Sob intervenção judicial desde o ano passado, a Casa do Estudante do RN (CERN) é mais um desses casos que explicitam nossa arrogância sobre o frágil.
O pensador francês Paul Ricœur, em seu livro O Único e o Singular, assinalou muito assertivamente nossa relação com o frágil. Pego emprestado dele – através de João Moreira Sales, em artigo na piauí.
“Onde há poder, há fragilidade. E onde há fragilidade, há responsabilidade. Quanto a mim, diria mesmo que o objeto da responsabilidade é o frágil, o perecível que nos solicita, porque o frágil está, de algum modo, confiado à nossa guarda, entregue ao nosso cuidado.”
O frágil tem o direito de existir.
Nós, o dever de protegê-lo.
Falhamos cotidianamente. Nortre Dame é a face global desse descuido. Percebam que lá só as pedras que erguem a catedral resistiram à desolação do incêndio.
Não há fragilidade na rocha.
Aqui, a governadora Fátima Bezerra decretou a formação de um grupo de trabalho para restaurar a CERN, que funciona em histórico prédio na Cidade Alta por onde passou importante episódio da história do Brasil (Intentona Comunista).
O trabalho junta 11 pastas do governo e convida duas instituições da organização civil.
É, sem dúvida, uma notícia animadora.
Torcemos para que não seja apenas um mero ato do Diário Oficial, especialmente porque a professora Fátima, como gosta de se cravar a governadora, invocou para si a responsabilidade do projeto.
O relatório final do que deve ser feito no grupo de trabalho deve ser entregue a ela.
O grupo tem prazo de 90 dias para reparar nossa irresponsabilidade sobre o frágil.
Que tem, repito, o direito de existir.
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