve entregar
nesta quarta-feira (18) os cargos que detém no governo Dilma Rousseff,
inclusive os dos ministros Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional)
e Leônidas Cristino (Secretaria de Portos).
A decisão deve ser anunciada em reunião na sede do partido na manhã desta quarta.
Na tarde desta terça, o presidente do partido, governador Eduardo
Campos (PE), fechou uma rodada de conversas, inclusive com os dois
ministros do partido.
“Não vamos ficar nesse balcão de cargos”, desabafou Campos, segundo relato de um parlamentar que presenciou uma das reuniões.
Nessas conversas, Campos disse que, mesmo sem cargos, vai ajudar o
governo no que for necessário. “Para fazer o que for importante para o
país, não precisamos de cargos”, disse o governador, segundo o mesmo
parlamentar.
Nos últimos dias, integrantes do PT e do Palácio do Planalto pressionavam
para que o PSB entregasse os cargos. A presidente Dilma Rousseff não
escondeu sua irritação depois que Eduardo Campos reuniu-se recentemente
com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), em Recife, e fez críticas ao
governo. Mas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu
reservadamente que este não era o momento de hostilizar Eduardo Campos.
Nesta quarta, apesar de sair do governo, o PSB deve adotar uma
posição “respeitosa” a Lula e destacar a importância da Frente Popular, a
aliança criada em 1989 na primeira eleição que o ex-presidente
disputou.
Nas palavras de um integrante da comissão executiva do PSB, a decisão
de entregar cargos dará “dignidade” ao partido e aos próprios
ministros. “Fernando Bezerra e Leônidas Cristino estavam em uma situação
delicada no governo”, afirmou ao Blog esse membro da executiva.
A mesma fonte ressaltou que o anúncio da decisão do partido ocorrerá
em um dia simbólico, no qual o Supremo Tribunal Federal decidirá sobre
os embargos infringentes, que, se aceitos, poderão levar a um novo
julgamento de parte dos réus condenados.
“Jamais Eduardo Campos ficaria submisso ao governo por causa de
cargos. Coragem e ousadia são características do governador”, disse.
Apesar de entregar os cargos, o PSB não anunciará Campos como
candidato à Presidência da República em 2014. Mas o gesto é a primeira
etapa concreta de consolidação da candidatura.