Os pastores que controlam um gabinete paralelo no Ministério da Educação pediram pagamentos em dinheiro e até em ouro em troca de conseguir a liberação de recursos para construção de escolas e creches, disse ao Estadão o prefeito do município de Luis Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB). Segundo o prefeito, o pastor Arilton Moura pediu o pagamento de R$ 15 mil antecipados para protocolar as demandas da prefeitura e mais um quilo de ouro após a liberação dos recursos. “Ele (Arilton Moura) disse: ‘Traz um quilo de ouro para mim’. Eu fiquei calado. Não disse nem que sim nem que não”, relatou o prefeito, que afirma não ter aceitado a proposta.
Segundo o prefeito, a conversa ocorreu em abril de 2021 durante um almoço no restaurante Tia Zélia, em Brasília, logo após uma reunião com o ministro Milton Ribeiro, dentro do Ministério da Educação. A reunião no ministério, fora da agenda oficial do ministro, foi uma das diversas solicitadas pelos pastores Arilton e Gilmar.
“Ele disse que tinha que ver a nossa demanda, de R$ 10 milhões ou mais, tinha que dar R$ 15 mil para ele só protocolar (a demanda no MEC). E na hora que o dinheiro já estivesse empenhado, era para dar um tanto, X. Para mim, como a minha região era área de mineração, ele pediu 1 quilo de ouro”, afirmou o prefeito Gilberto Braga ao Estadão. Na cotação de hoje, um quilo de ouro vale R$ 304 mil.
Em nota divulgada nesta terça-feira, o ministro disse que não privilegia os pastores e negou irregularidades e que o presidente Jair Bolsonaro tenha pedido atendimento preferencial a pastores na liberação de recursos para municípios. Ribeiro disse que desde fevereiro de 2021, foram atendidos in loco 1.837 municípios em todas as regiões do País, em reuniões “eminentemente técnicas”.
Deputados afirmam que vão acionar a Procuradoria-Geral da República para que o ministro seja investigado por suspeita de improbidade administrativa. O presidente da Comissão de Educação do Senado, Marcelo Castro (MDB-PI), anunciou que vai pautar, na quinta-feira (24), um requerimento para convocar o ministro e convidar o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Ponte, a dar explicações.
O Estado de São Paulo
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