Moradores de comunidade do Rio se preparam para receber o Papa



Na quinta-feira (25), o Santo Padre visita a comunidade de Varginha, no complexo de favelas de Manguinhos. Alguns moradores já sonham com a oportunidade de chegarem próximos do líder mundial da Igreja Católica.
Silva, Santos, Gomes, Ferreira, Oliveira. Nomes comuns do Brasil, famílias especiais. Porque estas são candidatas a receber o Papa em casa.
Na quinta-feira (25), o Santo Padre visita a comunidade de Varginha, no complexo de favelas de Manguinhos.
A região era marcada pela violência e por cracolândias até a ocupação pela polícia em outubro de 2012. Em janeiro deste ano, foi inaugurada uma Unidade de Polícia Pacificadora.
Setecentas e cinquenta comunidades poderiam receber o Papa. Dentro delas, tantos trajetos possíveis, tantas ruas. E a escolhida foi esta. Daqui a quatro dias, o Papa Francisco vai caminhar por aqui e, de surpresa, vai entrar por uma dessas portas.
Dona Amara Oliveira já está esperando na calçada.
Fantástico: Pronta para receber o Papa?
“Pronta, feliz e ansiosa”, conta dona de casa Amara Oliveira.
Num sonho, ela até já enxergou o Papa Francisco entrando por este portão.
O sonho da Dona Amara só tinha um problema: a mitra do Papa ficava entalada em um ferro que ela tem na entrada da casa. Mas mesmo com a cabeça descoberta, o Papa ficava encantado com tanta demonstração de fé.
O crucifixo foi polido e está enrolado em um plástico para não pegar poeira.
“Eu e minha casa serviremos ao senhor”, diz Dona Amara.
Dona Amara toma 14 comprimidos por dia. Coração, pressão, colesterol, articulações. Mas com uma visita tão importante, o corpo ganhou outro ânimo.
“Ainda tá aqui com 82, mas com força de 40”, conta Dona Amara.
O Papa Francisco já mora em um lugar de honra, ao lado de Nossa Senhora de Fátima. Mas se o homem da foto entrar de verdade na sala...
“O joelho cai no chão e o coração cai pela boca. Eu quero pegar a mãozinha dele assim e beijar, já pensou?”, agradece Dona Amara.
As sete famílias candidatas moram em uma extensão de 150 metros da Rua Carlos Chagas.
Cida e José Maurício Gomes estão dispostos a um pequeno truque para chamar a atenção do Papa: junto à camisa do Fluminense, pendurar outras cores, do time de coração do argentino Jorge Bergoglio.
“Eu tenho esperança de conseguir comprar uma bandeira muito grande do San Lorenzo para botar ali fora para atrair o olhar dele”, revela o carteiro José Maurício Gomes.
Mesmo visitando só uma família, o Papa vai passar muito perto de todos os moradores. Todas as casas estão de portas abertas. Manoel e Lúcia da Penha abriram a janela também.
“Se não vim na minha casa eu fico feliz. Nós ficaremos felizes. Porque através dessa casa que vai ser, a nossa vai ser abençoada”, acredita a dona de casa Lúcia da Penha.
Dona Rosa dos Santos tem família grande. Aqui, umas 20 pessoas vão ficar esperando por Francisco.
“Coração de mãe sempre cabe mais um, principalmente o Papa”, fala a Dona Rosa.
E os beijos que ganha do neto, Dona Maria Ferreira quer retribuir no Papa.
“Vou beijar ele. Vai beijar o Papa? Nem sei o que eu vou falar, vou é chorar, sou emocionada”, revela a dona de casa Maria Ferreira.
Mas em outra casa o Papa não vai ganhar nem abraço. Porque os moradores estão com os braços ocupados. Nenhuma outra casa da rua tem os enfeites que Shirlene e Jaílson da Silva acabaram de ganhar. As gêmeas Yasmin e Sophia chegaram há 12 dias.
“Vai ficar marcado: as meninas do Papa”, se diverte Jaílson.
E assim a comunidade espera: dividida entre as pessoas que sonham com a visita do Papa e aquelas que, mesmo quando ele chegar, vão continuar sonhando.

Do G1
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